Manaus, 21 de maio de 2024
×
Manaus, 21 de maio de 2024

Política

Leite pediu a Doria para adiar início da vacinação e beneficiar Bolsonaro

Governador do RS teria ligado para o colega de São Paulo para pedir "coordenação e engajamento" na vacinação com o governo federal

Leite pediu a Doria para adiar início da vacinação e beneficiar Bolsonaro

SÃO PAULO, SP – Uma conversa de janeiro de 2021 entre os governadores Eduardo Leite (PSDB-RS) e João Doria (PSDB-SP) veio à tona nesta quarta-feira (17), às vésperas das prévias que definirão o candidato do PSDB à Presidência da República. Na conversa, Leite e Doria conversam sobre a aplicação das vacinas contra a covid-19.

Conforme revelado pela Folha de S.Paulo, Eduardo Leite foi procurado pelo general Luiz Eduardo Ramos, então secretário de Governo da Presidência da República, pedindo que este conversasse com João Doria para que o paulista alinhasse o início da vacinação contra a covid-19 em São Paulo, para ajustá-lo com a vacinação federal. O gaúcho ligou para o paulista no dia 15 de janeiro, mas a resposta foi negativa.

Leia mais: Doria e Virgílio emitem nota contra pedido de Leite para adiar prévias do PSDB

Eduardo Leite admitiu que foi atrás de Doria, e disse que não foi um “pedido de intervenção, mas um pedido de reflexão”. Àquela altura, o início da vacinação no país estava atrasado, e a cidade de Manaus já padecia com o ápice da segunda onda da pandemia. “Talvez tivesse sido positivo ao país que se fizesse um esforço de coordenação e engajamento, já que era uma questão nacional. Mas é um episódio superado”, afirmou o gaúcho.

A notícia da ligação caiu como uma bomba entre os tucanos, e já começou a trazer dor de cabeça para Eduardo Leite. Nas redes sociais, o governador foi alvo de diversas críticas por parte de tucanos e até mesmo por figuras de esquerda. O caso ainda beneficia João Doria, que traz o “pioneirismo na vacinação” como sua bandeira eleitoral dentro do partido.

Repercussão

Em entrevista ao colunista Lauro Jardim, de O Globo, Doria disse que chegou a responder que estava “ao lado da vida e dos brasileiros”. “Lamento, Eduardo, que você tenha se prestado a atender um pedido dessa natureza do general Ramos. Diga a ele que vamos iniciar a vacinação, tão logo a Anvisa [Agência Nacional de Vigilância Sanitária] autorize a utilização da Coronavac”, teria dito o paulista.

Eduardo Leite reagiu à entrevista de Doria, e disse que o governador quis se atribuir uma “frase heroica” que não aconteceu. Segundo a nota, Leite ligou para o paulista para debater como os dois conduziriam a questão, uma vez que o governo federal estava inflexivo quanto a aceitar a vacinação ampla.

“Privilegiariam a coordenação nacional num momento em que o governo federal assumira o compromisso de vacinar, ou trabalhariam sem ela? Doria rechaçou a coordenação nacional e disse que iria conquistar, a qualquer custo, a aplicação da primeira vacina. Leite questionou se isso seria seguro para a população —valia a pena sacrificar a ideia da coordenação nacional? Doria respondeu: ‘Eu vou aplicar a primeira vacina, custe o que custar’. Leite, então, desistiu de continuar a conversa”, diz a nota.

(*) Com informações da Folha de S.Paulo.

Acompanhe em tempo real por meio das nossas redes sociais: Facebook, Instagram e Twitter