Manaus, 16 de maio de 2024
×
Manaus, 16 de maio de 2024

Cidades

Megaoperação prende 90 membros de facções e investiga PMs

No RJ, nove policiais estariam recebendo propina para não impedir tráfico. Já no Amazonas, MP cumpriu mandados de busca e apreensão

Megaoperação prende 90 membros de facções e investiga PMs

Operação no Amazonas (Divulgação)

Ministérios Públicos de todas as regiões do país fizeram uma operação integrada nesta quinta-feira (15) para prender 115 integrantes de organizações criminosas e cumprir mandados de busca e apreensão em 190 endereços, incluindo de policiais militares no Rio de Janeiro.

Foram realizadas ações simultâneas em nove estados: Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Mato Grosso do Sul e Pernambuco, além do Rio. Até o início da tarde, mais de 90 mandados de prisão haviam sido cumpridos -a maioria no Norte e Nordeste-, incluindo os de pessoas que já estavam presas por outros crimes.

As operações foram coordenadas pelo Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), um colegiado que reúne os núcleos de combate a organizações criminosas de todos os Ministérios Públicos estaduais. 

“O enfrentamento foi feito naquelas [facções criminosas] que tinham algum tipo de interação. Não adianta desarticular um grupo em um local mantendo a célula em outro”, disse o presidente do grupo, o promotor Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, que acompanhou as ações de uma sala no Rio de Janeiro.

“O crime infelizmente se nacionalizou”, afirmou, ressaltando que o foco tem sido o núcleo financeiro desses grupos. “Com a guerra recente no Sul do país, na fronteira com Paraguai, as facções se fortaleceram demais no Norte e Nordeste, mas deixaram fortes tentáculos e o coração financeiro em toda essa região do centro-sul.”

AMAZONAS

O Ministério Público expediu três mandados de prisão contra “Márcio Doido”, Alan Rolim e seu irmão Anderson Rolim. Dos três, apenas um mandado foi cumprido na prisão de Mossoró (RN), para onde Márcio foi transferido após o massacre com 55 mortos ocorridos em maio deste ano. Os outros dois estão foragidos.

Veja detalhes da operação no Amazonas:  Operação Asfixia aplica duro golpe na facção criminosa FDN

Polícia Civil e Gaecos deflagram a Operação Asfixia, nesta quinta

As investigações iniciaram em dezembro de 2018 após o Ministério Público interceptar “Salves” revelando que Márcio Doido comandava a facção Família do Norte (FDN) nos presídios e Alan Rolim, mais conhecido como Venom, liderava do lado de fora do sistema prisional.

RIO DE JANEIRO

No Rio de Janeiro, houve três operações, referentes a três denúncias diferentes. Uma tem como alvo nove policiais militares, outra sete traficantes e a terceira, seis “laranjas” suspeitos de lavar o dinheiro do tráfico, segundo a denúncia. Mandados de busca e apreensão miravam no total 42 endereços de policiais, entre casas e armários.

As duas primeiras investigações começaram há quase dois anos, apurando lideranças da comunidade da Serrinha, em Madureira (zona norte carioca). A partir daí, se chegou a um grupo de policiais militares no batalhão local (9º) que recebiam propinas para não impedir a atuação do tráfico. Um caderno apreendido apontava recebimentos semanais de R$ 2.000 a R$ 5.000.

Os nove policiais denunciados, porém, não foram presos. A Justiça entendeu que seu afastamento da corporação já era suficiente para impedir que cometessem novos crimes. Eles continuarão recebendo salário enquanto aguardam os processos legal e administrativo (que pode resultar em expulsão).

 

 

 

(*) Com informações da FolhaPress