Fumaça de queimadas originam doenças respiratórias, apontam especialistas

(Foto: Divulgação/ Del Lima)

Manaus (AM) – Mais uma vez, Manaus foi encoberta por fumaça de queimadas. Até o momento, não se sabe de onde veio. Além do calor causado pela nuvem de fumaça, outras complicações podem surgir como as doenças respiratórias. Para abordar o assunto, o Portal AM1 conversou com especialistas que indicaram como se proteger das doenças.

De acordo com o infectologista Alexandre Souza, o contato com a fumaça de queimadas pode ocasionar alergias, pneumonias, asma, problemas cardiovasculares, bronquite, entre outras. Em crianças e idosos, segundo o especialista, os principais sintomas costumam ser tosse seca, falta de ar, dificuldades para respirar, ardência na garganta, rouquidão, dor de cabeça, vermelhidão nos olhos.

Para o infectologista Nelson Barbosa, devido aos sintomas citados anteriormente, as pessoas podem, inclusive, dependendo da situação, serem internadas em Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mas, antes que os sintomas piorem, Barbosa orienta buscar ajuda médica.

“O ideal é não deixar agravar. Se ela [pessoa] começar a sentir dificuldade de respirar, e teve contato com fumaça, procurar o especialista, que é o pneumologista. Mas, se a coisa estiver mais avançada, é melhor procurar uma emergência, urgente”, recomendou.

Cuidados

Para amenizar os riscos à saúde, na medida do possível, os especialistas dizem que é importante evitar o contato com as queimadas. Souza orienta que as pessoas mantenham uma boa hidratação, beber bastante água; manter os ambientes da casa e do trabalho, fechados.

Manter o ambiente o mais umidificado possível também é uma opção. Para isso, pode ser colocada uma bacia com água próximo de onde a pessoa dorme ou toalhas molhadas nas frestas das portas e janelas.

Outra recomendação para evitar o contato com a fumaça é o uso de máscara. Segundo Nelson Barbosa, embora o equipamento de proteção não seja 100% eficiente, “vai reter 80% do contato com a fumaça, ainda assim, a fumaça vai penetrar nas vias aéreas”.

O especialista também alerta para a automedicação. Devido aos sintomas, as pessoas costumam ingerir remédios indicados para tratar gripe, sendo que, na maioria das vezes, não é necessário.

“O médico tem que consultar, porque às vezes, pode ser só uma irritação. Se for o caso, pode ser [ingerido] um histamínico, antialérgico. Mas, o pneumologista só deve ser procurado quando o paciente tiver uma predisposição pulmonar. Quando for apenas irritação, qualquer médico pode receitar os medicamentos”, explicou.

Dados sobre aumento de doenças respiratórias

Um estudo da Fiocruz e do WWF-Brasil, publicado em 2021, mostrou que o Brasil gastou mais de R$ 1 bilhão com doenças respiratórias causadas pela fumaça de queimadas na região, e que as queimadas na Amazônia foram responsáveis pela elevação dos percentuais de internações hospitalares por problemas respiratórios nos últimos 10 anos (2010-2020).

Na época, a pesquisadora da Fiocruz, Sandra Hacon, disse que a fragilização do sistema respiratório tornou-se extremamente preocupante naquele cenário, no qual o mundo passava também por uma pandemia que causava problemas respiratórios.

Essa sobreposição, segundo ela, “sugere que a região da Amazônia Legal tenderá a ter seu sistema de saúde pressionado, já que as queimadas são mais intensas nos meses de seca, que se iniciam dentro de poucas semanas”, o que está acontecendo atualmente em 2023.

Proposta

O deputado federal Amom Mandel (Cidadania) disse, ainda no início da manhã desta quinta-feira (28), que estava com viagem marcada para vir a Manaus. Mas, por causa da nuvem de fumaça que encobre a capital do Amazonas, ele teve que cancelar.

Nas redes sociais, Mandel aproveitou para dizer que resolveu ficar em Brasília para “propor reuniões emergenciais nos ministérios para tratar do problema da fumaça em Manaus”.

(Foto: Reprodução/X-Twitter/Amom Mandel)

Questionado por um internauta sobre o que ele estava fazendo em prol do combate às fumaças de queimadas, Amom afirmou que está “no poder legislativo, e não no Executivo”, o que lhe impede de direcionar verbas para emergências como a que está ocorrendo no estado.