Depois de contratar uma empresa do Rio de Janeiro por R$ 5,9 milhões para impressão e reprodução de documentos, a Prefeitura de Manaus tenta justificar o gasto e diz que as escolas têm impressoras para atender às necessidades de ensino – uma realidade bem distante da que vivenciam os professores. “Temos que fazer cineminha a R$ 1 por criança para comprar papel e tinta”, disse uma professora que preferiu não se identificar.
Segundo a Secretaria Municipal de Educação (Semed), o contrato com a Mac ID inclui a substituição de máquinas impressoras por modelos mais modernos, além das peças que necessitarem de troca como toner, revelador, fusor e engrenagens.
O problema, segundo professores ouvidos pela reportagem do Amazonas 1, é que a quantidade de cópias possíveis é insuficiente para atender à demanda mensal das turmas. Em algumas escolas, há um limite de impressão de 70 cópias por professores. “O que são 70 cópias para 35 crianças?”, questionou a professora do início desta reportagem.
Para suprir a necessidade das turmas, os professores fazem rifas, brechós, vendem picolé e até realizam competição de queimada para comprar toner.
Segundo ela, em uma das escolas onde trabalha, há limite de cópias mensais. Já na outra, os professores nem mesmo têm acesso à impressora, que fica à disposição da secretaria da unidade de ensino para imprimir documentos.
Outra professora, que também preferiu não se identificar, muitas vezes os professores precisam tirar dinheiro do próprio bolso para reproduzir os documentos para as crianças. “Os professores têm que disputar quem imprime primeiro seus trabalhos. Os que não conseguem, levam o documento para casa, onde usam sua própria impressora”, disse.
A Semed disse que o contrato com a Mac ID vai atender 499 unidades de ensino, além de prédios administrativos em 2018, o que vai gerar uma economia de R$ 1 milhão por ano na compra de papel.
A justificativa do contrato foi dada pela diretora do Departamento Administrativo e Financeiro (Deafin) da Semed, Clécia Sahid. A secretária de Educação não se pronunciou sobre o contrato milionário.
“Considerando nossos gastos atualmente, o contrato com essa empresa, dividindo os valores entre nossas 499 unidades educacionais, mais as áreas administrativas, além de compras com equipamentos e agilidade do processo, chegamos a conclusão de que teremos uma economia bem significativa”, disse Clécia Sahid.
De acordo com o chefe da Divisão de Gestão de Tecnologia da Informação (DGTI), Ailton Galvão, todas as escolas da rede possuem, pelo menos, uma máquina de impressão, que é utilizada pela secretaria e pelos professores para imprimir provas ou algum tipo de atividade pedagógica.
“Em toda a rede, nós temos mais de 500 máquinas sendo utilizadas diariamente e várias vezes durante o dia. Com isso, o tempo de vida útil é reduzido e nós sempre estamos precisando de manutenção, por isso necessitamos de um serviço que nos dê esse suporte de forma imediata”, explicou Ailton.
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