Manaus, 26 de abril de 2024
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Manaus, 26 de abril de 2024

Cidades

Grupos criminosos travam disputa por território com ‘banho de sangue’ em Manaus

Guerra se intensificou após o racha interno na facção Família do Norte (FDN), em que líderes brigam pelo domínio de pontos de vendas de drogas

Grupos criminosos travam disputa por território com ‘banho de sangue’ em Manaus

No Beco JB Silva, na Betânia, o tráfico é comandado pelo Comando Vermelho (Foto: Márcio Silva/Amazonas1)

A disputa entre as facções criminosas Família do Norte (FDN) e Comando Vermelho (CV) por áreas de tráfico em Manaus tem deixado um rastro de sangue em toda as zonas da capital, em especial, a zona Sul.

Segundo o titular do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (DRCO), delegado Sinval Barroso, essa guerra se intensificou no início do ano após o racha entre os líderes da FDN, José Roberto Fernandes, o “Zé Roberto da Compensa” e João Pinto Carioca, mais conhecido como João Branco. A facção amazonense já tinha rompido, em 2018, com o CV após os líderes da FDN descobrirem um plano de traição de Gelson Carnaúba, o “Mano G”.

“Essa situação se intensificou quando o CV se viu motivado a assumir com mais força e agir com violência. Quando desequilibra um lado, o outro se vê no direito de atacar e aumentar a violência, depois vem a contra-reposta dessa situação quando elas se reorganizam, que no caso, foi o troco da FDN”, explicou Sinval.

Dos bairros que compõe a zona Sul, Educandos, Betânia, Crespo, São Lázaro, Mauazinho e Colônia Oliveira Machado, os dois últimos são considerados os mais perigosos. Isso porque o Mauazinho, que já foi dominado por João Branco, e a Colônia, são rodeados pelo rio Negro que serve como porta de entrada para o tráfico de drogas.

Atualmente, a disputa em Manaus se restringe a FDN x FDN pura e CV. O Primeiro Comando da Capital (PCC), que nasceu na cidade de São Paulo, tem buscado a rota do rio Solimões que dá acesso ao entorpecentes produzidos no Peru e a Colômbia, atuando apenas no interior do Amazonas.

‘Intervenção, sempre que necessário’

Em entrevista coletiva na manhã desta quarta-feira, 30, o secretário de Segurança Pública, coronel Louismar Bonates, afirmou que a polícia tem monitorado a situação e afirma que pretende intervir sempre que necessário.

“Nessa madrugada nós tivemos uma intervenção onde 17 faccionados foram a óbito e isso é um recado. A gente espera que eles percebam que essa guerra que eles querem travar envolvendo a população e tentando por vezes reagir contra a polícia, tem esse destino”, disse Bonates.

“Sabe-se que eles chegaram em um veículo de porte específico e estavam trocando tiros com criminosos de outra facção, por isso a população acionou a polícia. Não sabemos quantos estavam no local, apenas que 17 foram atingidos”, acrescentou.

Os baleados foram socorridos e levados ao Hospital e Pronto-Socorro, 28 de Agosto, onde chegaram a receber atendimento médico, mas não resistiram aos ferimentos e morreram.

O primeiro morto usava tornozeleira eletrônica e foi identificado como Michel dos Santos Cardoso, cuja idade não foi informada. Questionado sobre o monitoramento das tornozeleiras, que é de responsabilidade do poder público, Bonates limitou-se a dizer que o serviço é atribuído a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) e que não saberia informar se a pasta estava ciente das recentes atividades de Michel.

Foram apreendidas 17 armas na ocorrência, entre pistolas, revólveres, uma submetralhadora UZI e uma espingarda modificada.