O advogado Renato Martins, um dos defensores de Alejandro Valeiko no processo que investiga a morte do engenheiro Flávio Rodrigues, conversou com a imprensa nesta sexta-feira (30). A coletiva serviu para a defesa afirmar que o laudo divulgado na última semana, que detalhou como ocorreu a morte de Flávio, prova a inocência do enteado do prefeito Arthur Virgílio Neto e filho da primeira-dama Elizabeth Valeiko.
O laudo do Instituto de Criminalística (IC) do Departamento de Polícia Técnico-Científico do Estado do Amazonas (DPTC-AM), foi divulgado com exclusividade pela jornalista Rosiene Carvalho.
Esse laudo deve ser usado na elaboração da resposta de Alejando contra a denúncia, apesar de que os advogados estão sendo acusados de procastinar na apresenção desta defesa, conforme decisão do juiz Celso Souza de Paula. Segundo o magistrado, a defesa está tentando adiar o julgamento com pedidos de juntada de provas e depoimentos, sendo que já estariam disponíveis para consulta.
Mas analisando somente o laudo, a defesa sustenta que Alejandro não teve participação no crime e que a acusação do Ministério Público do Amazonas (MP-AM), de omissão, por não ter impedido o policial militar Elizeu da Paz e o lutador de MMA Mayc Parede de concluírem o homicídio, é equivocada.
Renato Martins ainda afirmou que não há explicação clara para a morte do engenheiro Flávio e que os acontecimentos foram dignos de roteiros de filmes do diretor Quentin Tarantino.
Laudo
O advogado iniciou a reunião destacando a importância do laudo, pois o mesmo é resultado da coleta de todas as provas e depoimentos. O resultado apontou que Flávio foi morto no local onde seu corpo foi encontrado, no bairro Tarumã, zona Oeste de Manaus.
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“O laudo é importante porque coloca numa mesma perspectiva todos os elementos colhidos na investigação. Ele mostra que aquilo que o Alejandro disse desde o primeiro momento foi a verdade do que aconteceu. Por mais que essa histórica seja realmente muito maluca, muito surpreendente. O próprio (Elielton) Magno, que é uma das vítimas desse crime, que também levou ferimentos a facadas, confirma a versão, o depoimento do Alejandro”, iniciou o advogado Renato Martins.
Conforme o advogado, Elielton Magno não tinha razão para inventar a história. A versão contada por Alejandro e Elielton é que um homem, que seria o policial Elizeu da Paz, entrou na festa com uma balaclava (máscara) e assustou quem estava na casa.
“Não há qualquer razão para que o Magno tenha inventado essa história. Quem passou pela guarita foi o Elizeu, com outra pessoa. Esse laudo confirma que Alejandro estava falando a verdade. O próprio Elizeu disse que tinha a ideia de dar um susto no Alejandro porque estava cansado das festas, mas parece que esse susto saiu do controle”, detalhou o advogado.
Coronhadas
Renato Martins também citou que Alejandro Valeiko levou duas coronhadas na cabeça. Algo que está comprovado, pois ele chegou a ser socorrido em hospital e perícia confirma o ferimento. Vestígios de sangue de Valeiko foram encontrados na casa, segundo o advogado.
A defesa de Alejandro afirma que estas coronhadas comprovam que ele não teve participação no crime, pois se soubesse das intenções de Elizeu e Mayc Parede, ele não seria ferido.
Facada em Flávio
Para o advogado Renato Martins não faz diferença se Flávio Rodrigues tinha sido ferido na residência de Alejandro antes de ter sido levado para o terreno onde foi assassinado. Mesmo assim, ele confirmou que o DNA de Flávio foi encontrado em um sapato marrom dentro da casa.
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Vestígios semelhantes a sangue também foram encontrados por peritos em outros lugares, que, segundo o advogado, eram de Alejandro.
O advogado ainda respondeu sobre a limpeza ocorrida no local do crime. Renato Martins disse que não iria comentar muito sobre este ponto do processo, pois outra pessoa está sendo acusada e ele não a representava, que seria a irmã de Alejandro, Paola Valeiko. A lavagem do sangue ocorreu antes da realização da perícia.
No entendimento do advogado, a polícia é quem deveria responder os motivos de não ter isolado a casa para evitar a contaminação do local do crime.
“Quem tem o dever de preservar o local é a polícia. Por que que a polícia, comunicada desses fatos ainda na noite do crime, por que não obedecerem o Código Penal e não isolaram e preservaram o local para a perícia?”, indagou.
Mesmo com a limpeza do sangue no local, o advogado disse não acreditar que tenha sido suficiente para mudar a cena do crime e ajudar na inocência de Alejandro Valeiko.
Acusação de omissão
Alejandro Valeiko responde por omissão no processo que investiga a morte do engenheiro Flávio Rodrigues. Porém, a sua defesa alega que ele não era responsável por preservar a vida de Flávio e por isso considera a acusação do Ministério Público equivocada.
“A acusação do MP é equivocada. Omissão é se você está garantindo a segurança da pessoa. Ele não era a baba de ninguém, segurança de ninguém e nem policial. O que aconteceu foi completamente fora do controle dele. Essa acusação juridicamente não está correta”, frisou o advogado.
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Renato Martins ainda acrescentou que não se vislumbra outros motivos que justifiquem a morte de Flávio, apenas a versão citada por Elizeu da Paz. A citação foi acompanhada de uma sustentação de que Alejandro Valeiko era uma pessoa doce e do bem, sem motivos para autorizar o homicídio.
“Alejandro é uma pessoa doce, carinhosa, uma pessoa do bem, que nunca fez mal a ninguém e nunca agrediu ninguém. Não é da personalidade dele. Ele estava ali se divertindo. O que existe é o que o Elizeu está dizendo. Não existem nos autos qualquer outra razão para isso (homicídio). O que torna a morte do Flávio muito mais trágica. Não existia e nem nos autos existem outras razões”, concluiu.
Próximos passos
A defesa de Alejandro Valeiko ainda espera receber todas as provas e depoimentos colhidos até o momento no andamento do processo para que possa elaborar uma resposta contra a denúncia.
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