A operação “Concreto Armado” deflagrada nesta quarta-feira, 18, pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM) com o apoio da Polícia Civil do Estado expôs a relação consanguínea do coordenador da operação, procurador Carlos Fábio Braga Monteiro, com o secretário de Estado de Educação (Seduc), Lourenço Braga, amigo pessoal do governador Amazonino Mendes (PDT), pré-candidato natural à reeleição. Monteiro é sobrinho de Lourenço.
A “Concreto Armado” tem como base denúncias de corrupção e enriquecimento ilícito contra a ex-secretária estadual de Infraestrutura (Seinfra), Waldívia Alencar, que vieram a púbico há nove anos (2009) e atinge os governos de Eduardo Braga (MDB), Omar Aziz (PSD) e José Melo (Pros). De lá para cá, ocorreram pelo menos três eleições estaduais (2010, 2014 e 2017-Suplementar).
Chefe do Ministério Público do Estado desde outubro de 2014, Fábio Monteiro recebeu, oficialmente, as denúncias contra Waldívia um ano depois, e não explicou detalhadamente, na coletiva à imprensa, o motivo da investigação ter passado quase quatro anos para ser concluída no âmbito do MP, apesar do próprio órgão ter ingressado com ações contra a mesma secretária – por suspeita de fraude em licitações – em 2016.
Também chamou atenção, a decisão de Monteiro em não ter convidado para integrar a operação os membros do Ministério Público Federal (MPF), no Amazonas, já que Waldivia Alencar recebeu repasses milionários de órgãos ligados ao governo federal, quando esteve à frente da Seinfra (2009-2015).
Outro ponto questionável é a participação direta da Delegacia Geral de Polícia do Amazonas na operação, cujo comandante é um servidor público indicado pelo governador Amazonino Mendes, o delegado-geral Mariolino Brito.
Pelas fartas provas apresentadas pelo Ministério Público do Amazonas, não há dúvidas do envolvimento de Waldívia Alencar nos crimes apontados pelo procurador-geral de Justiça. A dúvida reside na escolha do período em que eles foram levados à imprensa, a menos de seis meses da eleição para a escolha do novo governador, e a quem beneficiou a repercussão do caso…
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