Manaus, 2 de maio de 2024
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Cenário

Especialista explica motivo de pré-candidatos ‘morrerem na praia’

Levantamento do Portal AM1 mostra o nome de pelo menos 12 postulantes ao cargo que desistiram ou não conseguiram o apoio necessário de seus grupos políticos.

Especialista explica motivo de pré-candidatos ‘morrerem na praia’

(Fotos: Divulgação/Arte Portal AM1)

Manaus (AM) – Com a aproximação do período eleitoral, diversas figuras da política amazonense se antecipam de forma explícita, outros, de maneira sutil, e se “lançam” como pré-candidatos à Prefeitura de Manaus na condição de cabeça de chapa ou vice. No entanto, no decorrer das articulações, não conseguem unir forças para viabilizar seus nomes junto aos seus grupos políticos ou simplesmente desistem e acabam “morrendo na praia”.

Alguns desses nomes são: Coronel Menezes (Progressistas); Carol Braz (MDB); Alessandra Campêlo; Joana Darc (União Brasil); Eron Bezerra (PCdoB); José Ricardo; Anne Moura; Sinésio Campos; Sassá da Construção Civil; Valdemir Santana e Luiz Borges, todos do Partido dos trabalhadores (PT).

Outro nome que também se apresenta como pré-candidato, mas pode não participar do pleito disputando o cargo majoritário mais uma vez, a exemplo do que aconteceu nas eleições de 2022, é Marcelo Amil (PSOL), que pode ser preterido dentro do próprio grupo, que conta também com outro nome para disputar a vaga, o da presidente municipal da sigla, Natália Demes.

Israel Tuyuka (PDT) também estava cotado para a disputa do cargo majoritário em Manaus, mas o médico indígena resolveu concorrer para o mesmo cargo, mas no município de São Gabriel da Cachoeira (a 852 quilômetros da capital).

Enquanto uns não conseguem o apoio necessário para seguir na corrida eleitoral, outros desistem por diferentes motivos e decidem disputar uma das 41 cadeiras da Câmara Municipal de Manaus (CMM), enquanto alguns acabam não participando mais da disputa.

A reportagem do AM1 ouviu um especialista em eleições para entender um pouco sobre esse processo político, bem como saber se existe uma atitude correta a se tomar em período pré-eleitoral para se obter êxito nessas alianças.

Coronel Menezes

Em fevereiro de 2024, o ex-candidato ao Senado Federal, Coronel Menezes, que até então pertencia ao PL do ex-presidente Jair Bolsonaro, tinha convicção em uma chapa ‘puro-sangue’, que seria composta pelo deputado federal Capitão Alberto Neto e ele como vice, inclusive, com o apoio de ex-mandatário do país, mas a aliança não se concretizou.

Menezes deixou a sigla comandada por Bolsonaro e se filiou ao Progressistas no dia 4 de abril, se tornando o presidente municipal da legenda. O político deixou o PL acusando o presidente estadual, Alfredo Nascimento de causar divisão na direita e atrapalhar a viabilização da chapa entre os dois políticos de direita.

Até o momento, ele será candidato a vereador pelo seu novo partido.

Nas eleições de 2022, quando perdeu a vaga de senador para Omar Aziz (PSD), Menezes recebeu um total de 737.875 votos (38,98%), ou seja, 46.132 votos a menos do que o reeleito para o cargo.

Zé Ricardo

O ex-deputado federal José Ricardo já havia revelado em janeiro deste ano que seria possível candidato ao cargo de chefe do Executivo da capital amazonense. O petista afirmava que poderia se candidatar devido ao sentimento de mudança, mas naquela época já admitia que poderia ser candidato ao cargo de vereador.

Zé Ricardo, como é mais conhecido, disputou a prefeitura em 2016, ficando no quarto lugar com 113.939 votos (10,99%).

Já na eleição de 2020 ele alcançou o terceiro lugar e recebeu 25.907 votos a mais que o pleito de 2016. O ‘homem da Kombi’ recebeu ao todo 139.846 votos, uma porcentagem de 14,52% dos votos válidos.

No início deste mês, o político se afastou do cargo de superintendente do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) para poder participar da corrida eleitoral em outubro.

Carol Braz

A defensora pública e ex-candidata ao Governo do Amazonas, Carol Braz (MDB), era cotada para disputar a Prefeitura de Manaus pelo partido do senador Eduardo Braga, mas as articulações não avançaram, uma vez que, agora, Carol já se apresentou em suas redes como pré-candidata à vereadora de Manaus.

O status de pré-candidata a vereadora não impede a defensora de ainda lutar por uma vaga como vice numa chapa majoritária.

Quando ela deixou o PDT e se filiou ao MDB em maio do ano passado, o secretário-geral da sigla, Miguel Capobiango, chegou a mencionar que a possível candidatura da defensora à Prefeitura se tratava de uma “construção”.

Carol já foi filiada ao antigo PSC, primeiro partido do atual governador Wilson Lima (União Brasil).

A defensora ficou em quinto lugar na disputa de 2022 para o maior cargo no estado, ao receber 87.114 votos ou 4,55% dos votos válidos.

Alessandra Campêlo

Outra mulher que chegou a declarar que estava preparada para o desafio de sair candidata como prefeita ou vice-prefeita foi a deputada estadual Alessandra Campêlo.

Ainda em 2023, a parlamentar falou algumas vezes sobre a possibilidade, afirmando que se sentia preparada para assumir o desafio.

Todas às vezes que Campêlo falou sobre o assunto, ela enfatizou que saber como o grupo político do qual ela faz parte e o partido que ela preside se articulariam este ano de olho nas eleições era mais importante que o seu desejo.

Mesmo não tendo o nome viabilizado para cabeça de chapa, Alessandra ainda pode ser uma forte candidata a compor uma chapa como vice-prefeita, assim como Carol Braz.

Campêlo exerce atualmente o seu terceiro mandato na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam) e é umas das maiores lideranças femininas no estado.

Joana Darc

Longe dos holofotes políticos devido à licença-maternidade, a deputada estadual Joana Darc também já teve o nome citado como possível candidata, este ano, ao cargo majoritário.

No ano de 2022, durante uma entrevista a um jornal local, a parlamentar chegou a afirmar que tinha um sonho na política que era de ser a primeira mulher prefeita de Manaus. Na ocasião, ela disse que o fato da cidade nunca ter tido uma mulher nesse cargo era algo que a incomodava.

Já em março do ano passado, Darc, ao ser questionada pela imprensa sobre a possibilidade de compor uma chapa com o atual prefeito David Almeida (Avante), como vice, respondeu que seria uma “honra imensa”.

A deputada já foi vereadora por dois mandatos e agora exerce o segundo mandato no Parlamento Estadual. Em 2022, foi reeleita, sendo a segunda candidata com maior número de votos do Amazonas, a primeira mais votada na capital, e a mulher mais votada na história do estado.

Eron Bezerra

O ex-deputado federal e estadual Eron Bezerra também já afirmou, neste mês de abril, que não “costuma brincar” em relação às suas candidaturas, acrescentando que não vai retirar o nome dele e que está à disposição da sua sigla partidária para ser o escolhido da federação composta pelo PT, PCdoB e PV.

A escolha do nome para ser o pré-candidato oficial do grupo político deve ser decidida em âmbito estadual e, caso não se chegue a um consenso, a responsabilidade será da federação nacional.

Anne Moura

A ex-candidata a vice-governadora nas eleições de 2022, na chapa encabeçada por Braga e secretária nacional de mulheres do PT, Anne Moura, tem construído ‘pontes’ para consolidar o nome como a escolhida do seu grupo político desde o encerramento do último pleito. Ela também faz parte da mesma federação a qual Eron pertence.

No início de abril, o ex-deputado federal Marcelo Ramos se filiou ao partido de esquerda e se apresenta como o pré-candidato da sigla em Manaus.

Após a ida do político para o PT, Anne chegou a afirmar em uma entrevista que não é candidata de mentira e que está como pré-candidata há um ano.

Ela disse, ainda, que não irá abdicar desse direito, enfatizando que é do PT desde os seus 15 anos e, portanto, militante raiz, além de ter seguido todas as regras internas da legenda para ser a candidata da sigla de esquerda.

Sinésio, Sassá, Valdemir e Luiz Borges

O deputado estadual Sinésio Campos; o vereador Sassá da Construção Civil; o presidente do PT Manaus, Valdemir Santana e Luiz Borges também chegaram a demonstrar desejo em disputar o cargo de prefeito. Porém, já desistiram da disputa Valdemir Santana, Sassá e Luiz Borges.

Sem apoio

(Foto: Arquivo Pessoal)

Na visão do sociólogo, cientista político, especialista em eleições e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Gilson Gil, é comum que pré-candidaturas ‘pipoquem’, estourem no início do processo, mas para ele, o quadro (oficial) começa a se fixar.

“Com o passar do tempo, alguns não recebem apoio, outros não conseguem fazer um papel bom nas pesquisas. Os financiadores abandonam quando veem que eles não têm poder, alguns não conseguem partidos, outros não conseguem a legenda, outros não conseguem a vaga dentro do próprio partido, enfim, pelas mais variadas razões. É interessante para um político que quer aparecer, se lançar como pré-candidato. Naturalmente o processo político vai expurgando uns e alguns sobrevivem”, enfatizou Gil.

O professor frisou que, por diversas razões, as figuras políticas se lançam como candidatos. Segundo ele, muitos querem aparecer para futuras eleições, outros testam o nível de apoio que possuem e muitos querem mesmo é apenas uma das vagas na CMM.

“O que a gente está vendo, agora, podemos dizer que é uma primeira depuração, a gente está vendo uma limpeza. Acho que quem ainda pode dar problema é o PT. A entrada de Marcelo Ramos quebra os rituais democráticos que o PT tanto se vangloria de ter. Outra situação que ainda está um pouco indefinida é a do Menezes, embora ele já tenha dito, agora, que é vereador, (pré-candidato)”, finalizou o professor.

 

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