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Evangélicos são cobiçados pelos políticos e podem decidir eleições em 2022

Em 2020, um levantamento do Tribunal Superior Eleitoral apontou que mais de 8,7 mil candidaturas foram de cristão evangélicos e católicos

Evangélicos são cobiçados pelos políticos e podem decidir eleições em 2022

Líderes religiosos oram por Bolsonaro - Foto: Divulgação / PR

MANAUS, AM – O grupo de evangélicos será um dos mais cobiçados na corrida eleitoral em 2022, não só pelo número do público no Brasil, mas pela força que o grupo tem em diversas pautas no cenário nacional, principalmente com lideranças religiosas renomadas e cotadas a pleitear vagas nos Parlamentos de todo o Brasil.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o público evangélico cresceu 0,8%, o que representa aproximadamente 22 milhões de evangélicos, a contar de 2010, e poderá chegar a 90 milhões em 2032. Os dados são de 2020.

A busca pelos evangélicos tem se tornado cada vez mais intensa e nas próximas eleições a crescente deverá ser ainda maior do que em 2020. Na onda Bolsonarista, em 2018, muitos evangélicos foram levados a apoiar o atual presidente diante das pautas defendidas em seu período de campanha, como: Deus, Pátria e família, além de pautas contra a ideologia de gênero e aborto.

Com apoio dos grandes líderes evangélicos [Silas Malafaia, Marcos Feliciano, Magno Malta, Abílio Santana, Otoni de Paula e outros], Jair Bolsonaro conquistou um número expressivo de votos e, até então ainda vem sendo um “fenômeno” no meio. Prova disto aconteceu na última semana, quando Bolsonaro conseguiu emplacar um nome evangélico para ocupar cadeira no Supremo Tribunal Federal (STF), o ex-ministro da Justiça, André Mendonça, ganhando um sim de 47 senadores, entre cristãos evangélicos e católicos e demais religiões.

Evangélicos na política
Ex-ministro foi conduzido ao STF com aprovação de senadores – Foto: Marcos Corrêa / PR

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Candidaturas evangélicas

Desde, então, pautas do nicho começaram a ser observadas com outros olhares no cenário político, assim como, a corrida das siglas partidárias por este público, fazendo com que o número de candidaturas aumentassem nas eleições municipais. Em um levantamento baseado no site de candidaturas do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), feito em 2020, cerca de 8,7 mil candidatos utilizaram termos religiosos, como pastor, pastora, irmão, irmã, bispo, missionário, apóstolo, reverendo, ministro, padre e pai.

Entre os títulos, o mais utilizado foram o de pastor/pastora, com mais de 51% dos casos (4.426), seguido por irmão/irmã, com 41% (3.561). Como concentravam a maior parte das candidaturas, os postulantes ao cargo de vereador apresentaram também o maior número de títulos religiosos. Na sequência, apareceram os candidatos a vice-prefeito e, por último, os candidatos a prefeito.

Evangélicos no Parlamento

No Amazonas, assim como em outras partes do território nacional, também tem um número expressivo de representatividade cristã. No cenário federal, o deputado Silas Câmara é um dos mais antigos representantes do nicho e com grande influência político-religiosa com o público evangélico, liderados por ele e por demais membros da família Câmara, que por sinal já indicou dois nomes para representar à Igreja Assembleia de Deus no Amazonas (IEADAM) nas eleições de 2022: o coronel PM Dan Câmara e o vereador Joelson Silva.

Evangélicos na política
Silas Câmara um dos líderes religiosos do Amazonas já recruta candidatos da IEDAM para 2022

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Na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam), três nomes representam esse público, entre eles, os deputados Felipe Souza, Dr. Gomes, João Luiz, que preside a Frente Parlamentar Cristã (FEC) da Casa Legislativa.

No Parlamento Municipal esse número é muito maior e mais de 10 vereadores integram a bancada cristã evangélica na CMM, entre eles: Eduardo Alfaia; Luís Mitoso; Jaíldo dos Rodoviários; João Carlos, Joelson Silva; Thaysa Lippy; Professor Samuel; Wallace Oliveira; Yomara Lins; Márcio Tavares; Raiff Matos; Capitão Carpê Andrade; Marcel Alexandre, que ressaltou que a presença de evangélicos nos Parlamentos têm sido um reforço no diálogo e na tomada de posições estratégicas.

Evangélicos na política
Vereador Marcel Alexandre é apóstolo no Ministério Internacional da Restauração (MIR) – Foto: Robervaldo Rocha / CMM)

“A presença de representantes evangélicos no Legislativo e no Executivo de diversos estados e municípios, além de sua significativa presença na Câmara dos Deputados e no Senado Federal, demonstra a força desse segmento, interesse em defender suas pautas, junto à população brasileira e reforça a sua posição de ator político considerável na atual conjuntura política, destacando-se a necessidade de diálogo, ocupação de posições estratégicas, a exemplo em andamento a presença, como membro da Suprema Corte (STF), do pastor presbiteriano André Mendonça”, ressaltou Marcel.

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Com a palavra

Para o advogado e cientista político, Helso Ribeiro, que não concorda com o termo evangélico para apenas um público, é notório o crescimento político dentro das igrejas, em parte por atribuições assistencialistas atreladas ao apoio a um determinado candidato/pastor, e, como forma de fidelidade, os seguidores se comprometem com a liderança religiosa em tempos de eleições.

“Eu entendo que os chamados evangélicos, – ainda que eu acredito que seja uma terminologia inadequada, porque tecnicamente evangélico é todo aquele que crê no evangelho cristão, e aí seriam católicos, protestantes, Batistas, enfim […] – mas essa chamada bancada bíblica eu noto que eles têm crescido, a cada eleição. Muitos vinculam ações de igrejas que prestam favores, que prestam assistência, o assistencialismo, muitas vezes necessário, acabam vinculando esse assistencialismo com os votos daqueles fiéis. E, aí, o sujeito acaba patrocinando um pastor, o mesmo pastor é o candidato e ele amealha aqueles votos dos seus seguidores. Então, quanto menos esclarecimento, a ideia do auto clero, houver na população mais ele vai se deixar guiar por um líder espiritual para determinar o destino político que ele vai tomar”, explica o cientista político.

Outro ponto destacado por Ribeiro é de que a entrada de evangélicos na política se dá, principalmente, nos movimentos neopentecostais, diferentemente de igrejas mais tradicionalistas [Presbiteriana, Batista e Luterana] que se preservam ao serviço religioso do que entrar no campo de uma disputa por cargos políticos.

Evangélicos na política
Helso Ribeiro – Advogado e cientista político

“Tem algumas igrejas que são etiquetadas como evangélicas, eu posso citar por exemplo, a Igreja Luterana, a Igreja Presbiteriana, são mais antigas e a Igreja Batista, eles não têm essa visão, você vê mais nas igrejas neopentecostais, e eu entendo que são nichos de política que tendem a crescer. Então, vamos dar o exemplo, o presidente Bolsonaro, ele até prometeu um ministro “terrivelmente evangélico”, isso aí até agride um pouco a lógica do léxico. O ex-presidente Lula governou com os chamados evangélicos também. A Dilma também, é bom lembrar que Crivella foi ministro no governo Dilma. Enfim, eu noto que os políticos tendem é… não importa qual a ideologia deles, qual a religião eles tentam captar votos nesse seguimento da população. Então, eu diria que aquela bancada “BBB” (Bala, Bíblia e Bola), quando a gente fala bola a gente bota aí também os artistas, que são pessoas com visibilidade, esse dois seguimentos primeiro [Bala e Bíblia] eu vejo que estar no momento de crescimento deles. Vamos ver como é que a população se comporta a isso”, ressaltou.

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EVANGÉLICOS NA POLÍTICA