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MANAUS, AM – Irregularidades na gestão do prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), foram as protagonistas em mais um escândalo na administração municipal, aumentando a coleção do gestor, em apenas 8 meses de trabalho. Relembre toda a celeuma envolvendo a Prefeitura de Manaus e outros órgãos públicos da capital desde o início do ano.
O último e mais recente escândalo trata-se do residencial Cidadão Manauara 2, do qual a entrega ocorreu na última quarta-feira (18), com a presença do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e outros políticos de direita do Amazonas.
Curiosamente, entre os 500 contemplados no programa social, estão, pelo menos, três parentes de Fernanda Aryel Almeida, filha do prefeito. Na lista, aparecem os nomes de Suellen Fernandes Rodrigues, Surreila Fernandes Rodrigues e Dayane Sabrina Rodrigues de Oliveira, apontadas como tias e prima de Fernanda, respectivamente.
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Todas elas, aliás, com seus nomes na folha de pagamento da Prefeitura de Manaus com salários que superam a renda exigida para participar da seleção do residencial.
O escândalo, inclusive repercutiu até no Jornal Nacional, na edição dessa sexta-feira (21), e rendeu uma reportagem de 3 minutos.
2- Nomeações de ex-vereadores
Mas, logo no início da sua gestão, em janeiro, ocorreu que David assinou a nomeação de diversos servidores comissionados da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos (Manauscult). Entre eles, o ex-vereador e assessor técnico Marisson Roger.
O prefeito também nomeou os ex-vereadores Carlos Portta, Reizo Castelo Branco, Elias Emanuel e Fabrício Lima para cargos de diretoria na pasta, comandada por Alonso Oliveira, também ex-vereador.

As nomeações não passaram despercebidas e a população reagiu de forma negativa, levando David a exonerar o trio dois dias depois, em 22 de janeiro. Fabrício Lima, por sua vez, permanece na função, assim como Marisson Roger.
Além dos ex-vereadores, a mulher do vice-governador Carlos Almeida Filho, Tarciana Almeida foi nomeada para atuar na Casa Civil. Anteriormente, ela havia sido nomeada para o cargo de diretora de Área, integrante do Conselho Municipal de Cultura, órgão vinculado à Manauscult (Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Eventos).
3- Fura-filas
Ainda no início do ano, Manaus recebeu os primeiros lotes de vacinas contra a covid-19, dando início ao cronograma de imunização na cidade. O que parecia ser esperança para milhares de pessoas virou uma oportunidade para aproveitadores. O chefe do Executivo fez o país virar os olhos para o esquema de fura-filas da vacinação contra a covid-19, na capital.

Na época, a vacinação estava destinada somente para os profissionais da saúde, primeiro grupo prioritário definido pelo Ministério da Saúde. No entanto, a lista de pessoas que não faziam parte da prioridade e mesmo assim recebeu a vacina, foi extensa.
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Entre as pessoas que receberam a segunda dose de forma irregular estão as gêmeas Isabelle e Gabrielle Kirk Maddy Lins, filhas do empresário Nilton Lins Jr. As duas receberam a primeira dose da vacina um dia após terem sido nomeadas na Secretaria Municipal de Saúde (Semsa). Além das duas, a lista de investigados traz, ainda, os nomes de outros oito médicos, entre eles, o filho do suplente de deputado estadual Wanderley Dallas, David Louis Dallas.
Nem a secretária de Saúde, Shadia Fraxe, o secretário de Limpeza Urbana (Semulsp) de Manaus, Sabá Reis e a secretária da Mulher, Assistência Social e Cidadania, Jane Mara Silva de Moraes Oliveira, ficaram de fora dessa fila privilegiada. Eles também foram imunizados de forma irregular.
Na época, somente Shadia Faxe e Sabá Reis foram investigados pelo Ministério Público do Amazonas. O órgão chegou a pedir a prisão preventiva e afastamento do cargo para Fraxe e David Almeida, no entanto, por ainda estar em processo de investigações, ninguém foi preso. Para David, as acusações de fura-fila não passaram de fake news e nenhum dos secretários foi investigado.
4 – Tapa-buraco
Outro fato que marcou os primeiros meses da gestão de David foi uma denúncia feita por moradores do bairro Morro da Liberdade, que mostrava que apenas a frente da casa do prefeito havia recebido serviço de tapa-buracos, enquanto o restante da via ficou sem o asfalto.
Na ocasião, o prefeito David Almeida disse que foi surpreendido com a execução do serviço apenas em frente a sua residência e não autorizou o recapeamento.
A Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seminf) chegou a emitir nota afirmando que o chefe e o subchefe do Distrito de Obras da zona Sul, sem conhecimento de superiores, inclusive do secretário de Infraestrutura e vice-prefeito, Marcos Rotta (DEM).

5 – Contratos superfaturados
Outra polêmica na gestão de David Almeida gira em torno de contratos milionários renovados neste ano. Em fevereiro, o atual secretário da Comunicação, Emerson Quaresma, prorrogou contratos de publicidade milionários com as empresas 7 Comunicação e Serviços Empresariais, do empresário Antônio Barros Júnior, e Agência de Interatividade e Marketing, pertencente ao publicitário Durango Duarte.
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Com a 7 Comunicação, o aditivo assinado no dia 2 fevereiro ficou no valor de R$ 2.556.000, para prestar “serviços de vídeo release” até fevereiro de 2022. Já com a empresa de Durango, o aditivo do contrato ficou em R$ 14,2 milhões, com duração até 1° de março de 2022. Esta prorrogação foi assinada no dia 26 de fevereiro.

Outra empresa “queridinha” do prefeito é a Mene & Portella Publicidade, comandada pelos empresários Túlio Mene e Nílio Portella. Em 2020, ela foi contratada pela prefeitura pelo valor de R$ 25 milhões, e teve o contrato renovado. Não é a primeira vez que a Mene & Portella é agraciada em uma gestão de David Almeida.
Em setembro de 2017, quando o prefeito era governador interino do Amazonas, a agência venceu uma licitação de R$ 44 milhões para a prestação de serviços de publicidade.
6 – Cimento superfaturado
Em 26 de maio, a Seminf adquiriu R$ 3,6 milhões em cimento do tipo Portland, o mais comum usado na construção civil. O saco de cimento, vendido a R$ 37,00 nas lojas de materiais de construção, foi comprado pela Prefeitura de Manaus a R$ 48,50, ou seja, 46,9% mais caro do que o normal.
A compra do item virou alvo de denúncia do Portal AM1 no Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), que acatou a denúncia diante da comprovação de superfaturamento, por meio de orçamentos que mostravam que o mesmo item comprado pela Prefeitura de Manaus em um valor maior, podia ser comprado à época, pelo preço médio de R$ 33 a R$ 37.
7- Educação
A pasta da Educação também não passou ilesa nos primeiros meses da gestão de David. Isso porque o Tribunal de Contas do Amazonas (TCE-AM), apurou caso de irregularidade de Pauderney Avelino na Secretaria Municipal de Educação (Semed). O alvo foi a suspensão de um contrato para implantação de aulas não presenciais na pandemia.
Em decisão no início deste mês, a Corte de Contas decidiu manter a licitação realizada ainda na gestão do ex-prefeito Arthur Neto e que teve como vencedora a Amazonas Produtora Cinematográfica Ltda, do empresário Cyro Batará Anunciação, pelo valor inicial de R$ 19,1 milhões.
8 – Esporte
O setor do Esporte, em Manaus, que, aliás, sequer tem secretaria, não ficou de fora. David vai dar aos clubes de futebol profissional de Manaus o valor de R$ 1,3 milhão, para ajudar dois clubes manauaras que estão participando dos jogos do Campeonato Brasileiro nas séries C e D, no caso, o Manaus FC, presidido pelo vereador Mitoso (PTB), apoiador da gestão de David Almeida o qual vai receber R$ 1 milhão e o valor de R$ 300 mil ao Fast Clube, presidido por Dênis Cabral.
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Os valores serão pagos aos dois clubes mesmo que sejam eliminados do “Brasileirão” antes do término do campeonato.
9 – Emprego para correligionários
No mês passado, o Portal Amazonas1 mostrou que, além das nomeações de ex-vereadores na Manauscult, David Almeida também deu emprego para os seus correligionários do Avante.
De 62 nomes que concorreram pela sigla, quatro candidatos foram eleitos e 26 deles aparecem trabalhando em secretarias municipais, como secretários, subsecretários, gerentes de setores e demais cargos. Essas contratações chegam a mais de R$ 208 mil reais ao mês à prefeitura. Alguns dos nomes já caminham com David Almeida desde quando era deputado estadual e presidente da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).
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Entre os nomes que participaram das eleições de 2020 pelo Avante e que aparecem nomeados na prefeitura, estão: Alonso Oliveira; Ana Paula Machado Andrade de Aguiar; André Ricardo de Araújo Santiago; Antonio Stroski; Arone do Nascimento Bentes; Benae Limoeiro; Carlos Alberto Brito Davila (Pai Amado); Emerson Perkins Lemos de Assis; Glauber Marcos Cavalcante Duarte; Gustavo Igrejas; Isidorio Lima Alfaia (Pastor Alfaia) e Itamar Feitosa da Silva.

Aparecem ainda na lista os nomes de Jairo Pereira dos Santos; João Claudio Nobre da Silva; José da Silva Mendes (bombeiro Mendes); Manoel Ademar Pinheiro Brito; Mauro Gomes de Souza; Oreni Braga; Priscila Dayane Sousa da Silva; Rayana Pinho, Renata Correa Marinho (Bonita do Viver Melhor); Robson de Oliveira Falcão Cesar; Suzana Farias Barreto; Valquindar Ferreira Mar Junior; Will Robson Fontes Goiabeira e Weiner Coelho Barbosa.
10 – Cestas básicas vencidas
Na semana passada, o vereador Amom Mandel denunciou a Prefeitura de Manaus por um esquema de corrupção que estava desviando itens de cestas básicas distribuídos pela Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc). Segundo o parlamentar, funcionários do gabinete da secretária estavam trocando itens das cestas básicas por produtos de menor valor.

Além disso, Amom disse que os produtos das cestas básicas estavam vencidos desde junho e a Semasc só repassou as cestas para distribuição em julho, com produtos perecidos há um mês.
“Estou aqui para denunciar o maior esquema de corrupção nas cestas básicas da história recente do município de Manaus. Eu fiz um dossiê com 53 páginas relatando em detalhes tudo que encontrei durante o recesso. As mais de 2,5 mil cestas entregues com itens de menor valor e ainda por cima vencidos”, denunciou o parlamentar.
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O parlamentar também denunciou um caso de possível nepotismo cometido por Jane Mara. Segundo o vereador, a titular empregou sua prima na pasta; familiar seria responsável por auxiliar Jane na fiscalização de ações e contratos. A pessoa que seria o braço direito da secretária é a servidora Paula Jéssica Trigueiro de Moraes, que estranhamente não possui registro no quadro de servidores do Portal da Transparência da Prefeitura de Manaus.
Após a denúncia, o vereador chegou a ser intimidado pelo prefeito de Manaus, David Almeida que disse que caso não fossem achados culpados, Amom seria processado por quebra de decoro parlamentar.
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