Manaus, 28 de abril de 2024
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Cenário

Pais de família da empresa Açaí cercam David Almeida na Ponta Negra: ‘estamos passando fome’

David Almeida disse que já fez o repasse dos valores, porém, culpou a Justiça Trabalhista de não liberar a verba aos funcionários da Açaí

Pais de família da empresa Açaí cercam David Almeida na Ponta Negra: ‘estamos passando fome’

Foto: Reprodução

MANAUS, AM – Durante a inauguração do presépio natalino, na última quarta-feira (8), no Complexo Turístico da Ponta Negra, o prefeito de Manaus David Almeida (Avante) foi interceptado por trabalhadores da empresa de transporte coletivo Açaí Transportes, que encerrou suas atividades em julho deste ano e deixou os trabalhadores sem seus direitos trabalhistas.

Em vídeos que o Portal Amazonas1 teve acesso com exclusividade, é possível ver o exato momento em que o prefeito é cobrado pelos pagamentos que ainda não foram depositados. Os trabalhadores já fizeram diversas manifestações e, até então, não conseguiram receber os valores. Desempregados em plena pandemia, a situação é de desespero.

Em dado momento um dos manifestantes diz: “Tem muita gente que não está trabalhando, senhor, estamos desempregados. No meio da confusão, uma mulher grita: “Nós vamos passar o Natal sem uma cesta [básica], prefeito!”

Outro trabalhador que está gravando o vídeo diz ao prefeito: “o prefeito, aqui! [sic] cobrando ele para pagar nós [sic] aqui da Açaí”. Outro manifestante diz que o prefeito David Almeida marcou reunião e não atendeu o presidente da categoria.

“O senhor marcou na terça-feira (7) e não atendeu nosso presidente. O senhor é autoridade nessa cidade como o senhor não sabe de nada?”, disse um dos trabalhadores da Açaí.

Enquanto isso, outro diz a David: “estou com ódio, eu estou com ódio!”, referindo-se à situação que vem se protelando desde julho, quando a empresa alegou que não havia mais condição de operar no sistema de transporte coletivo da cidade.

SEGURANÇA

Protegido por seguranças e visivelmente acuado, David diz que já fez o depósito e que a conta é judicial e não pode fazer mais nada pelos trabalhadores. “Nós já depositamos R$ 7 milhões de reais, só que é uma conta judicial. Eles não permitem passar para aquela empresa Açaí, que está em fase de recuperação. Só posso passar o dinheiro para vocês se a Justiça determinar uma conta para depositar para vocês. Eu não posso fazer mais nada!”, disse David aos trabalhadores, que responderam na hora, ressaltando que ele é o prefeito da cidade: “O senhor pode prefeito! O senhor pode. É a prefeitura que comanda o sistema!”, disse um dos trabalhadores.

A confusão generalizada continuou com muitos trabalhadores da empresa reclamando da postura de David. “Agora, vai ficar nessa balela. Nós queremos receber antes do Natal, prefeito. Nós queremos dar uma cesta básica para nossas famílias, prefeito! Nós estamos passando fome, prefeito!”, diz um pai de família, enquanto o presépio que faz parte da decoração de Natal milionária da prefeitura estava sendo prestigiado.

Essa não é a primeira vez que David é interceptado pelos trabalhadores da Açaí Transportes para ser cobrado. Eles já tentaram conversar com o prefeito David Almeida em outro momento. Segundo o próprio prefeito, ele mesmo já chamou até o procurador do município para conversar com os trabalhadores. O transporte público é uma concessão da Prefeitura de Manaus e David prometeu, desde a campanha, “arrumar a casa”, que segue um caos.

Leia mais: Greve, confusão e caos: transporte público em Manaus piora na gestão de David Almeida

Em outro trecho do vídeo, os trabalhadores dizem que o prefeito se comprometeu a pagá-los e que eles não ficariam sem receber, porque ele [prefeitura] pagaria as pendências dos motoristas e cobradores. “O senhor falou que ninguém ia pegar calote, que o senhor ia nos pagar [sic]!”, disse um dos trabalhadores.

Os gritos de pedido de ajuda continuaram sendo feitos pelos trabalhadores ao prefeito e o clima ficou tenso: “Nos ajude, nós temos filhos, prefeito. Nos ajude! [sic]”.

Ainda no vídeo, é possível perceber que os trabalhadores quase choram implorando ajuda de David Almeida, que apenas coloca a culpa na Justiça do Trabalho por não liberar o pagamento.

A equipe de reportagem procurou a assessoria de comunicação da Prefeitura de Manaus, assim como o Instituto Municipal de Mobilidade Urbana (IMMU) para saber mais detalhes das tratativas entre a prefeitura e os empregados da Açaí, todavia, até o momento, não obteve retorno das solicitações; espaço segue aberto para esclarecimentos.

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