Manaus, 10 de maio de 2024
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Manaus, 10 de maio de 2024

Cidades

Estiagem já começa a causar falta de água e aumento no preço de alimentos

Até essa sexta-feira (29), 20 municípios já decretaram situação de emergência, 35 cidades estão em estado de alerta e cinco em atenção.

Estiagem já começa a causar falta de água e aumento no preço de alimentos

(Foto: Chico Batata)

Manaus (AM) – Mais de 100 mil pessoas estão sendo afetadas pela estiagem no Amazonas e esse número pode chegar a 500 mil até o fim do ano. Até esta sexta-feira (29), 20 municípios já decretaram situação de emergência, entre eles, a capital do estado; 35 cidades estão em estado de alerta e cinco em atenção.

(Fotos: Chico Batata)

A agricultora Ileia Duarte dos Santos, moradora do município de Alvarães, a 530 quilômetros de Manaus, relatou ao Portal AM1 que já é possível perceber o aumento no peço de alguns produtos. O município, que fica na Calha do Médio Solimões, é uma das 40 cidades em situação de alerta.

“Os alimentos estavam mais baratos mesmo, o arroz custava R$ 4,75 e agora em alguns lugares está mais de R$ 7. Me falaram que ainda vai subir mais o preço por causa da seca”, disse a agricultora.

A família da agricultora planta banana, mandioca e faz farinha para vender, mas devido à seca, sair da sede do município com os produtos está cada dia mais complicado. “Aqui está muito seco mesmo, as dificuldades estão até para ir para as comunidades, tá muito difícil”, frisou.

Ileia disse que usa uma rabeta para se locomover, mas o tempo para chegar à comunidade Juruamã aumentou com a vazante. “Da cidade para lá da uma hora e meia agora com a seca — mas quando tá cheio, é uma hora para chegar lá na comunidade. A gente vai de rabetinha para comunidade, tem uma praia enorme na frente”, disse.

Estiagem fez surgir extensa praia no Rio Solimões, em Alvarães (Foto: Arquivo Pessoal)

Segundo a agricultora, a seca também afetou o fornecimento de água no município, que também sofre com a fumaça das queimadas que espalha cinzas pela cidade. “A fumaça está horrível aqui também, muita contaminação por conta da fumaça aqui em Alvarães”, disse.

Porém, a estimativa é que a situação se agrave ainda mais em outubro, quando a seca deve ficar mais intensa, segundo a Defesa Civil do Amazonas.

“A previsão é que, devido à influência do fenômeno climático El Niño, que inibe formação de nuvens de chuvas, a estiagem deste ano seja prolongada e mais intensa se comparada a anos anteriores, podendo ultrapassar em 50 o número de municípios atingidos”, informou a Defesa Civil.

Na segunda-feira (25), a Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas (FVS-AM) lançou o Plano de Contingência das Ações de Vigilância em Saúde para orientar os gestores dos municípios para enfrentar as situações neste ano.

Conforme a FVS, o comprometimento ocorre na quantidade e qualidade da
água superficial e subterrânea, na qualidade e quantidade dos alimentos, na qualidade do ar, na limpeza, saneamento, higiene e serviços de saúde.

No município Careiro da Várzea, outro entre os 35 municípios em alerta, a estiagem e os incêndios florestais têm causado transtornos para a população.

A dona de casa Nilceane Araujo, de 36 anos, disse ao Portal AM1 que além de sofrer com a falta de água, ela e os três filhos são obrigados a conviver com o ar poluído.

“Aqui também, às vezes, nem dá água por conta disso (estiagem), às vezes uma semana. Algumas pessoas têm caixa de água fora da casa, aí entram as cinzas dentro e contamina tudo”, disse.

Contaminação dos rios

A estiagem também pode ocasionar danos à saúde pela elevada mortandade de peixes. Nesta semana, no município de Manacapuru, uma grande quantidade de peixes mortos apareceram boiando na superfície do Lago do Piranha.

Em Tefé, mais de 100 botos foram encontrados mortos no lago que leva o nome do município. Em nota, o Instituto Mamirauá informou que equipes de especialistas trabalham no monitoramento, busca e recolhimento de carcaças, coleta de amostras para análise de doenças e da água.

Segundo o Instituto, ainda é cedo para afirmar a causa do evento extremo das mortes, mas deve estar associado ao período da estiagem e à alta temperatura da água do Lago Tefé, que em alguns pontos está ultrapassando a marca de 39 °C”, disse o Instituto em nota.

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