Manaus, 2 de maio de 2024
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Cenário

‘O que iríamos festejar?’, declaram dirigentes de samba sobre Carnaval em Manaus na pandemia

'Estamos em um ano de perdas históricas, não teríamos a alegria que o Carnaval tem para irmos às ruas festejar'

‘O que iríamos festejar?’, declaram dirigentes de samba sobre Carnaval em Manaus na pandemia

Em Manaus e no restante do estado, assim como em outras capitais brasileiras, as festas carnavalescas, desfiles, blocos e bandas tradicionais em 2021 foram suspensas em decorrência da pandemia do novo coronavírus. Um decreto governamental já publicado no Diário Oficial do Estado prevê multa de até 50 mil reais para empresários, dirigentes ou sambistas em geral que realizarem quaisquer festejos clandestinamente ao longo de todo o ano.

Com o decreto, carnavalescos ficam sem festejos e o público que trabalhava nesses eventos, seja promovendo ou como comerciantes independentes, fica sem renda. No entanto, apesar do desfalque econômico, até para a Associação Comercial do Amazonas (ACA), o momento ainda não é seguro tanto para quem festeja quanto para quem trabalha durante o carnaval.

“A medida de suspensão com o decreto veio para a segurança até dos comerciantes. É um momento difícil e o impacto econômico já estamos sentindo. Temos ciência do impacto, já estamos sentindo isso, mas a suspensão do feriado de fevereiro só vai ser mais um período sem atividades para nós comerciantes, não vai alterar muito do que já estamos vivendo”, declara Jorge Lima, presidente da ACA.

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Além dos comerciantes, quem também já vem sentindo o abalo econômico com a pandemia, antes mesmo de fevereiro chegar, são os dirigentes carnavalescos. Para Luiz Gilberto, presidente da escola de samba A Grande Família, ninguém que entende o mínimo de Carnaval, em sã consciência, iria ser a favor dos festejos durante a pandemia.

“Não é só a Grande Família que tem essa perspectiva, estamos falando de várias outras escolas de samba: Vitória Régia, Aparecida, Sem Compromisso, Beija Flor, vamos comemorar o quê? Vamos festejar o quê? Quando centenas de milhares de pessoas, entes queridos, amigos e familiares estão morrendo todos os dias?”, disse o dirigente.

O presidente da Mocidade Independente de Aparecida, campeã do Carnaval de 2020 em Manaus, também conversou com o Amazonas 1 sobre o momento que as escolas de samba enfrentam. Para Luiz Pacheco, a prevenção deve ser prioridade.

“Estamos na segunda grande onda (de covid-19) nesse momento, mas nós vamos sair dessa, o momento agora é de prevenção e a Aparecida está com o Amazonas”, declarou.

Para Vilson Benayon, presidente da escola Andanças de Ciganos, falar de Carnaval, hoje, é falar de tristeza. O presidente afirma que só é possível pensar em Carnaval, se for para o ano de 2022.

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“Somos a favor de uma grade programática para o Carnaval de 2022, desde que haja 100% de certeza que a vacina contra o coronavírus alcançou toda a população do Amazonas. Falar de Carnaval, agora, é não falar de alegria, estamos em um ano de perdas históricas, não teríamos a alegria que o Carnaval tem para irmos às ruas festejar”, explica o presidente.

As escolas de samba de Manaus não foram as únicas a se posicionar sobre a suspensão do Carnaval. A organização da tradicional Banda do Boulevard também deixou claro que é completamente a favor da medida e que o momento deve ser voltado para salvar vidas e não colocá-las em risco.

“Apoiamos o cancelamento do Carnaval. A hora é de isolamento social para enfrentarmos essa nova cepa que está matando muitos amazonenses. Qualquer flexibilização, agora, seria para pôr em risco a vida de nossos amigos, foliões e pessoas que nos acompanham há anos”, disse Luís Chaves.

O Amazonas 1 conversou também com a organização de Blocos Tradicionais na capital, como o Bloco do Parque 10, Bloco do Vieira Alves, Bloco do Axerito e Bloco do Adrianópolis. Os organizadores declararam ser a favor da suspensão do Carnaval, todavia, dizem se preparar para os festejos fora de época, caso a pandemia dê uma trégua.

“Somos completamente favoráveis à suspensão do Carnaval na sua data oficial, porém, já estamos nos preparando, para que assim que for seguro e as autoridades concedam as devidas liberações, retomarmos nossas atividades e, dentre elas, está a realização do Carnaval fora de época”, declara Kleber Romão, CEO da empresa Smart Bureau, organizadora dos blocos.