Manaus, 12 de maio de 2024
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Aliados pressionam Wilson Lima por mudanças na Seduc e SSP

Aliados pressionam Wilson Lima por mudanças na Seduc e SSP

Na busca pela perenidade do governo Wilson Lima (PSC), aliados do chefe do Executivo, nos segmentos político e empresarial, o pressionam para avaliar alternativas aos atuais gestores das secretarias de Estado de Educação (Seduc) e Segurança Pública (SSP), no ano em que antecede as eleições municipais.

Luiz Castro, Wilson Lima e Louismar Bonates: governador é orientado a reavaliar gestores (Reprodução)

Além da capital, Manaus, o pleito de 2020 define os gestores dos 61 municípios do Amazonas. Na prática, é a preparação de um cenário para a semeadura de apoiadores que garantam a manutenção do grupo que está no governo do Estado, nas eleições de 2022.

O governador fala a verdade, quando diz que não há interesse – da parte dele –  de dispensar Luiz Castro, da Seduc, e Louismar Bonates, da SSP. Mas ele já foi convencido de que as mudanças são essenciais para gerar  “paz” e estabilidade em seu governo, tanto no âmbito jurídico, como no eleitoral.

Falta habilidade

Para aliados, Luiz Castro não teve habilidade na negociação com servidores pelo fim da greve na Educação, que perdurou por quase dois meses. Esperava-se do ex-deputado que ele tivesse a capacidade de “proteger” o governador; a ação foi inversa.

Protesto dos professores da Seduc na Assembleia Legislativa, durante a greve (Reprodução)

Incomoda ainda o perfil nada ortodoxo de Luiz Castro no governo, fazendo valer suas indicações aos comandos de secretarias e a forma pouco elegante de tratar “alguns” fornecedores.

O tato técnico do secretário de Educação no desembaraço de questões burocráticas, também, vem sendo questionado. Em seis meses de governo Wilson Lima, a administração da Seduc já é objeto de inquérito no Ministério Público do Estado (MP-AM) por improbidade e enriquecimento ilícito.

Falta relação

Contra Louismar Bonates, pesa o histórico de citações em operações da Polícia Federal (PF) e Ministério Público Federal (MPF). A escolha do coronel da Polícia Militar (PM) para o comando da Secretaria de Segurança foi vista como uma espécie de insulto aos “federais”, que evitam participar diretamente das operações da SSP.

Esse distanciamento institucional entre a Segurança do Estado e a do governo federal foi visivelmente sentido na visita do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, a Manaus, neste mês. Moro ficou indiferente à cúpula da SSP.

A falta de sintonia entre os “homens” da Segurança de Wilson Lima e os “federais” vem gerando um desconforto dentro do grupo, vinculado ao governo. Aliados receiam que Bonates possa ser um fio condutor para futuras operações da Policia Federal.

Alternativas

Em uma “sutil” tentativa de pavimentar uma aproximação entre os agentes federais e o governo do Estado, o grupo ligado a Wilson Lima cogitou o nome do ex-superintendente da PF Sérgio Fontes para a SSP.

Fontes comentou com amigos que não há qualquer interesse dele de participar do atual governo do Estado, e encerrou o assunto. Com a recusa do delegado federal, o grupo busca novas opções.

Para a Seduc, três nomes estão cogitados.  O da atual diretora-presidente do Cetam, Joésia Pacheco, o do ex-secretário da Seduc, vereador Gedeão Amorim (MDB), e o do servidor técnico da Secretaria de Educação, José Augusto de Melo, que, também, foi titular da pasta.

Técnico e político

Os aliados que buscam mudança no comando da Seduc querem um gestor que una três qualidades: a de técnico, político e de um grande ‘relações públicas’ com os órgãos fiscalizadores e financiadores, já que a escassez de recursos é o principal desafio da pasta. 

Indicação de Luiz Castro para o Cetam, Joésia não conseguiu, até o momento, mostrar nenhuma das três qualidades. Sua falta de planejamento pode fazer voltar cerca de R$  270 milhões do Programa de Aceleração do Desenvolvimento da Educação (Padeam), este ano, e mesmo com recursos em caixa há instrutores no interior do Amazonas que estão sem receber há pelo menos dois meses.

Visto, principalmente, como um perfil técnico, José Augusto, também, mostrou habilidade como relações públicas, quando esteve à frente do Cetam, e conseguiu obter vários prêmios nacionais e internacionais.

José Augusto: série de prêmios marcou sua passagem pelo Cetam (Secom)

Orgulhoso de ter feito os índices de educação aumentarem em sua primeira gestão na Seduc (2007-2012), Gedeão, também, é visto como um grande gestor político. Prova disso é que a possibilidade de o parlamentar retornar ao cargo de secretário de Educação fez um grupo de assessores, ex-coordenadores e ex-diretores preparar um café da manhã, em um hotel, no Centro de Manaus.

Servidores da Seduc fazem “encontro-surpresa” para vereador Gedeão Amorim (Reprodução)

Resta saber se Wilson Lima tem outras alternativas para as pastas de Segurança e Educação ou se vai “pagar para ver” o que acontece com o futuro do seu atual governo.