Manaus, 15 de maio de 2024
×
Manaus, 15 de maio de 2024

Cidades

FVS investiga suspeita de doença de Chagas após consumo de açaí no Amazonas

FVS-RCP está em visita técnica a Amaturá, onde foram notificados 12 casos

FVS investiga suspeita de doença de Chagas após consumo de açaí no Amazonas

Foto: Eduardo Prado /FVS-AM

A Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Drª Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), instituição vinculada à Secretaria de Estado de Saúde do Amazonas (SES-AM), alerta para a prevenção de doença de Chagas, por meio da manutenção de boas práticas de higiene na manipulação de açaí.

Foto: Divulgação/FVS

As boas práticas aplicadas de forma adequada, desde a coleta, higienização e processamento do fruto, previnem a contaminação do açaí com o agente causador da doença de Chagas, o protozoário parasita Tripanossomo cruzi, que é transmitido pelas fezes do inseto triatomíneo, conhecido popularmente como “barbeiro”.

Leia mais: Amazonas não registra reações adversas graves em crianças vacinadas contra covid, diz FVS

A diretora-presidente da FVS-RCP, Tatyana Amorim, destaca que o “barbeiro” se alimenta de sangue de animais mamíferos que possam ter ninhos próximos ao açaizeiro, caindo, ocasionalmente, nas palmeiras de açaí. “O açaí é um alimento de grande importância nutricional e bastante difundido na região amazônica. Para que o produto esteja adequado para consumo, é fundamental a prática de cuidados sanitários”, afirma Tatyana. 

Foto: Divulgação/FVS

O chefe do Departamento de Vigilância Sanitária (Devisa) da FVS-RCP, Jackson Alagoas, acrescenta que o fruto do açaí, quando retirado da árvore, deve ser muito bem higienizado. “É importante que sejam seguidas boas práticas de preparo desse alimento, desde a coleta, o processamento em local e com utensílios adequados de forma a garantir práticas de higiene”, disse Jackson.

Jackson acrescenta que cabe às vigilâncias sanitárias municipais, às pessoas que trabalham com a produção do suco do açaí, ou que obtém esse alimento para o consumo próprio, observar esses cuidados de higiene básica, para que seja prevenida qualquer contaminação de doença de Chagas e, também, de outras contaminações relacionadas à água e ao processo de produção de alimentos.

Leia mais: FVS confirma 309 casos de influenza em Manaus e distribui 173 mil kits de antiviral

Amaturá 

Em Amaturá (a 909 quilômetros de Manaus), uma equipe técnica investiga a ocorrência de casos da doença de Chagas na comunidade Caturiá, zona rural do município, após o consumo de açaí. Os técnicos são integrantes da FVS-RCP e Fundação de Medicina Tropical – Doutor Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD). Até esta segunda-feira (09/05), foram notificados 12 casos da doença no município.

Segundo o chefe do Departamento de Vigilância Ambiental (DVA) da FVS-RCP, Elder Figueira, as investigações da equipe técnica já detectaram que 34 moradores tinham consumido o suco de açaí, o qual tinha sido produzido artesanalmente na comunidade. “Esses moradores foram submetidos ao exame de gota espessa, foram revisadas as lâminas já feitas e 22 casos foram descartados”, detalha.

Doença de Chagas 

A doença de Chagas é uma doença infectoparasitária febril aguda, que passou a ser uma preocupação a mais entre todas as doenças febris que se manifestam de maneira endêmica na Amazônia.

Leia mais: Serafim compartilha dados de vacinação do interior e é desmentido por prefeitura e FVS

“A doença de Chagas tem se apresentado em diversos surtos epidêmicos em locais distintos da Amazônia, caracterizando-se por uma doença febril seguida por inchaços, edemas, sinais e sintomas de doenças cardíacas e que, muitas vezes, se transforma numa doença prolongada”, destaca o infectologista Antonio Magela, da FMT-HVD.

Ainda segundo o infectologista, o tratamento da doença de Chagas é muito específico que deve ser realizado sob estrita orientação médica, para evitar que a doença evolua para a forma crônica, acometendo o coração, esôfago e intestino, quando a doença passa a não ser curável. “Por isso, essa necessidade de um trabalho de uma equipe interdisciplinar para fazer o diagnóstico”, encerra o infectologista.

*Com informações da assessoria