Manaus, 19 de maio de 2024
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Cenário

Teleférico, parada milionária e canhão: obras inúteis são marca dos prefeitos de Manaus

Manaus reúne diversas obras que recolheram recursos exorbitantes dos cofres públicos, mas atualmente se encontram sem utilidade a população

Teleférico, parada milionária e canhão: obras inúteis são marca dos prefeitos de Manaus

Foto: Divulgação

MANAUS (AM) – Em meio a incisiva movimentação do prefeito David Almeida (Avante) para aumentar o orçamento de 2022 afim de transformar Manaus em um ‘canteiro de obras’, a população da capital considera que algumas obras já executadas são desnecessárias e clamam para que os recursos sejam investidos nas áreas de saúde, educação, segurança pública e no transporte coletivo.

Em seu primeiro ano de gestão, David fez diversas críticas ao orçamento previsto para seu governo e considerou que o montante de R$ 5 bilhões o impediu de realizar as promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2020. Para o ano que vem, os vereadores se articulam para aprovar um orçamento de 7,1 bilhões, 28% maior que o orçamento de 2021. Apesar da verba gigantesca que sempre tiveram em caixa, os últimos prefeitos de Manaus se notabilizaram por gastar o dinheiro público em obras questionáveis. 

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 “Planejamos para 2022 um orçamento de R$ 7 bilhões, assim, a população pode ter certeza de que Manaus vai virar um canteiro de obras”, disse Almeida durante um evento em outubro.

A ação de David se assemelha a de muitos políticos que estiveram no comando do executivo municipal, prova disso é que Manaus é cenário de diversas obras e monumentos sem finalidades reais para a população, enquanto sofre com falta de mobilidade, lixo nas ruas, buracos e uma série de problemas que nenhum prefeito foi capaz de resolver.

Canhão do Amazonino

Canhão do Amazonino

Uma das obras mais curiosas presentes em Manaus, é o monumento ‘cortina de água’, localizado na rotatória do Parque do Mindu, no bairro Parque 10, zona Centro-Sul. Inaugurada há 8 anos pela gestão do prefeito Amazonino Mendes, a obra que ficou denominada como “Canhão do Amazonino”  e custou, em 2012, aos cofres públicos, o montante de R$ 1,5 milhão.

A proposta era que o monumento criasse uma espécies de ‘cortina d’água’, porém o chafariz só funcionou no da de sua inauguração e de lá pra cá, o monumento se tornou desnecessário para a população que tenta entender até hoje a finalidade da construção, conforme conta o operador, Junior Vasconcelos

“Qual o sentido de construir um canhão que nem funciona na cidade? Até hoje não entendi.  Esse dinheiro deveria ser investido na saúde que está precária. A gente chega na UBS’s não tem atendimento, é necessário ir de madrugada conseguir uma ficha para ser atendido e as vezes nem tem médico. Não tem por que gastar dinheiro com obras que não ajudam e nada quando os serviços básicos continuam precários”, afirmou.

Parada milionária

Para de ônibus luxuosa do prefeito Arthur Neto

Enquanto a população ainda sofre com a falta de qualidade no transporte público da capital, em 2019, o ex-prefeito Arthur Virgílio Neto destinou R$ 207 mil para construir uma parada de ônibus no Complexo Turístico da Ponta Negra.

Na época, Arthur prometeu que o local teria pedras portuguesas, porcelanato, conexão à internet Wi-Fi, ar-condicionado e até mesmo música ambiente e justificou o preço da obra dizendo que ‘frescura custa caro’.

Atualmente, a parada de ônibus não cumpre com as promessas feitas pelo o ex-prefeito e segundo a diarista, Elizane da Silva, ainda não atende as necessidade dos passageiros que dependem diariamente do espaço para ter acesso ao transporte público.

“Em dias chuvosos as pessoas ficam toda molhadas porque a parada tem uma cobertura muito pequena. Então, acaba chovendo mais dentro do que fora da parada. Ou seja, uma obra mal-feita e um dinheiro jogado fora. Era mais fácil pegar esse dinheiro e investir nos ônibus que estão sem bancos, com a mecânica quebrada e dando defeito todos os dias”, explicou a passageira.

Teleférico Urbano

David Almeida quer construir teleférico no Centro, mas não tem solução para os alagamentos

Mais uma obra desse gênero deve ser construída pela gestão atual. Conforme anunciou David Almeida, será construído um teleférico no bairro São Raimundo. A expectativa do prefeito é facilitar o acesso a população entre o Centro da Cidade e o bairro vizinho.

O transporte terá 1,2 quilômetro, ligando o Centro até a orla do São Raimundo, na zona Sul. A expectativa do prefeito é construir um mirante no local com parques e atividades comerciais. Vale lembrar que o Centro é uma das áreas mais afetadas pelo inverno, sofrendo com alagações e lixo “passeando” pelas ruas.

Plano para construiir galerias e resolver o problema? David não tem.

“Estamos trabalhando na concepção do projeto, que é um show, visando ao financiamento com a iniciativa privada. Ele terá uma estação partindo do prédio Miranda da Ilha. Grandes cidades do mundo têm seus centros urbanos transformados com áreas de convivência digna e precisamos recuperar o Centro de Manaus. Queremos trazer grandes projetos e financiadores internacionais para a cidade”, exaltou.

Para a atendente de telemarketing, Claudia Rabelo, pela estrutura do projeto, a obra vai gerar um custo grande ao contribuindo, porém não há garantia de que a construção vai gerar benefícios reais a população.

“Em muitos casos é investido um valor absurdo e a proposta não tem finalidade alguma. Acredito que é o caso do teleférico, ainda não consegui entender como essa obra vai beneficiar a população. Seria bem melhor investir em áreas que realmente estão precisando de melhorias na nossa cidade como projetos sociais, saúde e principalmente segurança. Manaus não precisa de mais obras e sim de serviços de qualidade”, considerou.

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