Sem um plano estratégico de inteligência para conter o crime organizado em Manaus, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) reproduz a gestão do Rio de Janeiro e antecipa uma das diretrizes do Pacote Anticrime do ministro da Justiça, Sérgio Moro, com o aval à ação que matou 17 suspeitos de tráfico na zona sul, nesta quarta-feira, 30.
O pacote exclui a culpabilidade de condutas ilegais de policiais, se o excesso decorrer de medo, surpresa ou violenta emoção. Há oito dias, a coluna Cenário e coluna ‘CLARO & ESCURO’ chamaram a atenção para o surto de execuções em Manaus causado pelo tráfico, nos últimos dois meses.
Se a SSP-AM voltasse a usar o seu departamento de inteligência, o confronto do Crespo não pegaria de ‘surpresa’ a polícia. Também, não causaria desespero às famílias que vivem no local e que por ‘sorte’ – e não por técnica policial – não se juntaram aos suspeitos mortos.
Com a ‘carta branca’ para matar, os policiais do Rio de Janeiro não viram, até agora, essa fórmula reduzir a criminalidade e o pior: aumentou em 30% o número de inocentes assassinados nos confrontos com os bandidos.
Observatório
Outro dado do Observatório de Segurança, do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania (CESeC) dá conta de que o estado do Rio de Janeiro registrou um crescimento de 46% no número de mortes causadas por violência policial no primeiro semestre deste ano, em comparação com o mesmo período de 2018.
Repercussão nacional
Apesar da SSP-AM entender que a operação no Crespo foi um sucesso, os principais jornais do País deram repercussão negativa ao caso. A ‘Folha de S. Paulo’ disse que as mortes foram “mais um capítulo da guerra entre facções no AM” e o jornal ‘Estado de S. Paulo’ tratou a operação como “chacina”.
Acesse a segunda parte da Coluna Cenário desta quinta-feira, 31
(*) Publicada, simultaneamente, na Coluna Claro&Escuro do Jornal Diário do Amazonas
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