Manaus, 20 de maio de 2024
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Manaus, 20 de maio de 2024

Cidades

Projeto oferece apoio gratuito às vítimas de violência doméstica

O Projeto Fênix Amazonas já atendeu cerca de 500 mulheres durante os três anos de atividades

Projeto oferece apoio gratuito às vítimas de violência doméstica

Foto: Reprodução

Prestando assistência há três anos, o Projeto Fênix Amazonas atende gratuitamente mulheres que sofreram agressões, tanto física quanto psicológica. A ajuda oferecida conta com orientação jurídica e aconselhamento psicológico. De acordo com a economista e fundadora, Jacqueline Suriadakis, o projeto já amparou cerca de 500 mulheres durante os anos de atividade.

Segundo a fundadora, a ideia de criar uma rede de apoio às vítimas surgiu após vivenciar um relacionamento abusivo. “Vivi quase duas décadas e não conseguia me libertar da violência psicológica. Quando consegui sair do relacionamento, surgiram pessoas que pediram ajuda, pois estavam passando pela mesma situação. Comecei a ajudar, indicando para psicólogas para atendimento gratuito e, assim. foi surgindo o Fênix’’, explica.

O projeto conta com 20 colaboradoras entre advogadas, psicólogas, assistentes sociais, economistas, sociólogas, administradoras, contadoras, pedagogas, além de voluntários. Todas as colaboradoras fazem o acompanhamento das vítimas, auxiliando na hora de registrar o boletim de ocorrência, até o momento em que a vítima busca por abrigo, onde é realizada orientação psicológica.

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A busca pelo Projeto Fênix aumentou durante o isolamento social, assim explica Jacqueline. De acordo com a economista, o número de vítimas acolhidas durante a pandemia representa metade da quantidade de mulheres amparadas pelo projeto. ‘’Esse número é alarmante, cerca de 50% das vítimas nos procuraram, e isso mostra a vulnerabilidade da mulher com o isolamento social’’, comenta.

Segundo a fundadora, os meses de maio, junho e julho foram os meses que o projeto mais prestou assistência às vítimas de violência física. Ela ainda afirma que os principais autores das agressões são companheiros ou ex-companheiros, e, geralmente, possuem vício em substâncias ilícitas ou bebidas alcoólicas.

Além disso, a economista explica que foram 70 atendimentos durante os meses que mais prestaram assistência na pandemia – número superior ao do ano de 2019, onde foram amparadas, ao todo, 30 vítimas.

Sem auxílio governamental, o projeto atua de maneira presencial e on-line. Por conta de tentativas de trotes, Jacqueline não divulga o endereço e o telefone para contato, mas é possível buscar ajuda pelas redes sociais, como Instagram (@projetofenixamazonas) e Facebook (facebook.com/projetofenixamazonas).

Aumento de casos de violência doméstica

Foram 25.132 ocorrências de violência doméstica registradas em 2020 no Amazonas, seis mil casos a mais que 2019. Durante o isolamento social, houve um aumento nos meses de maio a novembro do ano passado, registrando cerca de 700 casos por mês, conforme mostram os dados da Secretaria de Segurança Pública do Amazonas.

De acordo com a delegada Marilia Campello, adjunta da Delegacia Especializada em Homicídios e Sequestros (DEHS), os casos mais registrados durante a pandemia foram lesão corporal, ameaça e injúria.

As ocorrências de injúria foram as mais registradas em 2020, totalizando 7.343, com destaque para o mês de agosto onde foram anotados 771 episódios. Comparado ao mesmo período de 2019, foram apenas 393 fatos, com um total de 5.388 casos. Também houve aumento nos casos de feminicídio, registrando 16 ocorrências, contra nove feminicídios anotados em 2019.

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De acordo com a delegada titular da Delegacia da Mulher, Débora Mafra, os registros de violência doméstica tiveram um aumento significativo durante a pandemia. ‘’Recebemos muitas denúncias, sendo a maioria anônima, de vizinhos ou até mesmo da própria vítima pelo telefone e pela central interativa’’, explicou. Ainda segundo a delegada, a zona norte de Manaus é a região que reporta o maior número de registros.

Na maioria das ocorrências, os autores são os filhos e ex-companheiros, assim explica a delegada. No que se refere à motivação do crime, estão o uso de drogas, consumo de álcool e a tentativa de reatar o relacionamento.

Após feito o boletim de ocorrência, a Delegacia da Mulher presta suporte à vítima. ‘’Os agentes acompanham a vítima e vão até a casa dela buscar os seus pertences. Há casos em que a pessoa precisa de abrigo, que é oferecido por meio do Sistema de Apoio Emergencial a Mulher (SAPEM). Em outras situações a própria pessoa aponta um lugar seguro onde possa ficar e realizamos esse acompanhamento’’, comenta.

Apesar do acolhimento, a delegada afirma que cerca de 20% das mulheres que sofreram violência doméstica retiram a queixa. Segundo ela, as vítimas voltam a ter contato com os agressores, e até mesmo reatam o relacionamento.

Para as mulheres que vão adiante com o caso, a Delegacia da Mulher realiza a Ronda Maria da Penha, que fiscaliza os registros de violência contra mulher nas zonas de Manaus, além de supervisionar, caso alguma medida protetiva seja descumprida.