Manaus, 27 de abril de 2024
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Cenário

Silas chama de ‘aberração’ ações do governo Lula contra garimpo ilegal no AM

O deputado federal Silas Câmara apelou ao Ibama para que não destrua dragas dos garimpeiros no rio Madeira.

Silas chama de ‘aberração’ ações do governo Lula contra garimpo ilegal no AM

(Foto: Zeca Ribeiro / Câmara dos Deputados)

Brasília (DF) – Durante discurso no Plenário da Câmara dos Deputados, nesta terça-feira (29), o deputado Silas Câmara (Republicanos) exigiu do governo federal que cesse a “lamentável atuação de, entre aspas [sic], meio ambiente na calha do rio Madeira, no estado do Amazonas.”

Conforme o deputado, na calha do rio Madeira (nos municípios de Humaitá, Manicoré, Novo Aripuanã, Borba e Nova Olinda) há cerca de 6 mil homens e mulheres, pais e mães de família, que atuam diretamente como extrativistas mineral familiar.

“E, hoje, sem nenhum aviso e nenhum diálogo, estão colocando fogo naquilo que não é apenas a ferramenta de trabalho de homens e mulheres honestas, mas para muitos deles é também o local de moradia”, expôs o deputado.

O deputado acusou os órgãos de controle de não terem nenhum compromisso em gerar dignidade e respeito para “quem trabalha de forma correta”.

Silas fez um apelo ao governo federal, para que mandasse cessar “imediatamente” o que ele a chamou de “aberração” e pediu que o governo dialogasse com quem, de fato, está envolvido diretamente na atividade, para chegar a uma solução definitiva.

“Nunca é demais registrar que já houve atuação normalizada e oficial desses homens e mulheres com carteira profissional de extrativistas mineral familiar, dada pelo governo federal, pelo governo do estado e feita a tua atividade de forma digna”, enfatizou o parlamentar.

“Lá não tem bandido, lá não tem ladrão – são homens e mulheres que estão trabalhando. E eu peço a Vossa Excelência, a essa Casa, inclusive, a Comissão de Minas e Energia, ao Ministro de Minas e Energia, a ministra de Meio Ambiente e ao governo federal, que tome uma atitude em favor de quem trabalha e precisa ter dignidade. É isso que nós queremos para os extrativistas minerais familiares da calha do rio Madeira.

O deputado do Amazonas preside, desde o início de agosto, a Frente Parlamentar Evangélica (FPE) – grupo que, na maioria, apoia a aprovação dos chamados “PLs da Morte”, projetos apontados como ameaças ao meio ambiente e a povos tradicionais.

A lista de projetos inclui o PL 3729/2004, sobre licenciamento ambiental; o PL 6299/2002, conhecido como o “Pacote do Veneno”; o PL 2633/2020, conhecido como o “PL da Grilagem”; e o PL 490/2007, que defende a tese do Marco Temporal e limita o reconhecimento de territórios tradicionais.

Discurso para o eleitorado

No final do discurso, Silas pediu ao deputado Pompeu de Mattos (PDT-RS), que presidia a sessão, que o pronunciamento fosse repercutido no Jornal A Voz do Brasil e nos órgãos de imprensa da Casa.

Silas tem eleitorado no interior do estado, ficou entre os primeiros na eleição de 2022, nos municípios citados pelo pastor. Em Humaitá, ficou em primeiro, com 2.122 votos; em Manicoré, ficou em segundo, com 2.160 votos; em Novo Aripuanã, em terceiro, 931 votos; em Borba, ficou  em quarto, com 1.440 votos; e em Nova Olinda, em quinto, com 562 votos.

O Portal AM1 entrou em contato com Joel Bentes, superintendente do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais (Ibama), e o questionou sobre um posicionamento a respeito da fala de Silas sobre a conduta adotada por órgãos de controle, segurança e fiscalização, mas o gestor preferiu não responder às alegações do deputado.

Procurado pelo Portal AM1, Silas não atendeu as ligações. Em mensagens encaminhas ao contato do parlamentar, a reportagem o questionou se, na visão dele, a atividade de extração de minério da região não seria prejudicial à saúde populacional e do meio ambiente e também indagou o parlamentar se ele não se arrepende do termo “aberração”, usado por ele, em sessão; para se referir à operação do governo federal na região do rio Madeira.

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