Líder de oposição ao governo Wilson Lima (PSC), na Assembleia Legislativa do Estado (ALE/AM), o deputado estadual Wilker Barreto (PHS) vai denunciar ao Ministério Público do Amazonas (MP-AM) e ao Ministério Público Federal (MPF) suspeitas de cobrança de propina nas secretarias estaduais de Educação (Seduc) e de Saúde (Susam), este ano, em menos de 100 dias da nova administração.
Wilker Barreto vai cobrar de Carlos Almeida uma explicação sobre as denúncias de cobrança e propina no governo (Reprodução)
A informação foi noticiada ontem, 3, pelo Portal Amazonas1 e Portal do Holanda. Barreto vai protocolizar, também, nesta quinta-feira, 4, um requerimento convocando o vice-governador Carlos Almeida (PRTB) a prestar esclarecimentos, na ALE/AM.
Ele alega que Almeida pode ter mídias (áudio e vídeo) as quais mostram que o ex-secretário extraordinário e amigo de Wilson Lima, o empresário Marcelo Alex, foi flagrado pedindo “retorno financeiro” de empresários na Seduc e Susam para liberar pagamentos. Alex foi nomeado em março, mas atuava como assessor pessoal do governador desde janeiro.
De acordo com dados da Secretaria de Estado de Fazenda (Sefaz), as secretarias de Educação e Saúde possuem os maiores orçamentos do Estado, com um valor total previsto de R$ 5,1 bilhões, para este ano, sendo R$ 2,7 bilhões da Seduc.
Discussão
A denúncia envolvendo os nomes de Carlos Almeida e Marcelo Alex veio à tona, na semana passada, quando Wilson Lima exonerou o empresário e remanejou o vice-governador da Susam para comandar a Casa Civil.
Segundo servidores do Palácio do Governo, no bairro Compensa, na zona Oeste, a reunião que culminou nas mudanças ocorreu na sala do privativa do governador, onde foi possível ouvir gritos e um acirrado confrontamento entre Wilson Lima e seu vice.
O governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Comunicação (Secom), não nega nem desmente a informação, que se tornou o assunto mais comentado entre os deputados estaduais nesta semana e, também, acendeu o alerta de órgãos fiscalizadores.
“Esse tipo de informação (cobrança de propina no governo) precisa ser melhor esclarecida para a população. Estou acionando tanto o MP-AM como o MPF, porque a Seduc e Susam operam com verbas estadual e federal”, explicou Barreto.
‘Porta aberta’
Em dezembro do ano passado, o então procurador da República, no Amazonas, Alexandre Jabur informou que a falta de critérios para pagamentos de fornecedores do Governo do Amazonas – via Secretaria de Fazenda – é uma “porta escancarada para corrupção”, isto é, cobrança de propina.
Jabur coordenou a operação Maus Caminhos, deflagrada em 2016, na Susam, que apontou para a descoberta de um esquema de corrupção entre agentes públicos da secretaria e o empresário Mouhamad Moustafá. Os desvios de recursos públicos apurados na operação ultrapassaram R$ 200 milhões. Hoje, ele atua em Curitiba (PR) na operação Lava Jato.
Assim que assumiram o governo, Wilson Lima e Carlos Almeida atraíram a atenção dos órgãos fiscalizadores ao dizerem que encontraram os cofres públicos com um rombo de R$ 867 milhões, referente a pagamentos de contratos pendentes na Seduc e Susam.
O governador e o vice prometeram revisar as pendências financeiras dos empresários nas duas secretarias. Depois de três meses de gestão, não há notícias detalhadas sobre o resultado das auditorias.
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