Manaus, 3 de maio de 2024
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Economia

Uarini: população sente no bolso a alta nos preços de fretes

Em municípios como Uarini, os efeitos da estiagem são severos, resultando em um aumento expressivo nos preços dos alimentos.

Uarini: população sente no bolso a alta nos preços de fretes

Uarini (Foto: Divulgação)

Manaus (AM) – A seca implacável deste ano, uma das mais severas já registradas no Amazonas, está causando impactos significativos na vida da população ribeirinha. Em municípios como Uarini, os efeitos da estiagem são severos, resultando em um aumento expressivo nos preços dos alimentos e, consequentemente, afetando diretamente o custo de vida dos habitantes.

O transporte fluvial, vital para o abastecimento nessas áreas, enfrenta desafios consideráveis devido à diminuição do nível dos rios. Com a impossibilidade de atracar nos portos municipais, os proprietários de mercados locais precisam buscar alternativas para adquirir mercadorias em lugares mais distantes.

Local onde os barcos, que levam as mercadorias e passageiros aos municípios do interior do Amazonas costumam parar (Foto: arquivo pessoal)

Esaú Praia Frazão, 33, comerciante em Uarini, a 564 quilômetros de Manaus, relatou ao Portal AM1 que, devido à severidade da vazante dos rios, os custos para abastecer seu estabelecimento praticamente dobraram.

“Hoje, meu frete gira em torno de R$ 2 mil ou mais, quando antes não ultrapassava R$ 1.200. Isso sem mencionar que também temos que arcar com os custos das canoas para transportar as mercadorias, já que os barcos não conseguem mais alcançar o porto. Eles cobram de R$ 300 a R$ 350 por canoa, e cada uma comporta em média 200 volumes de produtos”, destacou o comerciante.

Além das complicações para descarregar os insumos, Esaú relata a necessidade de transferir os volumes para um carro e percorrer uma estrada até chegar à cidade. Segundo ele, todo o processo consome cerca de cinco horas.

 

“É preciso chegar cedo no barco para descarregar, e lá funciona por ordem de chegada, o que leva muito tempo devido ao grande número de canoas. Ao chegar no porto, ainda é necessário aguardar por um carro, pois nem todos descem até lá”, relata.

Dói no bolso

O impacto do aumento no frete está sendo sentido diretamente no bolso da população. Esaú relata que precisou ajustar os preços de alguns produtos considerados essenciais na mesa dos consumidores.

“Eu costumava vender o arroz por R$ 5, mas agora está custando até R$ 7,50. O frango foi o item que teve o maior aumento; antes era vendido por R$ 8 o quilo, mas agora, com a seca, chegou a R$ 12”, destaca.

Um professor de 34 anos, que optou por não revelar sua identidade, compartilhou com a reportagem que está substituindo alguns alimentos por opções mais econômicas.

O educador contou que está optando por peixe, que de acordo com ele está mais barato que carne e frango.

“Antes pagávamos R$ 8,00, agora está por volta de R$ 14,00 o quilo [do frango]”, disse o professor residente em Uarini.

A professora Mary, por sua vez, acrescentou que, além dos alimentos mais caros, a passagem de Uarini para Tefé, cidade vizinha, agora custa R$ 100.

“O feijão, por exemplo, que custava R$ 10, subiu para R$ 14.00. O óleo, que era R$ 10, agora está R$ 15. A farinha, por quilo, está R$ 20, e por R$ 5, não conseguimos nem um litro”, relatou.

Ela também ressaltou que o creme dental “tubo grande”, que antes custava R$ 12, agora está sendo comercializado por R$ 19.

Alto custo

O economista Mourão Júnior, falou com o portal e disse que já há um custo alto para se levar alimentos para o interior do estado, com a seca, esse valor pode dobrar o custo.

“Os maiores prejudicados em si são os empresários que vão ter que repassar esse custo aos preços, e os consumidores, nós estamos falando de consumidores do interior, que a maior parte são funcionários públicos federais, estaduais e municipais”, disse.

Mourão destacou que nesse momento crítico, é importante a iniciativa e apoio do estado do Amazonas para minimizar os impactos e até para impedir que os empresários declarem falência.

” Tanto na questão de uma redução da carga tributária, o parcelamento dos impostos ou liberação de linhas de créditos. E para os consumidores, principalmente, como fornecimento de cesta básicas e os auxílios que, tanto o Estado quanto a União fornecem. É um momento delicado”, finalizou.

Seca histórica

A seca, considerada uma das mais severas na história do Amazonas, está provocando a morte de peixes e botos. A estiagem já afeta mais de 275 mil pessoas afetadas, 68 mil famílias, segundo o boletim do governo estadual.

Além disso, a baixa dos rios têm isolado comunidades ribeirinhas – enfrentando dificuldades no acesso a recursos básicos e enfrentando o aumento de alimentos.

Com impactos diretos na fauna e nas comunidades locais, a seca desencadeou uma série de deslizamentos de terras, agravando ainda mais a situação. As encostas, agora secas e instáveis, tornaram-se propícias a deslizamentos, como a ocorrida em Beruri, que deixou mortos e desaparecidos.

Diante desse cenário desafiador, a seca na Amazônia não é apenas uma questão local, mas uma chamada de atenção para a urgência de ações globais na preservação do meio ambiente.

O impacto devastador dessa seca destaca a vulnerabilidade dos ecossistemas frente às mudanças climáticas, reforçando a necessidade de medidas sustentáveis e políticas de conservação para proteger a Amazônia.

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Publicado por Amazonas1 em Quinta-feira, 5 de outubro de 2023

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