Manaus, 27 de abril de 2024
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Cenário

O que fazem os políticos do AM para combater a estiagem?

Para o cientista político Carlos Santiago, este é o momento ideal para observar as ações dos políticos e para que a sociedade reflita acerca de suas escolhas no futuro.

O que fazem os políticos do AM para combater a estiagem?

Políticos do AM (Foto: Reprodução/Redes sociais/Assessoria - Edição/Portal AM1)

Manaus (AM) – Desde que o governador do estado, Wilson Lima (União Brasil), traçou estratégias com o governo federal para levar ajuda humanitária ao interior do Amazonas, que sofre com a estiagem severa deste ano, a bancada amazonense quer “mostrar serviço”. Mas, para o cientista político Carlos Santiago, esse é um dos momentos ideais para que a sociedade reflita sobre suas escolhas políticas.

Conforme Santiago,  já faz um bom tempo que, no Amazonas, não vemos ações voltadas para diminuir os  impactos econômicos, sociais e ambientais da estiagem, como também, das alagações que assolam principalmente o interior do Estado.

“As estiagens sempre aconteceram no Amazonas e na Amazônia – que em 2010 – foi a maior da história, e o governador da época era Omar Aziz, que depois até elegeu o seu sucessor, José Melo. Porém, de lá pra cá, quase nada foi feito para diminuir os impactos ambientais, sociais e econômicos. Então, tanto a pandemia da Covid-19 quanto as estiagens, as queimadas, demonstram a baixa qualidade dos políticos no Amazonas, hoje”.

“O que melhorou de 2010 para 2023, em termo de prevenção de políticas,  para que os impactos da natureza não serem tão grandes para a sociedade, para o povo?”, questionou o cientista político.

Santiago lembra, ainda, que em pouco mais de uma década, não houve mudanças significativas quanto ao problema das estiagens, já que todo ano, no mesmo período, o fenômeno acontece repetidamente e quem mais sofre é povo ribeirinho, em especial.

Mais de 100 botos mortos

Neste ano por exemplo, a seca está sendo comparada às de 2005 e 2010, período em que milhares de peixes e outros animais morreram por falta de oxigênio nas águas e por causa das mudanças climáticas. Somente na semana passada, na última sexta-feira (29), por exemplo, mais de 100 golfinhos da Amazônia, popularmente conhecidos como botos, morreram nas mesmas circunstâncias daquele ano.

Da mesma forma, para o cientista político, a maneira de colocar representantes políticos nas casas legislativas não mudou. Segundo Carlos Santiago, não houve mudanças na qualidade das escolhas políticas para prefeituras, estados e presidência da República e o resultado está aí: “a Covid-19 mostrou bem a falta de responsabilidade dos governantes”, exemplificou.

Na fala do sociólogo, uma das estratégias dos governantes de manter o povo perto é utilizar a mídia para provar que se importam com a sociedade e por meio das desgraças naturais que deixam suas vítimas, ele realizam pequenas ações.

“E tem, também, a mídia com políticos com discurso demagógico ou de fazer o populismo de entregar um rancho, uma rabeta, algo para ganhar simpatia popular, votos para se manter no poder sempre. Se o eleitor amazonense quer mudar a política, melhorar a sua condição de vida, não quer enfrentar tantas dificuldades no momento em que a natureza se manifesta, ele tem que escolher bem os seus representantes. Se não escolher bem, a população vai continuar sofrendo com fenômenos naturais, com pandemia e também a com a incompetência dos governantes que agora buscam a mídia para aparecer diante das desgraças da sociedade”, disse.

Quais são as ações dos políticos do AM na estiagem?

Para exemplificar o que foi dito por Santiago, vemos, no cenário estadual e federal, trouxemos alguns  políticos promovendo “ações solidárias” para com as vítimas da estiagem. Uma dessas pessoas foi o deputado federal Adail Filho (Republicanos) que, junto do prefeito de Coari (a 363 quilômetros), Keiton Pinheiro, seu primo, entregou na última quinta-feira (28), cestas básicas para ribeirinhos da zona rural.

Em sua página no Instagram, o prefeito de Coari publicou a “entrega simbólica” e kits de higiene.  No vídeo, os populares, em sua necessidade, pedem que eles [políticos] não se esqueçam deles.

(Foto: Reprodução/Instagram /Keiton Pinheiro)

O deputado estadual Cristiano D’Ângelo também entregou cestas básicas e água potável em várias comunidades da zona rural de Manacapuru e cobrou, na tribuna da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), a concessionária de energia, Amazonas Energia, para levar o serviço para a comunidade que estava, até àquele dia, há 15 dias no escuro.

(Foto: reprodução/Instagram/ Cristiano D’Ângelo)

Enquanto uns entregam cestas básicas, outros já preparam o terreno de olho nas próximas eleições, é o caso do deputado estadual Cabo Maciel (PL) que entregou instrumentos agrícolas em comunidades da zona rural do interior do Amazonas.

(Foto: Reprodução/Instagram/ Cabo Maciel)

Propostas

Além da seca, as queimadas deste período também é um fator a ser discutido. Até o momento, foram apresentados alguns projetos de lei de deputados estaduais para combater queimadas. Entre eles estão as propostas de Comandante Dan (Podemos) e Mayra Dias (Avante), que buscam fortalecer a conscientização sobre as queimadas.

O deputado Sinésio Campos (PT) já tem uma lei aprovada em 2021, que institui a Semana Estadual de Conscientização, Prevenção e Combate a Prática de Queimadas Urbanas. Mas só voltou a ser falada nos últimos dias, quando a capital do Amazonas esteve encoberta por fumaça de queimadas.

No Congresso

Enquanto deputados estaduais entregam cestas básica e água potável para os afetados pela seca, o deputado federal Amom Mandel (Cidadania) preferiu buscar ajuda no Executivo para combater as queimadas que assolam a região amazônica, que junto da estiagem, dobra a necessidade da criação de medidas emergenciais. As queimadas ocorrem com intensidade por causa da época seca, seja por ação humana ou natural.

“Vamos continuar cobrando o Governo Federal para que tomem medidas efetivas para combater as queimadas. Precisamos de ações emergenciais e não vamos deixar que a devastação do nosso estado seja ignorada”, escreveu o parlamentar em uma publicação no Instagram.

(Foto: Reprodução/Instagram /Amom Mandel)

Silas Câmara (Republicanos), Capitão Alberto Neto (PL), Sidney Leite (PSD), Átila Lins (PSD), Saullo Vianna (UB), Fausto Jr (UB), Adail Filho (Republicanos) e Amom Mandel (Cidadania), que fazem parte da bancada amazonense no Congresso, participaram da reunião com o governador Wilson Lima e o governo federal na última semana, na qual as pautas principais foram as queimadas e a seca dramática que o estado do Amazonas tem vivido.

Além de discutir sobre a estiagem, a bancada também discutiu acerca do dilema da BR-319. Nas redes sociais, além dos deputados federais, os senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD) culparam a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva (Rede), pelo isolamento do Amazonas ao restante do país.

E nesse momento de seca severa, a BR-319 seria uma alternativa para chegar ajuda humanitária ao estado via terrestre. Omar Aziz chegou a dizer: “Pois eu declaro que, se algum amazonense passar fome, a culpada é a senhora ministra Marina Silva, que, por vaidade, não permite a recuperação da BR-319 e sentencia o Amazonas ao isolamento”.

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