Manaus, 26 de abril de 2024
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Cenário

Religião x política: especialista do Amazonas explica influência na pandemia

O cenário pandêmico trouxe reflexão sobre o exercício da fé e religião para dentro dos plenários

Religião x política: especialista do Amazonas explica influência na pandemia

Foto: Márcio Silva / Portal AM1*

MANAUS, AM  – O diálogo entre política e religião continua cercado de polêmica, e, na pandemia, as coisas não mudaram e até trouxeram reflexos para o cenário estadual e nacional. No Amazonas, o trabalho da bancada evangélica trouxe a antecipação do retorno de cultos em templos e igrejas. Para alguns, o retorno de igrejas é um reforço no atendimento de pessoas, para outros, o aumento e risco de contaminações.

Portal Amazonas1 conversou com representantes amazonenses da bancada cristã sobre os trabalhos desenvolvidos nesta pandemia e com um especialista político sobre a influência das decisões.

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Retorno de Cultos 

A Assembleia Legislativa do Amazonas (ALE-AM) aprovou, no dia 6 de maio, por um projeto de lei do deputado João Luiz (PRB), que autorizou a reabertura de igrejas e templos no Amazonas no período de pandemia. Pela pressão da liderança cristã e a aprovação na Casa, o governador Wilson Lima (PSC) resolveu incluir a reabertura de templos e igrejas no dia 1° de junho de 2020.

Para o deputado João Luiz, presidente da Frente Parlamentar Cristã da Aleam, a bancada realizou e ainda realiza importantes papéis voltados para pessoas nessa pandemia. “No ano passado, com o fechamento das igrejas, apresentamos e aprovamos o projeto de lei que se tornou a Lei 5.198/20, reconhecendo as igrejas e templos de qualquer culto como atividade essencial em períodos de calamidade pública”, declara.

Epidemiologistas explicam que o índice de contaminações no Amazonas continua alto para o retorno de concentrações em igrejas. O cientista político Jack Serafim conta que o parlamento é composto por blocos que representam pilares da sociedade e isso implica, muitas vezes, em medidas que possam ter esse público como protagonista.

“A democracia tem como pilar a representatividade. Se a representatividade não existe, não for equilibrada, a democracia não é forte. Agora, é natural que qualquer bloco tende a fazer medidas que possam favorecer esse público, isso no âmbito cristão, LGBTQ e outros”, explica.

Bancada cristã na Câmara

Além de João Luiz na Aleam, o vereador Raiff Matos, do Democracia Cristã (DC), pertence à Frente Parlamentar Em Defesa da Vida e dos Valores Cristãos (Fepacri). O vereador é atuante nas redes sociais e sempre apresenta os trabalhos e opiniões desenvolvidas na Câmara dos Vereadores.

“Conjuntamente, foram poucas as ações até o momento, mas, individualmente, todos os vereadores estão ativos. Não posso falar pelos outros, mas tenho trabalhado muito, antes mesmo da nomeação. Durante a pandemia, nosso gabinete realizou diversas atividades”, declara.

Neste caso, o especialista explica que a quantidade de pessoas representando cada bloco social, dentro de um parlamento, fica de total responsabilidade aos eleitores. “Qualquer força ou qualquer poder majoritário dentro de um parlamento depende da própria sociedade, agora, o cuidado que se deve ter com grandes poderes são os possíveis excessos. Às vezes, nessa busca por fatias, outras frentes podem ser atropeladas”, declara.

Religião X conflito de interesses

No cenário nacional, o deputado federal Silas Câmara (Republicanos) representa a bancada cristã na Câmara dos Deputados. Ao Amazonas1, Silas deixou claro que os trabalhos e atuações desenvolvidos durante a pandemia não estão atropelando outras frentes, nem puxando a maior ‘fatia’, e sim, estão lada a lado com causas humanas.

“A bancada cristã se aliou com a vontade e a necessidade da população brasileira. A bancada cristã votou no orçamento de guerra, a bancada cristã votou no auxílio emergencial, a bancada cristã votou repasses para estados e municípios. A bancada cristã prestou um serviço pró-população brasileira e pró-Amazonas”, declara.

Foto: Márcio Silva/Portal AM1

Jack Serafim ressalta que o país passa por responsabilização por decisões ou falta de decisões que resultaram no colapso na saúde e mortes da pandemia. Para o cientista político a responsabilidade pelas 400 mil mortes ainda vai chegar.

“O Brasil vai ser lembrado como o país que mais foi irresponsável com a pandemia no mundo. Isso se explica nas 400 mil mortes. No estante em que você fecha bibliotecas, mas abre igrejas, fica claro que o que está acontecendo é proselitismo, fica claro a politicagem e o conflito de interesses. Os números explicam e mostram a nossa realidade, eu acredito que a política e religião devem andar juntas e que Deus mostrou o caminho a ser seguido nessa pandemia para algumas pessoas, mas outros preferiram ir por outro, por interesse!”, finaliza.