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Cenário

Para evitar o ostracismo, políticos do AM adotam estratégias para alcançar status e poder

Acompanhe uma linha do tempo com os principais nomes da política amazonense que fizeram dos cargos eletivos uma profissão de carreira.

Para evitar o ostracismo, políticos do AM adotam estratégias para alcançar status e poder

(Fotos: Marcelo Camargo/Agencia Brasil; Alex Pazuello/Agecom-AM; Prefeitura de Manaus; Rosevelt Pinheiro/Agência Senado; Pedro França/Agência Senado; Alex Pazuello/Secom)

Manaus (AM) – Os políticos brasileiros e, não diferente, os amazonenses, em sua maioria, são pessoas as quais os cidadãos conhecem por permanecerem por décadas no poder até caírem no ‘esquecimento’, depois de uma vida de status, influência e de muito dinheiro.

Para isso, eles utilizam estratégias para se manter no poder por longas gerações. Muitos são bastante conhecidos no meio político e pelos eleitores amazonenses, como os atuais senadores Eduardo Braga (MDB) e Omar Aziz (PSD), que desde o início dos anos 2000 figuram como fortes representantes do estado do Amazonas.

Braga trilhou o ‘caminho padrão’ que um político almeja, iniciando sua carreira como vereador nos anos de 1983 a 1987, em seguida, foi deputado estadual no período de 1987 a 1991.

Eduardo também se tornou deputado federal de 1991 até 1993. Após esse período, o político ocupou a cadeira de vice-prefeito de Manaus (1993 a 1994). Depois, ele foi ascendendo, conquistando, dessa vez, nos anos de 1994 a 1997, a Prefeitura da capital amazonense.

Nos anos de 2003 a 2010, o atual senador foi governador do Amazonas, ou seja, ocupou o maior cargo no estado por dois mandatos consecutivos. Após esse longo período, tornou-se ministro de Minas Energia, no governo da ex-presidente Dilma Rousseff  (PT).

Atualmente, Braga é senador do Amazonas desde o ano de 2011 – o que significa que está ocupando a cadeira há 12 anos e sete meses.

Outros políticos que revezaram nos cargos foram os ex-governadores, já falecidos, Gilberto Mestrinho e Amazonino Mendes. Gilberto foi governador pela primeira vez entre os anos de 1983 a 1987.

Logo em seguida, Amazonino foi quem se tornou governador no período de 1987 a 1990. Após o período de um ano, Mestrinho voltou novamente ao poder nos anos de 1991 a 1995. Depois, Mendes retornou ao comando do estado de 1999 a 2003.

Entre estes nomes conhecidos, Omar é o que assumiu cargos importantes pela primeira vez mais recentemente. Aziz se tornou governador no ano de 2010 e foi também quem comandou o Amazonas nos anos de 2011 a 2014.

José Melo (Pros) foi quem sucedeu o atual senador do PSD na época. Melo permaneceu na cadeira por apenas dois anos, após ter sido cassado pela Justiça Eleitoral.

Após Omar deixar o Governo do Amazonas, ele se candidatou ao cargo de senador, onde está até hoje (2015 até agora).

Melo não conseguiu mais ganhar eleições após ser cassado. Quem assumiu o restante do seu governo foi o atual prefeito de Manaus, David Almeida (Avante), que na época era deputado estadual e ocupava a presidência da Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam).

Depois do fim do mandato que era de José Melo, foi realizada uma eleição suplementar, da qual Amazonino Mendes saiu vitorioso, permanecendo no posto de governador de 2017 até janeiro de 2019.

Nas eleições de 2018, o atual governador Wilson Lima (União Brasil), que é jornalista e, na época, era apresentador de um programa de TV, foi eleito pela primeira para ser governador. Um diferencial na história da política amazonense, uma vez que Lima não chegou a ser vereador ou deputado estadual.

Outros que alcançaram histórias um pouco diferente foram Amazonino e Arthur, que saíram da prefeitura para o Senado Federal.

Prefeitos

Além de Braga, Gilberto também foi prefeito da capital do Amazonas nos anos de 1956 a 1958. Amazonino também, de 1983 a 1986; de 1993 a 1994; e 2009 a 2013; assim como Alfredo Nascimento no ano de 1988 e no período de 1997 a 2004.

Serafim Corrêa ocupou também a maior cadeira em Manaus nos anos de 2005 a 2009. Além de Arthur Neto nos anos de 1989 a 1993 e por dois mandatos consecutivos: 2013 a 2017 e 2018 a 2021.

O sucessor de Arthur é David – que está no comando da Prefeitura de Manaus desde 2021.

Trajetória comum

A reportagem do AM1 ouviu o sociólogo, cientista político, especialista em eleições e professor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Gilson Gil, sobre essa troca de cargos entre os políticos amazonenses como uma forma de garantir a permanência no poder.

O especialista explicou que os políticos pensam em trajetórias, como uma carreira mesmo, iniciando como vereador, passando pelos outros cargos até chegar ao cargo de governador.

“É como se fosse uma carreira. Eles pensam na sua trajetória dessa forma. O Senado é uma espécie de aposentadoria para eles. É comum que os políticos queiram subir de cargo”, explicou.

Gil enfatizou que político sem cargo é uma pessoa comum e como consequência perde todo status, influência, poder e dinheiro e, por isso, eles sempre querem ter cargos, uma vez que fora do cenário político voltam ao ostracismo e deixam de ser lembrados.

O cientista político lembrou, ainda, que senadores geralmente são ex-governadores, mas citou um exemplo em que, às vezes, acontecem exceções como a do atual senador Plínio Valério, que não tinha mandato quando conseguiu se eleger ao cargo de senador em 2018.

“Wilson é a exceção também em 2018, porém, já se reelegeu e, agora, quer o Senado – tornando-se igual aos outros. A Vanessa (Grazziotin), por exemplo, virou deputada federal vindo de um cargo de vereadora. Há casos extremos assim, uma vez que cada eleição produz suas próprias histórias”, frisou o professor.

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