Embarcações lotadas de mercadorias, que vão de frutas a eletrodomésticos chegam e saem diariamente do Porto da Manaus Moderna, mesmo em meio à pandemia da Covid-19.
Segundo alguns donos de embarcações, a demanda de cargas aqueceu nas últimas semanas e tem ajudado a manter o equilíbrio nos negócios, no entanto, não compensa totalmente a falta de passageiros.
Como explica Alexandre Nunes, 55, dono do barco ‘Príncipe do Amazonas’, que faz viagens semanais para os municípios de Anori e Anamã.
“A questão da quarentena aqueceu as vendas, tá dando para cobrir. Nó fizemos um reajuste de preço, todo o sistema fez uma correção, alguns preços aumentaram, mas alguns foram mantidos”, disse.
Há quase dois meses, o transporte fluvial de passageiros no Amazonas está proibido por decreto governamental. Com isso, as embarcações podem transportar apenas mercadorias que abastecem diversos municípios do estado.
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Nunes afirma que conseguiu manter os nove funcionários que tem, mesmo com uma perda de 40% no faturamento.
Assim como ele, Mateus Barbosa, dono de uma embarcação que viaja para os municípios de Anamã e Beruri, também conseguiu manter todos os funcionários e confirma o aumento da demanda.
“A carga aumentou devido esse auxílio, chega a compensar um pouco a falta de passageiros. Mas a gente teve uma perda aí de 50% no faturamento. Os preços do frete eu fiz um reajuste só na parte de eletroeletrônicos, as estivas continuam o mesmo preço”, disse.
Nunes e Barbosa acreditam que esse aumento é reflexo da quarentena que mantém muitas pessoas em casa e colabora com o aumento no consumo de alimentos. Além disso, eles citam o auxílio emergencial, cedido pelo Governo Federal, como um fomento ao mercado.
Aumento no consumo
A opinião dos donos das embarcações sobre o motivo do aumento das cargas confirma o que algumas pesquisas mostram sobre o comportamento dos consumidores durante a pandemia.
Segundo uma pesquisa da Kantar, consultoria de análise de consumo, os atacarejos conquistaram mais de 2,2 milhões de clientes em abril, e os hipermercados, mais de 560 mil no último mês.
Além disso, segundo a pesquisa da Nielsen Brasil, as idas aos mercados são mais espaçadas, mas os carrinhos estão mais cheios, o que comprova que muitos consumidores estão comprando e estocando mais.
Só na última semana de março, a frequência de compras caiu 6,5%, enquanto o número de itens no carrinho subiu 22%.
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Não foi só isso. Notou-se compra maior de produtos básicos para cozinhar em casa, como arroz, feijão, farinha, óleo, massas e produtos frescos, mostrando que a cozinha tem sido o principal cômodo das casas nesses tempos de quarentena.
A formação de estoques na despensa favoreceu supermercados, hipermercados e atacarejos, que vendem quantidades maiores. Do total das compras feitas em março, 61% foram nesse tipo de varejo, segundo a Nielsen Brasil.
(*) Com informações de O Globo
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