(Foto: Ingrid Anne/Semcom)
Manaus (AM) – O Movimento Democrata Brasileiro (MDB), atual partido do senador pelo Amazonas Eduardo Braga, nas últimas quatro décadas, conseguiu emplacar apenas um nome para o comando da Prefeitura de Manaus: Manoel Henriques Ribeiro, que venceu a eleição municipal de 1985, com 131.508 (54,1%).
O partido foi uma grande frente parlamentar, na década de 70, no processo de redemocratização, o qual era composto por políticos de esquerda, direita e todos que eram favoráveis a um redirecionamento democrático no país. Mas hoje é mais um partido “coadjuvante de luxo”, segundo análise do cientista político Helso Ribeiro.
Helso ressalta, ainda, que o MDB tem um estrutura muito forte, por isso é cobiçado pelos políticos e, mesmo que não tenha tanto protagonismo no Amazonas, em especial em Manaus, é o partido com um dos maiores fundos partidários.
“Como ele está estruturado em todos os municípios brasileiros, é um partido que sempre foi cobiçado para dar apoio. Por ter uma grande frente parlamentar, sempre foi cobiçado para indicar o vice e, a partir do momento que ganhava, governava junto e logo aderia ao governo”, disse.
O cientista político lembra que o MDB foi ficando sem representantes e sem força ao não ter uma renovação de liderança após Gilberto Mestrinho, que, segundo o especialista, era a “etiqueta” do partido; morrer. Hoje, Helso afirma que o partido é representado apenas por Braga no estado.
Apoio nas eleições de 2024
Faltando pouco mais de um ano para as eleições municipais de 2024, o cenário político, em Manaus, já começa a se desenhar, mesmo que não se consolide, hoje, vemos a aproximação de David Almeida (Avante) e Braga – o que poderia ser uma aliança ou apoio no ano que vem.
“Está mais para ele [Braga] caminhar ali ao lado de David Almeida, pelo menos, está se desenhado isso. Pode ser que indique um vice ou não, pode ser até que eles rompam, mas muita água ainda vai rolar até lá”, disse Helso.
O especialista afirma que Braga exerce muita influência no Senado Federal e enfatiza que ele é umas das “100 cabeças do Senado”. Além disso, o emedebista é aliado do presidente Lula, inclusive, já foi ministro em governo petista.
Porém, Ribeiro esclarece: “Muitas vezes, a pessoa tem aquela visibilidade grande em nível nacional, mas quando chega no quintal dele não se cria”.
Questionado sobre a possibilidade de o partido lançar candidatura própria, o especialista afirma que partidos conservadores têm mais força no estado, prova disso é que na última eleição para presidente os manauaras deram a vitória a Bolsonaro.
“Não sei se uma candidatura do PT ou do MDB terá fôlego para bater uma direita mais conservadora […] não vejo muito espaço para um candidato do MDB e outro do PT; não se criariam contra o que está instituído, que é o prefeito David e outras candidaturas”, finalizou.
Histórico
Em 1985, o então PMDM elegeu Manoel Henriques Ribeiro, com 131.508. Anteriormente, ele havia sido vice de Amazonino Mendes, e foi apadrinhado por Mendes que ele chegou ao cargo. Porém, em 1986, ele foi afastado do mandato. Ribeiro reassumiu o posto nos últimos dois meses do mandato em 1989.
Já nas eleições de 1988, Gilberto Mestrinho concorreu pelo partido, no entanto, ficou em segundo lugar, perdendo para Arthur Virgílio Neto, que foi apoiado pelo grupo de Alfredo Nascimento. Naquela eleição, o Tucano foi eleito pela primeira vez prefeito de Manaus.
Na disputa seguinte – 1992 – novamente o candidato lançado pelo MDB bateu na trave. José Cardoso Dutra ficou em segundo lugar, perdendo aquela eleição para Amazonino Mendes.
De volta ao Poder Executivo municipal, ele renunciou, em 1994, para disputar o governo estadual, quando venceu e assumiu por dois mandatos consecutivos. Com a saída dele, quem assumiu foi Eduardo Braga, na época, pelo Partido Democrata Cristão (PDC).
Em 1996, quem venceu foi Alfredo Nascimento, na ocasião, Gilberto Mestrinho perdeu mais uma vez e, desta vez, o então candidato ficou em terceiro lugar.
Com amargas derrotas, o partido não lançou mais candidatos a partir dos anos 2000 para concorrer à Prefeitura de Manaus.
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