Manaus, 4 de maio de 2024
×
Manaus, 4 de maio de 2024

Cenário

Omar diz que relatório da CPI dará respostas ao AM: ‘vai mostrar quem foi omisso’

Na fase final da CPI da Covid, Omar afirma que o relatório vai deixar claro quem foram os responsáveis pelas omissões no combate à pandemia

Omar diz que relatório da CPI dará respostas ao AM: ‘vai mostrar quem foi omisso’

(Foto: Pedro França/Agência Senado)

BRASÍLIA, DF – Após cerca de cinco meses de trabalhos, a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid-19 chega à sua fase final. O relatório deverá ser entregue nos próximos dias e, segundo o presidente da comissão, senador Omar Aziz (PSD-AM) ao Portal Amazonas1, na última sexta-feira (10), dará respostas à população amazonense.

Ao longo de toda a pandemia de covid-19, o Amazonas viveu períodos de completa tensão e agonia, principalmente na segunda onda da doença, em janeiro deste ano, quando o estado sofreu com a falta de oxigênio nos hospitais públicos e privados, além da explosão de casos diários.

Caminhões com 60 mil m³ de oxigênio chegam a Manaus para abastecer hospitais
Foto: Djalma Junior / Secom

Após concluído, o relatório, que está sendo produzido pelo senador Renan Calheiros (MDB), relator da CPI, deverá ser encaminhado ao presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), e ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).

“Ele [o relatório] será encaminhado aos órgãos competentes, né, e ao presidente do Senado e da Câmara, e vamos cobrar as diligências que têm que ser feitas, né”, disse o senador Omar Aziz ao AM1.  

Segundo ele, além de dar respostas à população brasileira, o relatório também vai dar uma resposta aos amazonenses. “Vai mostrar as omissões do governo federal, os problemas que tivemos aqui por falta de oxigênio, vai mostrar muita coisa. Vai ter que ter [resposta ao Amazonas], vai mostrar quem é que foi omisso, por que o governo não acudiu na hora que tinha que acudir”, afirmou.

Questionado sobre quais teriam sido os pontos altos de toda a CPI da Covid, o senador afirmou que a questão é que as omissões dos governos ocasionaram muitas mortes, que poderiam ter sido evitadas.

“Não é questão de ter um ponto mais alto, não é isso, o que deixou de se fazer, o negacionismo, principalmente, não querer comprar vacina, nós perdemos muitas vidas com isso; poderíamos ter salvo [sic] mais vidas”, disse.

Leia mais: ‘Parar só porque o patrão tá mandando não dá’, diz Omar sobre caminhoneiros

Sem pizza

De uma forma geral, para o senador, a CPI possibilitou uma discussão na sociedade sobre as ações e omissões dos governos em relação à pandemia e não terminou em ‘pizza’, como muitos chegaram a afirmar.

“A CPI trouxe uma discussão para a população brasileira, muitos duvidaram, acharam que ia terminar em pizza e não vai, sempre disse que não ia terminar. E os responsáveis deverão ser punidos pela Justiça. Quando digo ‘o responsável’ tem vários aspectos né. Principalmente em Manaus, por exemplo, ao invés de trazer oxigênio se trouxe aqui o TrateCov, aplicativo que não salvava ninguém. Então, são várias questões que estarão no relatório”, afirmou.

Além disso, em entrevista à VEJA, na sexta-feira (10), o senador Omar Aziz chegou a dizer que o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pode ser enquadrado nos crimes de responsabilidade fiscal por omissões em relação à pandemia.

“Tenha certeza de que todos aqueles que foram omissos em relação à doença, numa conjuntura em que o negacionismo foi muito grande, terão de ser responsabilizados pelos seus atos. Se os indícios forem contra o presidente, não tenha dúvida de que ele estará no relatório final”, destacou.

CPI da Covid
Foto: Agência Senado

Leia a entrevista

Portal Amazonas1: Quais os próximos passos da CPI nesta fase final?

Omar Aziz: Ele [o relatório] será encaminhado aos órgãos competentes, né, e ao presidente do Senado e da Câmara, e vamos cobrar as diligências que têm que ser feitas, né.

AM1: O relatório traz alguma resposta efetiva para a população e, principalmente, para o povo amazonense?

OA: Vai mostrar as omissões do governo federal, os problemas que tivemos aqui por falta de oxigênio, vai mostrar muita coisa. Vai ter que ter, vai mostrar quem é que foi omisso, por que o governo não acudiu na hora que tinha que acudir.

AM1: Na sua avaliação, quais os pontos fortes da CPI da Covid?

OA: Não é questão de ter um ponto mais alto, não é isso, o que deixou de se fazer, o negacionismo, principalmente, não querer comprar vacina, nós perdemos muitas vidas com isso; poderíamos ter salvo [sic] mais vidas.

AM1: Como você avalia, de uma maneira geral, os trabalhos da CPI até aqui?

OA: A CPI trouxe uma discussão para a população brasileira, muitos duvidaram, acharam que ia terminar em pizza e não vai, sempre disse que não ia terminar. E os responsáveis deverão ser punidos pela Justiça. Quando digo ‘o responsável’ tem vários aspectos né. Principalmente em Manaus, por exemplo, ao invés de trazer oxigênio se trouxe aqui o TrateCov, aplicativo que não salvava ninguém. Então, são várias questões que estarão no relatório.

Leia mais: Condução coercitiva de lobistas: ‘há muito a ser desvendado’, diz Omar Aziz

Fase final

Embora esteja caminhando para o fim, a CPI da Covid ainda possui acumulados 377 requerimentos para analisar. Deste total, oito foram apreciados nas reuniões da última semana.

Na próxima terça-feira (14), está previsto para ser ouvido o depoimento de Marcos Tolentino. Ele é apontado como sócio oculto da empresa que forneceu garantia no negócio de compra da vacina indiana Covaxin.

Entre os principais requerimentos a serem deliberados está um que trata da convocação da advogada Ana Cristina Siqueira Valle, ex-mulher do presidente Jair Bolsonaro, por suspeita de “exercer influência” para a nomeação de Leonardo Cardoso de Magalhães ao cargo de Defensor Público-Geral da União.

Senador Omar Aziz (PSD-AM); vice-presidente da CPI da Pandemia, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP); relator da CPI, senador Renan Calheiros (MDB-AL). Foto: Jefferson Rudy/Agência Senado

Outro requerimento busca esclarecer o episódio que provocou a suspensão da partida de futebol entre Brasil e Argentina pelas eliminatórias da Copa do Mundo do Catar. No último domingo (5), fiscais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) interromperam o jogo depois que quatro jogadores argentinos vindos da Inglaterra não cumpriram uma quarentena considerada obrigatória.

Também há a possível convocação de Márcio Queiroz de Morais, ex-funcionário da empresa VTCLog que, em entrevista à imprensa, admitiu ter sacado “milhares de reais em espécie” para a companhia. A VTCLog é suspeita de irregularidades no aditivo de R$ 18 milhões em contrato com o Ministério da Saúde.

A CPI também poderá convocar os deputados estaduais Sargento Lima e Ivan Naatz. Eles atuaram como presidente e relator de uma CPI da Assembleia Legislativa de Santa Catarina criada para apurar irregularidades na compra de 200 respiradores artificiais pela Secretaria da Saúde do estado.

Acompanhe em tempo real por meio das nossas redes sociais: Facebook, Instagram e Twitter.