Manaus, 18 de abril de 2024
×
Manaus, 18 de abril de 2024

Brasil

Mais de 20 milhões passam fome no Brasil e favelas dobram em 10 anos

Pandemia e crise econômica ampliaram insegurança alimentar; crescimento de favelas reflete aumento da pobreza na última década

Mais de 20 milhões passam fome no Brasil e favelas dobram em 10 anos

Foto: Reprodução Fotos Públicas

Com a crise econômica agravada pela pandemia, quase 20 milhões de brasileiros dizem passar 24 horas ou mais sem ter o que comer. Mais da metade (55%) da população brasileira sofria de algum tipo de insegurança alimentar em dezembro de 2020.

Leia mais: Lei das sacolas: pressa, atropelos e polêmica na CMM

Além disso, as condições econômicas do país, a redução da renda da população e o desemprego trouxeram como resultado o dobro das favelas no Brasil em 10 anos. As informações foram divulgadas em reportagem da Folha de S.Paulo.

Dados sobre insegurança alimentar fazem parte do estudo “Inquérito Nacional sobre Insegurança Alimentar no Contexto da Pandemia da Covid-19 no Brasil” da Rede Pessan (Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional).

Segundo a pesquisa, 116,8 milhões de brasileiros não tinham acesso pleno e permanente a alimentos. Desses, 43,4 milhões (20,5% da população) não contavam com alimentos em quantidade suficiente (insegurança alimentar moderada ou grave) e 19,1 milhões (9% da população) estavam passando fome (insegurança alimentar grave).

Realizada em 1.662 domicílios urbanos e 518 rurais, a pesquisa coletou os dados de 5 a 24 de dezembro de 2020, antes da disparada da inflação nos últimos meses – o que provavelmente piorou o cenário de aumento da insegurança alimentar.

Uma pesquisa do PoderData – divulgada em abril – mostrou que 36% dos brasileiros dizem ter passado fome ou comido menos durante a pandemia. Essa é a soma do percentual dos que dizem ter deixado de fazer refeições (7%) com o dos que passaram a comer menos do que o de costume (29%) nesse período.

O aumento da inflação e a crise econômica reduziram o poder de compra e a renda das famílias mais pobres e empurraram mais pessoas para a pobreza, ampliando também a insegurança alimentar.

Em 2021, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação das famílias, deve fechar o ano com alta acumulada de 8,59%, segundo o Boletim Focus divulgado pelo Banco Central na última segunda-feira (11).

A inflação oficial acumulada do fim de 2014 a setembro de 2021 foi de 47,5%. Com piora em todos os anos desde 2014, a pobreza extrema no Brasil (renda domiciliar per capita inferior a R$ 261, pelo critério da FGV Social) atinge, hoje, 27,4 milhões de pessoas.

Aumento de favelas

Segundo dados preliminares do IBGE, o total de “aglomerados subnormais” foi de 6.329 em 323 municípios para 13.151 em 734 cidades de 2010 a 2019.

O IBGE classifica os aglomerados subnormais como uma forma de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia – públicos ou privados – para fins de habitação em áreas urbanas e, em geral, caracterizados por um padrão urbanístico irregular, carência de serviços públicos essenciais e localização em áreas com restrição à ocupação.

A identificação dos Estados e municípios com maior proporção de domicílios em Aglomerados Subnormais sinaliza uma maior vulnerabilidade social com possíveis consequências para os serviços de saúde e assistência social no caso do alastramento da covid.

Um levantamento com dados da SMS-RJ (Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro), por exemplo, apontou que as favelas do Rio lideraram casos de covid durante avanço da variante delta. Os dados de casos confirmados por CEP apontam que 17 dos 20 endereços com mais registros da doença entre junho e setembro de 2021 ficam em comunidades.

Apesar da proliferação de precarização habitacional ser comumente associada às favelas presentes nas grandes cidades como Rio de Janeiro (19,27% do total de casas) e São Paulo (12,91%), dados do IBGE mostram que o fenômeno ocorre em grande proporção em cidades pequenas como Vitória do Jari, no Amapá, (74%) e em outras capitais da Região Norte como Belém (55,5%) e Manaus (53,37%) e Nordeste, como Salvador (41,83%).

No Sudeste, o Estado do Espírito Santo, além da sua capital, Vitória (33,15%) possui o 2º maior percentual de estimativa de domicílios em Aglomerados Subnormais na escala estadual (26,1%), atrás somente do Amazonas, na Região Norte, com 34,59%.

(*) Com informações do Poder360

Acompanhe em tempo real por meio das nossas redes sociais: Facebook, Instagram e Twitter