Bruno e Dom (Foto: Divulgação)
Brasília e Manaus – O ex-presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Marcelo Xavier, foi indiciado pela Polícia Federal, na tarde desta sexta-feira (19), pelo crime de omissão e a ausência de providências necessárias para combater a falta de segurança na região do Vale do Javari, que resultou nos assassinatos do indigenista brasileiro Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, no dia 5 de junho do ano passado.
De acordo com a PF, o ex-presidente da Funai foi notificado várias vezes sobre a falta de segurança da região e não tomou nenhuma providência, mesmo após o assassinato do servidor Maxciel Pereira dos Santos, morto com dois tiros na cabeça em 2019, no município de Tabatinga (à 1106 km de Manaus), região de fronteira do Amazonas com a Colômbia, conhecida por crimes de tráfico de drogas.
Durante sua gestão, Xavier foi diversas vezes acusado de perseguição e assédio moral contra os servidores da Funai, por medidas contrárias aos interesses de entidades indígenas e pela proximidade com representantes de garimpeiros, madeireiros e representantes do agronegócio.
Xavier e Bruno
Quando o então delegado da PF assumiu a presidência da Funai em 2019, o indigenista Bruno Pereira, que atuava como chefe da Coordenação-Geral de Índios Isolados e Recente Contato (CGIIRC), pediu para se afastar do cargo.
Com a mudança, ele passou a atuar na União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Unijava) e afirmava que obstáculos do governo Bolsonaro e da gestão de Xavier à frente da fundação o atrapalhavam para a continuidade de um trabalho em defesa dos povos indígenas, sobretudo os isolados.
Ex-vice também é indiciado
Além de Xavier, a Polícia Federal também indiciou o coordenador-geral de Monitoramento Territorial, Alcir Amaral Teixeira, que era responsável pela segurança dos territórios indígenas, que substituía Xavier no comando da Funai quando necessário.
Relembre o caso
O jornalista inglês Dom Phillips e o indigenista Bruno Pereira desapareceram no dia 5 de junho de 2022, nas proximidades da comunidade ribeirinha São Rafael e da cidade de Atalaia do Norte, no Vale do Javari, no oeste do estado do Amazonas.
A morte de ambos causou grande comoção nacional e internacional, pois eles eram defensores da natureza e de indígenas da região.
Muitos lembraram o assassinato de outras pessoas com atividades semelhantes, como Chico Mendes (1988, governo de José Sarney), a irmã Dorothy Stang (2005, governo de Lula da Silva) e tantos outros em casos de menor repercussão.
LEIA MAIS: Caso Dom e Bruno: OEA alega ‘grave risco’ e pede proteção a 11 integrantes da Unijava
Caso Dom e Bruno: Justiça concede liberdade a envolvido em mortes
Três suspeitos de ocultar corpos de Dom e Bruno são presos
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.
