MANAUS (AM) – Em meio a incisiva movimentação do prefeito David Almeida (Avante) para aumentar o orçamento de 2022 afim de transformar Manaus em um ‘canteiro de obras’, a população da capital considera que algumas obras já executadas são desnecessárias e clamam para que os recursos sejam investidos nas áreas de saúde, educação, segurança pública e no transporte coletivo.
Em seu primeiro ano de gestão, David fez diversas críticas ao orçamento previsto para seu governo e considerou que o montante de R$ 5 bilhões o impediu de realizar as promessas feitas durante a campanha eleitoral de 2020. Para o ano que vem, os vereadores se articulam para aprovar um orçamento de 7,1 bilhões, 28% maior que o orçamento de 2021. Apesar da verba gigantesca que sempre tiveram em caixa, os últimos prefeitos de Manaus se notabilizaram por gastar o dinheiro público em obras questionáveis.
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“Planejamos para 2022 um orçamento de R$ 7 bilhões, assim, a população pode ter certeza de que Manaus vai virar um canteiro de obras”, disse Almeida durante um evento em outubro.
A ação de David se assemelha a de muitos políticos que estiveram no comando do executivo municipal, prova disso é que Manaus é cenário de diversas obras e monumentos sem finalidades reais para a população, enquanto sofre com falta de mobilidade, lixo nas ruas, buracos e uma série de problemas que nenhum prefeito foi capaz de resolver.
Canhão do Amazonino
Uma das obras mais curiosas presentes em Manaus, é o monumento ‘cortina de água’, localizado na rotatória do Parque do Mindu, no bairro Parque 10, zona Centro-Sul. Inaugurada há 8 anos pela gestão do prefeito Amazonino Mendes, a obra que ficou denominada como “Canhão do Amazonino” e custou, em 2012, aos cofres públicos, o montante de R$ 1,5 milhão.
A proposta era que o monumento criasse uma espécies de ‘cortina d’água’, porém o chafariz só funcionou no da de sua inauguração e de lá pra cá, o monumento se tornou desnecessário para a população que tenta entender até hoje a finalidade da construção, conforme conta o operador, Junior Vasconcelos
“Qual o sentido de construir um canhão que nem funciona na cidade? Até hoje não entendi. Esse dinheiro deveria ser investido na saúde que está precária. A gente chega na UBS’s não tem atendimento, é necessário ir de madrugada conseguir uma ficha para ser atendido e as vezes nem tem médico. Não tem por que gastar dinheiro com obras que não ajudam e nada quando os serviços básicos continuam precários”, afirmou.
Parada milionária
Enquanto a população ainda sofre com a falta de qualidade no transporte público da capital, em 2019, o ex-prefeito Arthur Virgílio Neto destinou R$ 207 mil para construir uma parada de ônibus no Complexo Turístico da Ponta Negra.
Na época, Arthur prometeu que o local teria pedras portuguesas, porcelanato, conexão à internet Wi-Fi, ar-condicionado e até mesmo música ambiente e justificou o preço da obra dizendo que ‘frescura custa caro’.
Atualmente, a parada de ônibus não cumpre com as promessas feitas pelo o ex-prefeito e segundo a diarista, Elizane da Silva, ainda não atende as necessidade dos passageiros que dependem diariamente do espaço para ter acesso ao transporte público.
“Em dias chuvosos as pessoas ficam toda molhadas porque a parada tem uma cobertura muito pequena. Então, acaba chovendo mais dentro do que fora da parada. Ou seja, uma obra mal-feita e um dinheiro jogado fora. Era mais fácil pegar esse dinheiro e investir nos ônibus que estão sem bancos, com a mecânica quebrada e dando defeito todos os dias”, explicou a passageira.
Teleférico Urbano
Mais uma obra desse gênero deve ser construída pela gestão atual. Conforme anunciou David Almeida, será construído um teleférico no bairro São Raimundo. A expectativa do prefeito é facilitar o acesso a população entre o Centro da Cidade e o bairro vizinho.
O transporte terá 1,2 quilômetro, ligando o Centro até a orla do São Raimundo, na zona Sul. A expectativa do prefeito é construir um mirante no local com parques e atividades comerciais. Vale lembrar que o Centro é uma das áreas mais afetadas pelo inverno, sofrendo com alagações e lixo “passeando” pelas ruas.
Plano para construiir galerias e resolver o problema? David não tem.
“Estamos trabalhando na concepção do projeto, que é um show, visando ao financiamento com a iniciativa privada. Ele terá uma estação partindo do prédio Miranda da Ilha. Grandes cidades do mundo têm seus centros urbanos transformados com áreas de convivência digna e precisamos recuperar o Centro de Manaus. Queremos trazer grandes projetos e financiadores internacionais para a cidade”, exaltou.
Para a atendente de telemarketing, Claudia Rabelo, pela estrutura do projeto, a obra vai gerar um custo grande ao contribuindo, porém não há garantia de que a construção vai gerar benefícios reais a população.
“Em muitos casos é investido um valor absurdo e a proposta não tem finalidade alguma. Acredito que é o caso do teleférico, ainda não consegui entender como essa obra vai beneficiar a população. Seria bem melhor investir em áreas que realmente estão precisando de melhorias na nossa cidade como projetos sociais, saúde e principalmente segurança. Manaus não precisa de mais obras e sim de serviços de qualidade”, considerou.
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