Manaus, 27 de abril de 2024
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Manaus, 27 de abril de 2024

Cidades

TJAM faz levantamento sobre população LGBTQIA+ no sistema carcerário do AM

Além da inspeção das celas, a atividade da equipe também permitiu a escuta individual da população carcerária LGBTQIA+

TJAM faz levantamento sobre população LGBTQIA+ no sistema carcerário do AM

(Foto: Nathalie Brasil/Arquivo-GDC)

O Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário e Socioeducativo do Tribunal de Justiça do Amazonas (GMF/TJAM) realizou, no último sábado (6), uma inspeção na Unidade Prisional do Puraquequara (UPP) sobre população LGBTQIA+ na zona leste da capital.

O juiz de Direito Saulo Goes, titular da 1.ª Vara de Itacoatiara e que integra a equipe de juízes colaboradores do GMF, esteve à frente da atividade e explicou que o objetivo foi averiguar a situação dos detentos LGBTQIA+ em privação de liberdade, acompanhamento recomendado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

“Fizemos um levantamento prévio da quantidade de pessoas encarceradas na capital e no interior do Estado e que são desse grupo vulnerável e, hoje, estamos tendo esse primeiro contato, na cela reservada a elas na Unidade Prisional do Puraquequara.”

“É um momento em que levantaremos algumas informações, além de assegurar que elas não estejam sofrendo nenhuma violência que não seja a privação da liberdade, bem como se todas as recomendações do Conselho Nacional de Justiça relativas a essa população carcerária estão sendo cumpridas ou sendo implementadas pela Secretaria de Administração Penitenciária do Amazonas”, explicou o juiz Saulo pouco antes do início da inspeção.

Além da inspeção das celas, a atividade da equipe também permitiu a escuta individual dos presos. O juiz Saulo explicou que as informações coletadas vão gerar um relatório a partir do qual o GMF/TJAM, que tem como presidente a desembargadora Luiza Cristina Costa, deverá expedir as recomendações que se fizerem necessárias sobre o tema.

“Estamos, inclusive, planejando a realização de um curso voltado para os servidores da Seap que cuidam especificamente dessa população, abordando aspectos do tratamento adequado e sem violação aos direitos humanos”, acrescentou o juiz Saulo, cuja dissertação de Mestrado e, agora, no doutorado em andamento, tem como objeto de estudo a população LGBTQIA+ no Amazonas.

A coordenadora no Amazonas do “Programa Fazendo Justiça”, do Conselho Nacional de Justiça, Luana Marley, também acompanhou a atividade de inspeção na UPP.

“A população LGBTQIA+ é diversa, sendo necessário ter um olhar para a dimensão coletiva, das políticas de cidadania que são implementadas, mas também um olhar individualizado para que a dignidade de cada pessoa seja efetiva”.

“Observamos as demandas relacionadas a saúde, trabalho, educação, religião e integridade física, além de promover orientações sobre direitos LGBTQIA+. É fundamental o aprimoramento de diretrizes e ações de gestão para o enfrentamento a todas as formas de discriminações no sistema prisional”, afirmou a coordenadora.

Luana Marley destacou que está em vigência a Resolução CNJ n.º 348/2020, que é um marco normativo que dá critérios para a atuação do Poder Judiciário, incluindo o tratamento a ser dado a pessoas LGBTQIA+ privada de liberdade.

Intensificação

A juíza coordenadora do GMF/TJAM, Ana Paula, frisa que o Grupo, em observância às resoluções do CNJ, tem enviado esforços para acompanhar e fiscalizar o tratamento dado à população LGBTQIA+ custodiada em estabelecimentos prisionais ou em cumprimento de alternativas penais.

O Major QOPM Wallasson de Almeida Lira, secretário executivo adjunto da Seap foi quem recebeu a equipe do GMT/TJAM no último sábado, na Unidade Prisional do Puraquequara.

Ele destacou a importância das ações de monitoramento do Sistema Prisional pelo GMF, por considerar que são iniciativas que contribuem para a melhoria da atuação da própria Seap em sua função de zelar pelo sistema carcerário do Estado.

A sigla LGBTQIA+ faz referência a lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, queer, intersexuais, assexuais e demais orientações sexuais e identidades de gênero. A origem da sigla – inicialmente GLS – é corresponde ao início do movimento por direitos dessa população, na década de 1960, nos Estados Unidos.

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