Manaus, 18 de maio de 2024
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Manaus, 18 de maio de 2024

Cenário

Reajuste de 170% em despesas com saúde é ‘desnecessário’, dizem deputados do AM

Em meio à pandemia da covid-19, o reembolso das despesas de assistência a saúde de todos os deputados federais passou de R$ 50 mil para R$ 135 mil

Reajuste de 170% em despesas com saúde é ‘desnecessário’, dizem deputados do AM

Foto: montagem

MANAUS – Em meio a uma crise na saúde pública provocada pela segunda onda da covid-19 no país, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (Progressistas-AL), aumentou em 170% o valor do reembolso das despesas de assistência a saúde de todos os deputados federais, passando de R$ 50 mil para R$ 135 mil.

Para três dos oito parlamentares da Bancada Federal do Amazonas ouvidos pelo Portal Amazonas1, o reajuste foi visto como “desnecessário”. É o caso do deputado federal José Ricardo (PT-AM).

O petista afirma que o valor anterior já era alto e que os parlamentares já têm direito ao plano de saúde, pago por cada um no valor de R$ 630 mensal.

“Eu pago o meu e sou contra aumentar privilégios aos parlamentares. Não há necessidade, principalmente, neste momento em que o país passa por uma grave crise sanitária, com o agravamento da pandemia da covid-19”, critica.

De olho na população

Segundo ele, os deputados devem se atentar aos problemas da população e agora com a vacinação, cobrando mais agilidade do Governo Bolsonaro.

“Devem se preocupar com os desempregos, lutando por um auxílio mais justo – eu continuo defendendo o retorno dos R$ 600; e por auxílio às micro e pequenas empresas, para que possam voltar a trabalhar com mais segurança e ter o mínimo de renda para sustentar suas famílias”, completa José Ricardo.

O deputado federal Bosco Saraiva (Solidariedade-AM) foi outro parlamentar do Amazonas que se mostrou contrário a alta no limite de despesas médicas dos parlamentares na rede privada.

“Acho desnecessário o tal reajuste, mesmo porque não se trata de despesa automática, mas de um limite máximo para uso caso haja necessidade. Espero manter minha saúde boa sem necessidade de usar um único centavo.”, declara.

O deputado federal Delegado Pablo Oliva (PSL-AM) também se pronunciou sobre o assunto e disse ser contra gastos extraordinários, além dos já necessários ao desempenho do mandato.

“Desde o início do meu mandato, abri mão de benefícios como a aposentadoria especial, auxílio moradia no valor de R$ 4.253, e outros auxílios que considero desnecessários. Reitero também que nunca pedi ressarcimento de nenhuma despesa de saúde, mesmo que seja garantida por Lei”, afirma.

A reportagem também tentou falar com os demais parlamentares que compõem a bancada federal do Amazonas, mas não houve retorno até a publicação desta matéria.

Reajuste

O reajuste foi publicado no início desta semana, em edição extra do Diário Oficial da Casa, justificando que o valor estava “defasado”. Mas vale mencionar, que o reembolso não é a única despesa médica paga aos deputados.

Leia mais: Lira eleva reembolso, e deputado terá R$ 135 mil para saúde

Eles e seus dependentes têm direito a atendimento no Departamento Médico da Câmara (Demed). Também existe o programa de assistência à saúde da Câmara (Pró-Saúde), citado pelo deputado José Ricardo, com contribuição mensal de R$ 630  e quota-participação de 25% sobre o valor de toda despesa médica realizada.

Fora esses benefícios de saúde, o salário de um deputado custa R$ 33,7 mil por mês aos cofres públicos.