Manaus, 19 de maio de 2024
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Manaus, 19 de maio de 2024

Esportes

Semenya perde, e controle de testosterona para corredoras é mantido

Para competir entre as mulheres, a atleta deverá apresentar um limite de testosterona de 5 nanomols por litro de sangue por um período de pelo menos seis meses.

Semenya perde, e controle de testosterona para corredoras é mantido

Foto: Reprodução

A corredora sul-africana Caster Semenya perdeu seu recurso perante a Corte Arbitral do Esporte (TAS, na sigla em inglês) contra as regras determinadas pela federação internacional de atletismo (IAAF) para controle de testosterona de atletas.

Foto: Reprodução

Em decisão divulgada nesta quarta (1º), por 2 votos a 1, a corte máxima do esporte manteve o entendimento da federação de que mulheres que têm níveis elevados do hormônio, ainda que produzido naturalmente, devem passar por tratamentos para reduzi-lo a fim de participarem de algumas provas femininas, como os 800 m, onde Semenya foi dominante nos últimos anos.

Para competir entre as mulheres, a atleta deverá apresentar um limite de testosterona de 5 nanomols por litro de sangue por um período de pelo menos seis meses.

De acordo com a IAAF, a maioria das mulheres, incluindo as atletas de elite, apresenta níveis de 0,12 a 1,79 nanomol por litro de sangue, enquanto entre os homens a presença normal é de entre 7,7 e 29,4 nanomols.

A regra do Comitê Olímpico Internacional para mulheres transexuais, que permitiu que a jogadora de vôlei Tifanny atuasse na Superliga, prevê um limite de 10 nanomols. A expectativa de especialistas na área é que essa decisão impacte também a discussão sobre a participação de pessoas transgênero no esporte.

O atletismo vem passando por reviravoltas sobre a questão há anos, especialmente quanto Caster Semenya passou a ser dominante nos 800 metros, prova na qual ela conquistou duas medalhas de ouro olímpicas (2012 e 2016) e três em campeonatos mundiais (2011, 2013 e 2017).
A sul-africana é a mais famosa das atletas com níveis naturalmente elevados de testosterona, uma condição conhecida como hiperandrogenismo.

Em sua decisão, o CAS afirma que por mais que a regulação seja discriminatória, “essa discriminação é um meio necessário, razoável e proporcional de alcançar o objetivo da IAAF de preservar a integridade do atletismo feminino”.

A entidade informou que a regulamentação valerá a partir de 8 de maio. Portanto, a próxima etapa da Liga Diamante, em Doha, na sexta (3), não será afetada pelo julgamento.

Por mais que a decisão tenha sido uma derrota para Semenya, a corte ressaltou a dificuldade de se estabelecer o controle hormonal e a preocupação com os possíveis efeitos colaterais dos tratamentos.

Recomendou ainda que a federação não aplique a restrição para a prova de 1.500 m até que haja mais evidências de que existe vantagem para mulheres com hiperandrogenismo nessa disputa.

A IAAF defende a restrição em provas de 400 m a 1.500 m. Nesta última, Semenya foi medalhista de bronze no último Mundial.

“Eu sei que as regulações da IAAF sempre se dirigiram a mim especificamente”, disse a corredora em um comunicado divulgado por seus advogados. “Por uma década, a IAAF tentou me atrasar, mas isso na verdade me fortaleceu. A decisão do CAS não me impedirá. Mais uma vez, vou superar e continuar a inspirar jovens mulheres e atletas na África do Sul e em todo o mundo.”

A CAS informou que divulgará nos próximos dias mais detalhes sobre a decisão. Por mais que a corte seja a última instância da Justiça esportiva, as partes podem recorrer ao Tribunal Federal da Suíça em até 30 dias.

 

 

*Informações retiradas da Folhapress