O Grupo de Trabalho de Observação e Combate a Violência Política de Gênero repudiou o ato protagonizado pelos deputados estaduais Sinésio Campos (PT) e Carlinhos Bessa (PV), ao constrangerem a deputada Mayara Pinheiro (Republicanos).
Após a solenidade de posse dos deputados na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), na quinta-feira (1°), os parlamentares se reuniram para fazer a foto oficial com os parlamentares. Antes da foto, os deputados puxaram a deputada Mayara pelo braço tentando obrigá-la permanecer ao lado deles. A agressão estava sendo transmitida ao vivo.
Segundo o Grupo de Trabalho, que faz parte do Comitê do Amazonas de Combate à Corrupção, a violência contra mulheres é uma das principais formas de violação de direitos humanos. O ato também revela que a violência é estruturante da desigualdade de gênero.
“Num país em que o número de mulheres no parlamento ainda está muito aquém do justo e necessário, por absoluta falta de apoio, assim como em razão do processo histórico de silenciamento e exclusão do cenário político, não há mais espaços para violações da vontade e dos corpos femininos, sobretudo, de uma parlamentar legitimamente eleita, sob o argumento de ser uma ‘brincadeira'”, afirmou o Grupo.
Nesta sexta-feira (3), o deputado Sinésio Campos divulgou vídeo pedindo desculpas à deputada e alegou que foi uma “brincadeira” deselegante.
“O que aconteceu foi uma brincadeira entre Mayara Pinheiro e eu, que queria que ela ficasse ao meu lado para tirar a foto oficial. No calor da brincadeira, reconheço que fui deselegante, mas, se tem alguém que respeita as mulheres e as minorias, sou eu, faz parte da minha índole”, disse Sinésio.
No vídeo divulgado por Sinésio, a deputada Mayara advertiu para que o deputado tenha mais cuidado no comportamento. “Fica o aprendizado que somos pessoas públicas, que temos que ter cuidado com as brincadeiras, que nenhuma mulher pode ser tolhida e fica o respeito entre nós parlamentares”, disse Mayara.
Porém, segundo o Grupo de Trabalho, pedir desculpas não basta. “A intimidação e agressividade, por gestos e palavras, também podem se constituir em violência política de gênero. Precisa demonstrar em atos, que realmente está comprometido com a desconstrução de tais práticas desrespeitosas […], comprometido com construção de um novo mundo, sem violência, sem preconceitos e livre do machismo estrutural”, diz a nota.
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