Foto: Reprodução / TV AM1
Manaus – Com as redes sociais da Secretaria Municipal de Agricultura, Abastecimento, Centro e Comércio Informal (Semacc) cheias de ações para as feiras municipais, fica fácil apontar que o setor está sendo beneficiado na Prefeitura de Manaus. No entanto, a realidade é diferente do que é exposto na internet, com postagens desconhecidas pelos feirantes.
No ano passado, o ex-secretário da Semacc, Renato Júnior, postava todas as semanas obras e ações, e até mesmo ele e a equipe fazendo refeições nas feiras da cidade. O bastão de promover a gestão foi passado para o atual secretário da pasta, Wanderson Costa, que tem desempenhado a mesma função em querer mostrar o dia a dia da Secretaria nas feiras da cidade.
Porém, como nem tudo o que se vê na internet é verdade, o caso das feiras de Manaus não é diferente. O Portal AM1 esteve em algumas feiras da cidade e conversou com os feirantes que alegaram problemas na infraestrutura e que a Semacc não tem feito o trabalho como é mostrado nas redes sociais.
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No ano de 2021, a gestão do prefeito David Almeida (Avante) trabalhou com um orçamento de R$ 5,9 bilhões, sendo R$ 16 milhões destinados para a Semacc, de acordo com a Lei Orçamentária Anual. Já em 2022, o prefeito conta com um orçamento maior, com R$ 7,1 bilhões, com R$ 40 milhões para serem investidos na Semacc.
Apesar do valor pequeno em 2021, a realidade mostrada para a população nas redes sociais foi outra. Todavia, quem precisou trabalhar em meio ao prejuízos foram os feirantes, como na feira do bairro Alvorada 2, zona centro-oeste de Manaus.
A principal reclamação dos feirantes é o teto, que tem sido a preocupação por conta das chuvas. Com o período chuvoso em Manaus, as goteiras se intensificaram no teto da feira, que possui uma estrutura antiga. Por conta desse problema, os feirantes se uniram e resolveram fazer uma obra no telhado, mas só conseguiram fazer pela metade por conta dos recursos, o que precisa ser solucionado pela Prefeitura de Manaus.
Ao Portal AM1, o peixeiro Wilkson Guimarães afirmou que todos os reparos feitos foram os próprios moradores que se mobilizaram. Há cerca de 15 anos trabalhando no local, ele comentou que não presenciou nenhuma obra na estrutura da feira, e que tudo não passa de promessas políticas.
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“O telhado é precário, tem muita goteira. Quando chove, não sabemos se chove aqui dentro ou se chove mais lá fora. Então, os próprios feirantes procuram fazer as coisas, são pequenos reparos”, disse. Ele ainda ressaltou que, com a contribuição que é paga semanalmente na feira, eles conseguem fazer as pequenas obras, mas não tem sido o suficiente.
“A Secretaria vem, mede tudo o que é possível na trena, papel com documentação, mas nunca sai do papel. Nunca tivemos uma pessoa que fale que vai fazer, sempre saiu do bolso dos próprios feirantes”, explicou.
Na mesma feira, os setores são divididos entre “área vip” e as goteiras. O vip que os feirantes mencionam é o lugar em que foi colocado um forro para evitar que os prejuízos sejam piores. Inclusive, essa manutenção foi feita pelos próprios permissionários.
Dona de uma banca de café da manhã, a dona Leonora de Souza explicou que as obras no local não foram de autoria da Prefeitura de Manaus. “Aqui é tudo feito por nós, não é a prefeitura. Nós que mantemos arrumada a feira. A parte de trás está tendo problema de goteiras, aqui na frente, na área vip que chamamos, temos problema na calha, que quando chove muito forte, a calha não suporta e tem vazamento”, disse.
Mesma realidade
Em localidades diferentes, a Feira Coberta do Alvorada 1 também enfrenta a mesma dificuldade da Feira do Alvorada 2. Apesar de ter uma grande estrutura e ter mais permissionários, os problemas são os mesmos, que também não foram solucionados pela Semacc.
Ao Portal AM1, os feirantes afirmaram que aguardam, com expectativa, a reforma prometida pela Prefeitura de Manaus para este ano, que deve atender grande parte das feiras da cidade. Porém, enquanto aguardam para que, desta vez, a administração cumpra com a palavra, os feirantes continuam sofrendo para trabalhar.
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A feirante Sheila Silva comentou que o telhado tem sido o inimigo dos trabalhadores. Alguns telhados chegaram a ser arrancados por conta da força da chuva, o que afetou diretamente a venda dos feirantes. A Semacc foi acionada, mas não fez tantas obras no local, de acordo com ela.
“Tivemos que fazer uma cotinha porque estava caindo o telhado e pagar o rapaz para colocar. Um tempo depois, o outro lado caiu, o gestor da feira foi lá com a secretaria, falou com eles, e eles vieram e colocaram mais algumas coisas aqui e só, mas estamos precisando de uma reforma”, contou.
Além dos problemas no telhado, a estrutura também está comprometida. Segundo ela, somente com uma reforma os feirantes terão tranquilidade para trabalhar, uma vez que estão esquecidos pelos órgãos públicos.
“Quando tem temporal, a estrutura estala e a gente fica com muito medo. Além das goteiras, aqui no meu ponto deve ter umas sete goteiras. Precisamos de uma reforma, eles vem aqui, olham, tiram foto e vão embora. O feirante é uma classe esquecida”, desabafou.
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Já na feira do bairro Santa Etelvina, na zona norte de Manaus, a realidade não é tão diferente das outras feiras. A maioria dos permissionários reclamou do teto do local, que tem apresentado diversas goteiras. Além disso, eles ainda relataram que a estrutura não favorece as vendas no período chuvoso.
Segundo a feirante Maria Hosana, as chuvas têm prejudicado as vendas, pois os clientes não se sentem confortáveis. De acordo com ela, a estrutura construída foi feita para o verão, e a administração responsável pelas obras não pensou no período chuvoso em Manaus.
“No tempo da chuva é muito ruim aqui. A estrutura foi feita apenas para o verão, mas quando está no período chuvoso molha tudo”, contou. Ela ainda afirmou que a feira está precisando de uma reforma, tanto na estrutura quanto no piso.
“A feira tá precisando de uma reforma, devido às calhas, que estão todas corroídas, quando chove muito forte molha tudo. Muitas vezes, os clientes têm que levantar do lugar, porque não tem como. O piso também está danificado, ao redor da feira não tem cobertura e isso acaba danificando”, apontou.
A expectativa é de que a reforma prometida pela Semacc seja iniciada, mas, até o momento, nada foi concretizado. “Nossa feira foi sorteada para ter uma reforma e estamos esperando. Espero que venha logo, creio que é por conta da chuva que ainda não vieram, mas espero que seja verdade”, declarou.
O Portal AM1 entrou em contato com a Semacc para apontar as demandas dos feirantes, além de questionar quando serão iniciadas as obras prometidas pela Prefeitura de Manaus, mas até a publicação desta matéria, não houve retorno.
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