Manaus, 27 de abril de 2024
×
Manaus, 27 de abril de 2024

Cenário

Líderes de igreja são investigados por compra de votos para deputados do AM

Conforme denúncia, igreja teria beneficiado o deputado estadual Felipe Souza (Patriota) e o deputado federal Fausto Júnior (UB)

Líderes de igreja são investigados por compra de votos para deputados do AM

Deputado Felipe Souza, Bispa Ana Rita e Ap. Braz Calderaro, e deputado Fausto Júnior (Foto: Redes Sociais/Aleam)

MANAUS – Os líderes da Igreja Evangélica Ministério Internacional Aliança de Milagres (MIAM), especificamente os apóstolos responsáveis pela instituição, serão investigados pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) por possível prática de corrupção eleitoral nas eleições do ano passado.

Conforme denúncia, eles teriam beneficiado os parlamentares Felipe Souza (Patriota) e Fausto Júnior (União Brasil), deputado estadual e federal, respectivamente. A informação pode ser consultada no Diário Oficial do órgão do último dia 13.

De acordo com a publicação, que trata da instauração de um “Procedimento Investigatório Criminal’, o MP recebeu uma denúncia a qual relatava que, por meio de um grupo do WhatsApp, a liderança da instituição evangélica estaria praticando crime de compra de votos.

O processo é o 06.2023.00000012-0 e foi aberto pela promotora de Justiça, Laís Rejane de Carvalho Freitas, no dia 16 de janeiro deste ano.

A promotora pede, no documento, que a Superintendência da Polícia Federal do Amazonas (PF-AM) seja oficiada para que instaure Inquérito Policial e realize algumas diligências, como verificar se a prática de compra de votos continuou, em algum direcionamento no 2º turno das eleições; realizar apuração acerca de possíveis testemunhas do fato na referida igreja; pesquisar no Sistema INFOSEG (Sistema Nacional de Informações de Segurança Pública) dados dos responsáveis pela igreja para serem identificados; coletar dados dos apóstolos e pesquisar nas redes sociais da igreja e dos apóstolos possíveis indícios da prática ilícita.

A promotora pede, ainda, na publicação, que seja juntada aos documentos da investigação uma captura de tela do link https://forms.gle/gbLSqtbjD9K1tsSg9. Ao entrar no endereço, ele se trata de um documento no Google por nome “Rumo à Vitória 2022”, especificamente um formulário em que seria preenchido o nome da pessoa, nome da mãe, entre outras informações.

O nome da pessoa que criou o arquivo é ‘Adonai Assunção’, que também é ligado à igreja, segundo pesquisas feitas pelo Portal AM1 nas redes sociais da igreja. A instituição investigada fica localizada na Avenida Santa Isabel, 1122, Cachoeirinha, zona Sul da capital.

A reportagem constatou também, por meio dos perfis oficiais da igreja, no Instagram e Facebook que o apóstolo Braz Calderaro e a bispa Ana Rita são os responsáveis pela ‘MIAM Church’.

Deputados

Fausto Júnior cumpriu um mandato de deputado estadual de 2019 a 2022, e nas eleições do ano passado, se candidatou ao cargo de deputado federal, conquistando pela primeira vez uma cadeira na Câmara dos Deputados.

Já Felipe Souza foi reeleito para o seu segundo mandato na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). Atualmente ele é ouvidor do Parlamento Estadual, líder do Patriota e líder do Governo na Casa Legislativa. Souza já foi deputado federal, após substituir o ex-deputado Arthur Bisneto, em dezembro de 2018 e também já foi vereador de Manaus.

No pleito do ano passado, Fausto foi eleito a deputado federal com 87.876 votos e Felipe foi reeleito a deputado estadual com 50.454 votos, o terceiro mais votado, entre os 24 deputados do Estado.

Os dois parlamentares são conhecidos por atuar e defender pautas chamadas ”conservadoras”, como a defesa da família tradicional, entre outros temas.

O Portal AM1 entrou em contato com a assessoria de comunicação dos deputados para saber se eles já tinham conhecimento da abertura da investigação criminal. Souza afirmou, por meio de sua assessoria, que ainda não havia sido notificado e que “está à disposição para prestar quaisquer esclarecimentos ao MP-AM”.

Entramos em contato com dois contatos diferentes da assessoria de Fausto Júnior, mas nossa solicitação não foi respondida até o fechamento da matéria.

Nossa equipe também tentou conversar com os líderes da igreja-alvo da investigação do MP, por meio de contatos disponibilizados nas redes sociais, além de enviarmos mensagens no perfil do Instagram da instituição e no pessoal do apóstolo responsável, mas também não obtivemos sucesso. O espaço segue aberto para esclarecimentos.

Resposta dos advogados de defesa

Em nota, os advogados de defesa afirmaram que o apóstolo recebeu a notícia com “surpresa” e que o religioso não foi notificado formalmente. A nota afirma, ainda, que o Ministério Público pediu arquivamento do processo por falta de provas. Leia a nota na íntegra.

“Considerando à reportagem veiculada em 14/03/2023, por este Portal de Notícias, que
trata da Portaria de Instauração n. 0001/2023/MPE/58ªZE, do Ministério Público do Estado do
Amazonas, publicada no Diário deste Órgão em 13/03/2023, tendo como principal providência a
“apuração de eventual prática de corrupção eleitoral praticado por apóstolos responsáveis pela igreja MIAM”.

O Apóstolo recebe a notícia com surpresa, ratificando que não fora notificado formalmente de eventual apuração, ainda, aponta que os mesmos termos do que se tem como objeto deste Procedimento Investigatório, já se encontra devidamente apurado pelo Ministério Público Federal em Processo Eleitoral junto ao Tribunal Regional Eleitoral do Amazonas sob o Nº. 0602322- 55.2022.6.04.0000, que se encontra baixado desde 09/11/2022.

Ressalte-se, na apuração do Processo citada acima, o próprio Ministério Público Federal, sob a 1ª Procuradoria Eleitoral Auxiliar, requisitou o Arquivamento deste para que fosse julgado Sem Resolução do Mérito, com base na Falta de Provas e pela Falta do Interesse de Agir.

Por fim, mesmo observando a duplicidade dos atos, se coloca inteiramente à disposição das autoridades para mais uma vez esclarecer eventuais situações.”

Matéria atualizada quinta-feira (16), para acrescentar a nota da defesa.

LEIA MAIS: