Manaus (AM) – O prefeito de Manacapuru, Beto D’Ângelo (Republicanos), afirmou nesta segunda-feira (9) que manterá o show do cantor Zé Vaqueiro, pois “não pode parar a cidade” por um fenômeno que ocorre todos os anos. O show custará aos cofres públicos o montante de R$ 490 mil em meio ao período da seca histórica.
Na última semana, o Tribunal de Contas do Estado do Amazonas (TCE-AM), concedeu o prazo de 48 horas para que o prefeito se manifestasse sobre a contratação, sob pena de suspensão do show. A decisão foi publicada no Diário Oficial Eletrônico de quinta-feira (5) em edição extra.
A reportagem do Portal AM1 entrou em contato com o chefe do Executivo municipal para questionar se estava mantida a apresentação do cantor ou não – que deve ocorrer no próximo dia 14 deste mês, na I Feira Agropecuária de Manacapuru (Expomanacá 2023).
“Nós estamos falando de administração pública, ela é contínua, ela é perene. Você não pode parar uma cidade por um fato [seca] que todos os anos acontece. Esse ano é forte. A estiagem é grande, mas nós não temos um desastre, não temos vítimas fatais ou coisas parecidas. Nós temos pessoas que estão precisando de apoio”, disse o prefeito à reportagem.
D’Ângelo também destacou que, ao cancelar o show, a cidade teria um “prejuízo maior”, uma vez que vários setores como o comércio e hotelaria já se programaram para a festa. Ele ainda frisou que, desde o dia 27 de setembro, está levando ajuda humanitária às comunidades afetadas pela vazante dos rios.
“Se eu tenho saúde financeira para arcar [ajudar], como estou fazendo desde o dia 27, eu estou honrando também meu compromisso com o evento, porque ele já estava previsto. Os contratos foram assinados e pagos. O prejuízo é ainda maior se eu deixar de fazer a festa”, disse.
Questionado sobre o montante de quase meio milhão de reais destinado ao cantor, ele respondeu que o cancelamento do evento acarretaria em um prejuízo ainda maior para a cidade, que possui quase 100 mil habitantes, segundo dados do último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ajuda
Diante das críticas, o prefeito defendeu sua posição, argumentando que a Prefeitura já está ajudando, desde aquela data, atendendo mais de 2 mil famílias em comunidades ribeirinhas do município.
Ele ainda enfatizou que as ajudas começaram antes mesmo de o governo do Amazonas decretar estado de emergência ambiental – que ocorreu no dia 29 de setembro.
“São mais de 2 mil famílias assistidas, cerca de 20 comunidades, sendo atendidas com alimentos, cestas básicas e água potável”, disse o prefeito.
Ajuda federal
Manacapuru deve receber, do governo federal, um montante que chega a R$ 9,7 milhões de recursos para ajudar a cidade no enfrentamento do período de seca, que é considerada uma das mais severas do Amazonas.
O prefeito disse ao portal que ainda “não recebeu nada” e acredita que o valor só deva cair nas contas da prefeitura em um período de seis meses a um ano.
“Ficou previsto R$ 2 milhões para ajuda humanitária. Até agora, nós apenas enviamos as propostas para lá [Brasília] como ficou decidido na reunião com os ministérios, mas, até o momento, não veio nenhum centavo. Tudo que está sendo feito é com recursos municipais”, ressaltou o prefeito.
Manacapuru receberá R$ 3,850 milhões para a saúde; R$ 3,850 milhões para a infraestrutura, além de R$ 2 milhões para a compra de cestas básicas, água potável e combustível.
Deste valor, R$ 2 milhões devem ser enviados de forma imediata ao município. Porém, o restante só deve ser liberado quando a Prefeitura de Manacapuru fizer um cadastro de ajuda humanitária.
O valor é resultado de audiências públicas feitas em Brasília, na semana passada, com ministros do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Os valores serão destinados às áreas de saúde, infraestrutura e ajuda humanitária.
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