
(Foto: Emerson Lamego/ROBERVALDO ROCHA)
Manaus (AM) – Na sessão plenária desta terça-feira (18), a Câmara Municipal de Manaus (CMM) foi palco de um acalorado debate entre base e oposição ao prefeito sobre os desafios do saneamento básico e da moradia na capital do Amazonas. O foco das discussões foi a gestão dos resíduos sólidos e a manutenção dos espaços públicos, temas que dividiram as opiniões dos vereadores.
O vereador Raulzinho (Agir), da base governista, defendeu que o descarte irregular de lixo em igarapés e em “lixeiras viciadas” (pontos de descarte inadequado) é um problema cultural, e não somente de gestão pública. Ele tentou isentar o Executivo municipal da responsabilidade pela limpeza e manutenção desses locais, argumentando que a mudança de comportamento da população é essencial para resolver a questão.
“Eu moro em uma comunidade onde muitas pessoas constroem e jogam entulho em bueiros. Não há prefeito no mundo que possa resolver uma questão cultural. É cultural jogar lixo em qualquer lugar, é cultural jogar lixo em lixeiras viciadas. No meu primeiro mandato, criei 32 jardins ecológicos em lixeiras viciadas com recursos próprios. Elas acabaram. Eu fazia os jardins, e depois as pessoas me ligavam pedindo para eu limpar, pois não tinham coragem de limpar um simples mato. Muitos jardins se perderam, apesar de todo o esforço que eu e minha equipe fizemos para conscientizar [a população]”, afirmou Raulzinho.
O parlamentar também questionou o papel da oposição, sugerindo que os vereadores críticos ao governo municipal deveriam cobrar mais ações do governo do estado.
“Imaginem se a prefeitura cruzasse os braços. Como estaria a situação de quem mora nas margens dos igarapés? Como estaria a drenagem nas proximidades desses cursos d’água? O igarapé assoreia, a água volta e invade as casas das pessoas, causando problemas aos moradores. Se não é obrigação da prefeitura, nem do vereador, é obrigação dos deputados estaduais. […] Ao longo dos mandatos de vários vereadores nesta casa, sempre acontece a mesma coisa: a oposição cobrando da prefeitura coisas que não são de sua responsabilidade, enquanto se omite, de alguma forma, de cobrar o governo do estado”, criticou.
Em resposta, o vereador Coronel Rosses (PL), da oposição, rebateu as afirmações de Raulzinho, argumentando que o problema é fruto da falta de investimento do Executivo municipal na área ambiental. Para ele, a prefeitura tem papel fundamental na gestão do saneamento e na manutenção dos espaços públicos, e a omissão nesses setores agrava os problemas enfrentados pela população.
“Quando eu vejo o problema de estrutura, de falta de saneamento, falta de vergonha na cidade de Manaus, diz respeito a um problema cultural, daqui a pouco o governo Lula vai estar repassando verba para a Lei Rouanet para reparar um problema tão sério, que é de falta de vergonha na cara”, disparou o vereador da ala bolsonarista e de posição ao prefeito David Almeida (Avante).
Já o vereador Zé Ricardo (PT) afirmou que a responsabilidade pela limpeza e sustentabilidade dos igarapés em Manaus é da prefeitura.
“Queria só me ater às suas palavas sobre a responsabilidade dos igarapés. Sabemos que leitos de rios e igarapés têm uma legislação própria. A realidade de Manaus é que os igarapés estão poluídos e aí vem o papel da prefeitura: saneamento, a questão do esgoto que não é tratado, tudo vai para os igarapés. O esgoto é responsabilidade da prefeitura, a questão do resíduo sólido, do lixo espalhado pela cidade. Não temos uma política de reciclagem, de coleta seletiva em Manaus; aí chove e o lixo vai todo para os bueiros, que são quase três mil bueiros sem tampa. Tudo isso é papel da prefeitura. Se a gente ver, a questão da limpeza em geral é responsabilidade da prefeitura. Acho que é preciso assumir isso, e sim, a prefeitura tem que ter um planejamento em torno disso”, argumentou.
O debate evidenciou a complexidade do tema, que envolve não apenas a gestão pública, mas também a conscientização da população e a necessidade de ações integradas entre município e Estado.
Enquanto a base governista defende que a mudança de hábitos é essencial, a oposição cobra mais investimentos e políticas públicas eficientes para resolver os problemas crônicos de saneamento e moradia em Manaus.
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