Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Política

‘Ser hétero’ passou a ser qualidade de um presidente, diz Bolsonaro

O presidente criticou o fato de a imprensa divulgar suas “piadas” nos jornais para mostrar como ele pensa sobre determinados assuntos

‘Ser hétero’ passou a ser qualidade de um presidente, diz Bolsonaro

Reprodução: r7

Em live no Facebook nesta quinta-feira, 5, o presidente Jair Bolsonaro disse que ser “hétero” –termo que define pessoas que sentem atração por pessoas do sexo oposto– “passou a ser qualidade” de um presidente da República.

“Hoje um empresário começou a falar das qualidades de um presidente: honesto, trabalhador… Falou tanta coisa, faltou falar hétero. Eu falei: ‘hétero’. Passou a ser qualidade agora”, disse, aos risos, ao lado secretário de Aquicultura e Pesca, Jorge Seif Júnior, e da intérprete de libras Elisangela Castelo Branco.

A fala foi feita depois que Jorge Seif falou sobre a viagem que o presidente fará a Mossoró, no Rio Grande do Norte. Bolsonaro vai acompanhado do secretário e dos ministros Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública), Rogério Marinho (Casa Civil) e Tereza Cristina (Agricultura), que farão entregas de obras e licenças na região. Seif havia dito que o momento será bom para que apoiadores possam “tirar fotos” e dar “beijos héteros” no presidente.

Depois, o presidente criticou o fato de a imprensa divulgar suas “piadas” nos jornais para mostrar como ele pensa sobre determinados assuntos. Segundo Bolsonaro, tem se perdido o direito de fazer piada no país.

“Procuram uma palavrinha esquisita para falar: ‘Olha o que ele está pensando, né’. ‘Falou que o cara pesa 8 arrobas, não pode”. E vem aquela polêmica toda. Criticou a mulher, criticou o gay, criticou não sei quem. Não dá pra gente continuar assim. Nós estamos perdendo o direito de fazer piada no Brasil”, reclamou.

“Tudo agora tem que ser politicamente correto. Você não pode contar uma piada, tem que pensar [antes]: ‘Será que vou ofender os gordinhos?’. [Viro] Gordofóbico? Ou [ofender] os carecas? [Viro] carecofóbico? [Tenho que pensar] Se vou ofender alguém. É o tempo todo assim, está chato de viver no Brasil dessa maneira”, acrescentou.

GLO: IMPÔS CONDIÇÃO

Bolsonaro voltou a reforçar a necessidade de o Congresso Nacional aprovar projeto de lei que estabelece excludente de ilicitude (proteção ao policial que matar em serviço) para permitir a atuação de militares das Forças Armadas nos Estados por meio de decreto de GLO (Garantia da Lei e da Ordem).

“Da nossa parte, não é que eu vou dificultar, mas como eu tenho responsabilidade sobre as GLOs dificilmente serão colocadas em prática por parte do meu governo”, disse.

Nessa quarta-feira, 4 , o presidente antecipou o fim da operação de GLO no Ceará depois de os policiais militares do Estado terem interrompido, na última segunda-feira, 2 , o motim que realizavam havia 13 dias.

“Dá dor de barriga na galera, lembram das Forças Armadas. É impressionante. Choveu, Forças Armadas. Crise na saúde, Forças Armadas. Violência, Forças Armadas”, afirmou.

O presidente ainda criticou o fato de a imprensa considerar como “motim” o que ele chamou de “greve” dos policiais militares. “A imprensa nos governos anteriores falava em greve, quando chegou no meu governo, começou a falar o que? Motim. E há uma diferença enorme de greve para motim. Essa é a imprensa brasileira, não adianta que eu não vou mudar, vou falar a verdade por vocês”, disse.

PIB: “EMPRESÁRIOS SENTEM CONFIANÇA”

Bolsonaro disse que o Brasil poderia ter tido um resultado melhor em relação ao crescimento do PIB (Produto Interno Bruto), que foi de 1,1% em 2019, se a imprensa não divulgasse atos negativos de seu governo. “Se a imprensa produzisse notícia verdadeira, certamente o resultado seria melhor”, afirmou.

“A gente vê a imprensa por outro lado criticando, né. Falando mal do PIB: ‘Ah, o pibinho. O pibinho não sei o que’. Se a imprensa produzisse verdade, o Brasil estaria melhor com toda certeza, mas não produz verdade”, disse.

Segundo Bolsonaro, apesar do resultado do PIB, empresários sentem confiança no Brasil.

“Eles estão felizes com o que vem acontecendo com a economia no Brasil. Eles nunca sentiram tanta confiança no trabalho do governo no tocante à economia”, ao falar de encontro que teve com empresários nesta quinta-feira, 5 , em São Paulo.

EVITARÁ FALAR A JORNALISTAS

O presidente afirmou que não falará mais com jornalistas na saída do Palácio da Alvorada, como tem feito nos últimos meses. Na quarta-feira, 4, acompanhado do humorista Márvio Lúcio, mais conhecido como Carioca, Bolsonaro evitou responder às perguntas.

“Estou há quase duas semanas sem falar com a imprensa. O que acontece: quando você fala, eles deturpam. Quando você não fala, eles inventam”, disse.

“Vamos supor que você vá trabalhar e passa num local e todo dia você é assaltado. O que você faz? Você pega outro caminho, né. Você não vai ficar sendo assaltado e apanhando no mesmo lugar. Se a imprensa diz que eu ofendo eles todo dia, o que eles [jornalistas] estão fazendo todo dia ali? Mas enquanto não começarem a divulgar a verdade, nós não vamos falar com a imprensa. Pode esquecer”, completou.

Por outro lado, Bolsonaro disse que, ao receber o humorista Carioca no Palácio da Alvorada, também concedeu uma entrevista para um novo quadro do Domingo Espetacular, programa da TV Record, que deve estrear neste domingo, 8.

A emissora do pastor Edir Macedo é uma das que mais têm acesso ao presidente. Bolsonaro concedeu 33 entrevistas à Record em 2019.

 

 

(*) Com informações do Poder 360