Manaus, 13 de maio de 2024
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Cenário

Prefeitos do AM já gastaram quase R$ 1 milhão em cachê para Zé Vaqueiro

Mesmo com o Amazonas em situação de emergência, três municípios já contrataram o cantor Zé Vaqueiro para shows no mês de outubro.

Prefeitos do AM já gastaram quase R$ 1 milhão em cachê para Zé Vaqueiro

(Foto: Redes Sociais- Clipe Zé Vaqueiro/Prefeitura de Parintins)

Manaus (AM) – Mesmo com o estado do Amazonas em situação de emergência por conta da seca histórica, que afeta muitos municípios, algumas prefeituras municipais têm gastado em cachês de quase meio milhão de reais ao cantor de forró, Zé Vaqueiro. Ao todo, divulgado até o momento, já foram R$ 950 mil só durante o período de calamidade.

O contrato mais recente que foi divulgado pelo Diário Oficial Eletrônico (DOE) dos Municípios foi feito pela Prefeitura de Manacapuru (a 99 quilômetros de Manaus). O cantor Zé Vaqueiro foi contratado pelo valor de R$ 490 mil, por meio de uma Ratificação de Inexigibilidade de Licitação, para realizar seu show na I Feira Agropecuária de Manacapuru.

No evento que vai ocorrer entre os dias 11 e 15 de outubro, no Centro Cultural Parque do Ingá, Zé Vaqueiro deve se apresentar no dia 14. Além do cantor, a cover da Marília Mendonça, a cantora Jéssica Lima, Wanderley Andrade, Dieguin Damasceno e Deal também vão se apresentar.

O Portal AM1 tentou contato com o gabinete do prefeito do município, Beto D’Ângelo (Republicanos), para questionar as prioridades da cidade no momento, e como devem lidar com a seca do estado, porém, não houve retorno; espaço segue aberto para respostas.

Tabatinga

No fim de outubro, há a previsão para Zé Vaqueiro retornar para o Amazonas, desta vez, para um dos municípios que já estava em situação de emergência devido à estiagem, Tabatinga (a 1.106 quilômetros de Manaus).

Contudo, a realidade da população não fez com que o prefeito Saul Nunes Bemerguy (MDB) deixasse de contratar o cantor Zé Vaqueiro por R$ 500 mil e a cantora Márcia Fellipe por R$ 250 mil como as atrações do IX Festisol, previsto para acontecer no dia 30 de outubro.

Também questionado pelo reportagem sobre as prioridades do município, em nota, a prefeitura informou que a contratação dos cantores é parte de um planejamento financeiro feito anualmente e “não irá, de forma alguma, prejudicar outras atividades essenciais” para o município.

“Quanto à situação de alerta devido à estiagem do Rio Solimões, a Defesa Civil vem acompanhando a progressão e adotando as medidas técnicas cabíveis, inclusive contando com plano de contingência e ações emergenciais”, diz um trecho da nota.

Parintins

Um dia após o show em Manacapuru, o cantor deve seguir para a Ilha da Fantasia, Parintins, no dia 15 de outubro para ser a atração principal do aniversário de 171 anos do município. O anúncio foi feito informalmente no último sábado, dia 23, pelo prefeito da cidade, Frank Bi Garcia (UB).

A contratação ainda não foi divulgada no DOE dos municípios, mas com a média dos cachês dos últimos shows para outros municípios, espera-se que seja em torno de R$ 400 a R$ 500 mil. Caso o valor seja nessa faixa, o cantor vai ter ultrapassado o valor de R$ 1 milhão recebido pelas prefeituras dos municípios do Amazonas.

Alvarães e Rio Preto da Eva

No início do ano, enquanto o estado ainda não estava em situação de emergência, o cantor já veio ao Amazonas contratado para shows em Alvarães (a 531 quilômetros de Manaus), e Rio Preto da Eva (a 80 quilômetros da capital).

O aniversário de Rio Preto da Eva também teve a presença do cantor no dia 2 de abril. Porém, o valor da contratação de Zé Vaqueiro não foi divulgado.

Em Alvarães, o prefeito Lucenildo de Souza (PSC) contratou Zé Vaqueiro por um contrato sem licitação, e com isso, também não foi divulgado o valor do cachê do cantor.

Caso Alvarães e Rio Preto da Eva tenham pagado a mesma faixa que está sendo paga pelos prefeitos no mês de outubro, o cantor já teria, supostamente, recebido um valor superior a R$ 2 milhões pelos prefeitos do estado.

Análise da situação

O cientista político Carlos Santiago já havia explicado para a reportagem que, na situação dos municípios do Amazonas, “há uma precariedade enorme na área da saúde, educação, da destinação correta do lixo”.

O especialista lembrou, ainda, que, por conta da estiagem, deve ser feita uma análise na administração pública por órgãos de controle do Estado para avaliar o que seria necessário ou não ao município nesse período de dificuldades.

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