Manaus, 19 de abril de 2024
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Manaus, 19 de abril de 2024

Política

Bolsonaro e Lula apostam em Michelle e Janja para conquistar votos

O cientista político Carlos Santiago afirmou ao Portal AM1 que a tentativa dos candidatos é uma tradição na política, em que a mulher passa uma imagem de que o candidato é um bom marido

Bolsonaro e Lula apostam em Michelle e Janja  para conquistar votos

Foto: Reprodução

Manaus, AM – Adversários declarados, o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Lula (PT) podem defender ideologias diferentes, mas utilizam entre as estratégias de campanha uma “sacada” poderosa de marketing para conquistar votos e ganhar vantagem na corrida política: as companheiras.

De um lado, a primeira-dama Michelle Bolsonaro, e do outro lado a noiva do petista, Rosângela da Silva, a Janja, se destacam entre o cenário político muito mais do que companheiras dos candidatos. A primeira-dama, por exemplo, é a personagem principal do governo federal para estrelar campanhas infantis, além de ser a “modelo” que as mulheres brasileiras devem seguir.

Já a noiva do ex-presidente Lula, ”Janja”, como é conhecida, tem se empenhado em ser uma voz ativa nas articulações do PT com movimentos feministas, além de tentar estreitar a relação com artistas. A noiva de Lula ainda é envolvida em causas animais que, “por coincidência”, têm sido pauta de discussões no PT, que pretende dar espaço para o assunto durante a campanha presidencial de Lula.

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Com a mesma estratégia de conquistar os votos do público feminino, os conselheiros do presidente já carimbaram Michelle para ser a figura feminina do governo. No entanto, a garota-propaganda só deve aparecer em eventos em ambientes fechados, como entregas de honraria, lançamentos de honraria, eventos religiosos, entre outros.

Bolsonaro
Foto: Alan Santos/PR

Já em comícios, a imagem da primeira-dama deve ser preservada, uma vez que grande parte do eleitorado de Bolsonaro é composto por homens. Além disso, também é uma forma de evitar que Michelle sofra atentados, como ocorreu com o presidente durante a campanha eleitoral em 2018.

Do lado esquerdo

Por meio das redes sociais, Janja compartilha os “feitos” do noivo Lula, além de debater sobre os assuntos defendidos pelo PT, o que também é feito por Michelle. Com as redes sociais voltadas para Lula, ela tem se colocado cada vez mais em destaque para apoiar causas do meio animal e, é claro, levar o amado junto. E vice-versa.

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Foto: Reprodução / Twitter

A bandeira levantada por ela tem feito o PT caminhar cada dia mais por essa pauta. Em outubro do ano passado, por exemplo, a sigla criou um setor para tratar do tópico com exclusividade. Além disso, já tramitam no Congresso projetos de lei sobre a criação de um sistema de proteção e defesa de bem-estar animal, além de um Sistema Único de Saúde e um Serviço de Atendimento Móvel de Urgência para animais.

Se de um lado Bolsonaro aposta em Michelle para campanhas infantis, do lado esquerdo Lula tem colocado cada vez mais a noiva em destaque. Durante o encontro setorial do partido sobre causa animal, Janja foi nomeada “embaixadora” dos direitos animais, além de receber um diploma assinado com as patinhas do cachorro adotado pelo casal.

Figura feminina na política

Conforme explicou o cientista político Carlos Santiago, o Brasil possui uma tradição na política em que a mulher está em segundo plano, quando aparece ao lado do marido em uma campanha eleitoral. Com isso, é uma forma mais de reforçar a imagem do candidato como um bom marido, um bom pai, do que realçar as qualidades da mulher.

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“Quando o Lula e Bolsonaro utilizam as suas mulheres, tem um fundo muito de marketing em torno disso. Até porque, uma vez eleitos, as suas companheiras serão a primeira-dama do país, simbolizando uma figura materna, de acolhimento e de pregação do social. São essas as características que sempre foram das primeiras damas do país”, explicou.

Foto: Reprodução

Ainda de acordo com ele, a figura feminina é usada por “caciques políticos” para “embelezar” a chapa, e reforçar a figura masculina para passar uma imagem positiva para a população.

“A mulher continua com a figura de mãe acolhedora e da assistência social, em um país que apenas uma mulher se coloca como candidata à Presidência da República, sendo que 50% do eleitorado brasileiro é composto de mulheres. É muito pouco uma só candidata diante da importância social, política e econômica da mulher”, disse.

De qual das duas o eleitor gosta mais? Veremos.