Manaus, 1 de maio de 2024
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Cidades

‘Meu filho não merecia isso’, diz mãe de Melquisedeque, morto em assalto

Família realizou manifestação na última sexta-feira (14), cobrando justiça, durante audiência de instrução do caso

‘Meu filho não merecia isso’, diz mãe de Melquisedeque, morto em assalto

Jovem foi morto com um tiro na cabeça durante um assalto no ônibus da linha 444 (Foto: Reprodução)

Manaus (AM) – A família e os amigos do indígena Melquisedeque Santos de Vale, de 20 anos, morto durante um assalto a ônibus em dezembro de 2021, em Manaus, pediram justiça pelo jovem, na última sexta-feira (14), em frente ao Fórum Ministro Henoch Reis, enquanto acontecia a audiência de instrução dos acusados pelo crime.

A equipe de reportagem do Portal AM1 conversou com mãe de Melquisedeque, dona Francilene Santos, de 40 anos, que mais uma vez pediu que “a justiça seja feita”. Ela relatou que estava na manifestação.

“Eu sei que o meu filho não volta, mas eu estando viva, vou fazer de tudo para que eles [acusados] fiquem presos para que a morte do meu filho não fique impune”, disse a mãe do jovem. Para que eu cumpra meu dever de mãe”, completou.

Francilene afirmou que sua vida não é mais a mesma desde quando o filho foi morto.

“O meu filho não merecia isso. Que a justiça seja feita. Hoje, eu não vivo bem, sinto falta do meu filho, sinto um imenso vazio porque não posso mais ver ele, ele não pode mais estar perto de mim, mas se eu fizer com que eles não fiquem soltos, pra mim, vai ser uma grande satisfação e de dever cumprido”, afirmou.

Dona Francilene disse, ainda, que está lutando na Justiça, não só por seu filho Melquisedeque, mas por todos que têm os seus sonhos interrompidos.

“O meu clamor é de justiça, não só pelo meu filho, mas por todos os jovens que vêm do interior para trabalhar. Pais e mães de família que vêm para a cidade em busca de realizar os seus sonhos, e termina desse jeito”, disse.

Audiência de instrução

A 9.ª Vara Criminal da Comarca de Manaus encerrou nesta sexta-feira (14) a audiência de instrução da Ação Penal que tem como denunciados Lucas Lima e Janderson Cabral Cidade, acusados do crime de latrocínio que teve como vítima o jovem Melquisedeque.

No processo, Davi Souza da Silva, também é acusado pela participação na morte do indígena; porém o juiz decretou revelia, que é quando o réu é comunicado do processo, mas não se defende. Neste caso, a ação continuará sem sua presença.

Ao final da audiência, o Ministério Público do Estado do Amazonas (MPE/AM) pediu vista para análise do processo a fim de requerer eventual diligência, conforme art 402 do Código de Processo Penal (CPP), tendo o prazo de dois dias (úteis) para manifestação do órgão ministerial. Depois, será dado vista às partes para apresentação de memoriais finais escritos; em seguida, será dada a sentença.

Segundo Tribunal de Justiça do Amazonas (TJAM), o processo tem seis vítimas, sendo que Melquisedeque Santos do Vale morreu no local do crime. O Ministério Público apontou, por meio da denúncia oferecida pela promotora de justiça Leda Mara, cinco testemunhas de acusação.

A mãe do jovem morto disse estar feliz pelo andamento do caso até o momento. “De antemão, eu estou bem feliz por eles não terem sido soltos, e eu quero que eles permaneçam presos. Que a justiça seja feita”, pediu dona Francilene.

O crime

Melquisedeque Santos do Vale, de 20 anos, foi morto em assalto de ônibus, na noite da quinta-feira (16) de dezembro de 2021.

O jovem indígena tinha começado a trabalhar na loja de departamento Bemol, em dezembro, como jovem aprendiz. Ele foi morto com um tiro na cabeça durante um assalto no ônibus da linha 444, no bairro Tarumã, zona Oeste, ao retornar para casa, após mais um dia de trabalho.

Melquisedeque era da etnia Sateré-Mawé e veio do município do Manaquiri para Manaus em busca do primeiro emprego. Há uma semana, havia conseguido a vaga de jovem aprendiz na loja e, no dia em que foi assassinado, tinha recebido uma cesta natalina.

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