Manaus, 20 de maio de 2024
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Manaus, 20 de maio de 2024

Política

Juiz autoriza concessão de Título de Cidadão Amazonense a presidente Bolsonaro

A legalidade da outorga foi contestada em ação ingressada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL)

Juiz autoriza concessão de Título de Cidadão Amazonense a presidente Bolsonaro

Foto: Isac Nóbrega/PR/ Fotos públicas

MANAUS, AM – A Justiça do Amazonas considerou legal o título de Cidadão do Amazonas aprovado na Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM), que será entregue ao presidente Jair Bolsonaro, nesta sexta-feira (23).

A decisão foi do juiz Francisco Carlos de Queiroz, da 14° Vara Cível e de Acidentes de Trabalho em Plantão Judiciário. A legalidade da outorga foi contestada em ação ingressada, nessa quinta-feira (22), pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL). A ação contra o Estado do Amazonas e a ALE-AM pedia que fosse impedida a concessão do título ao presidente Bolsonaro, e a realização da respectiva cerimônia de homenagem.

A decisão foi proferida ainda na quinta-feira, no processo nº 0648838-02.2021.8.04.0001, considerando a ausência dos requisitos legais e necessários à concessão do pleito antecipatório requerido na inicial, conforme o artigo 300, caput, do Código de Processo Civil.

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Na ação, o requerente alega a ocorrência de vício formal no projeto de Lei Ordinária n° 187/2021, que concede ao Presidente da República o título ao Presidente, sob o argumento de infringência à Resolução Legislativa nº 71/1997 da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas.

Mas, segundo o magistrado, a concessão de título de cidadão honorário está listada nas competências e atividades do Poder Legislativo, e tal honraria é prestada observando-se a grande margem de liberdade e discricionariedade de atuação do Legislativo estadual. E, assim como os atos administrativos, os legislativos possuem requisitos elementares, como competência, finalidade, forma, motivo e objeto; e no Direito Administrativo, tais elementos devem ser apreciados de forma individual, evidenciando que o motivo e o objeto constituem o chamado mérito administrativo, explica o juiz.

O juiz Francisco Queiroz segue afirmando que, “ao Poder Judiciário não cabe intervir no mérito administrativo (motivo e objeto), tampouco avaliar o aspecto político das deliberações tomadas pelos Legisladores Estaduais, vez que estes aspectos possuem relação aos elementos de oportunidade e conveniência, cuja análise jurisdicional é vedada, restringindo-se apenas aos requisitos de legalidade ou legitimidade, os quais sequer foram perqueridos na peça de ingresso, muito embora, mesmo que assim o fossem, ambos claramente restaram observados e respeitados pela ALEAM”.

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Por fim, o juiz avalia que a parte requerente equivoca-se ao aduzir que a afirmação positiva do Legislativo Amazonense estaria inquinada de “vício de formalidade”, pois a questão deduzida nestes autos envolve tão somente a discricionariedade facultada aos representantes do povo perante a Casa de Leis deste Estado.

“Fincado nestas premissas, denoto que a apreciação da matéria posta a exame deste Juízo é inerente ao exercício das funções do Poder Legislativo, sendo portanto questão a ser resolvida interna corporis, a qual não cabe o controle judicial, tampouco observada sob o prisma da oportunidade, conveniência, ou mesmo sobre merecimento ou não do recebedor da honraria. É dizer, não cabe ao Poder Judiciário definir se a concessão de título de cidadão Amazonense é ou não adequada, trata-se de ato sobre o qual o Judiciário não pode se imiscuir, ante o princípio constitucional da separação dos poderes”, afirma o magistrado.

 

*Com informações da assessoria