Manaus, 1 de maio de 2024
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Cenário

Análise: especialistas não descartam união de Roberto Cidade e Alberto Neto

A união entre Roberto Cidade e Alberto Neto é vista como uma possibilidade que pode se concretizar até agosto, quando as convenções partidárias encerrarem.

Análise: especialistas não descartam união de Roberto Cidade e Alberto Neto

(Foto: Instagram)

Manaus (AM) – Após o Partido Liberal anunciar a pré-candidatura do deputado federal Capitão Alberto Neto (PL) para disputar o cargo de prefeito de Manaus, apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), surgem especulações sobre uma possível aliança entre o PL com o União Brasil, que também já possui como pré-candidato o deputado estadual Roberto Cidade, apoiado pelo governador Wilson Lima (UB).

Na análise de especialistas, ainda é cedo para a definição de quem, de fato, será candidato até os últimos 45 minutos do horário de fechar a convenção, em agosto, por isso, não descartam a possibilidade de uma chapa entre Cidade e Alberto Neto.

O problema estaria na dificuldade do aliado de Wilson não decolar nas pesquisas, conforme argumentam o antropólogo e professor do Departamento de Ciências Sociais da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Ademir Ramos, e do advogado Carlos Santiago, membro do Comitê de Combate à Corrupção.

Para Santiago, Cidade “não tem uma estratégia clara para o seu crescimento. Há quase duas semanas, não tem um ato envolvendo o seu nome, um ato político envolvendo o seu nome. No candidato, o pré-candidato de Bolsonaro, também não há um crescimento substancial nas pesquisas e a campanha ainda não indica que será polarizado entre esquerda e direita no Amazonas”, disse.

Nessa terça-feira (16), um levantamento divulgado pela Paraná Pesquisa mostrou que o prefeito David Almeida (Avante) aparece novamente na frente. Na pesquisa estimulada, David tem 29,3% contra 25,9% do deputado federal Amom Mandel (Cidadania). Alberto Neto aparece em terceiro, com 11,5%, e Roberto Cidade, na quarta colocação, com 7,6%.

Além da falta de crescimento nas pesquisas, o professor Ademir considera que a entrada de Marcelo Ramos (PT) na disputa embaralhou o cenário.

“De qualquer maneira, começa-se uma discussão sobre a composição do vice, que é um grave problema. Porque com a entrada do Marcelo, o Marcelo bagunçou o coreto, é isso que eu tenho chamado atenção. O Marcelo bagunçou o coreto, ele provocou um repensar na logística, na estratégia dominante”, disse Ademir.

Para Ademir, o governador, por sua vez, que tem demonstrado uma inteligência política qualificada, está tecendo as suas teias em atenção ao Alberto Neto e também ao Roberto Cidade.

“O Marcelo entrou em menos de uma semana e já está com um índice, um indicativo das pesquisas, sobre a última pesquisa que foi dada que chega próximo do Roberto Cidade. Levanta-se a hipótese que o Roberto Cidade tem dinheiro, que vai alastrar a sua candidatura. Nem sempre dinheiro ganha em eleição, é preciso ter afetividade, simpatia, interatividade com o eleitor, convencimento do eleitor. E o governador, por sua vez, está vendo isso, está avaliando, analisando”, avalia.

(Fonte: Paraná Pesquisas/Divulgação)

Logo na primeira aparição de Ramos na pesquisa para prefeito, o pré-candidato surge com 6,3% das intenções de voto, colado no quarto colocado.

Polarização

Outro entendimento é que, com a chegada de Marcelo Ramos, a disputa seja polarizada entre candidatos de partidos de esquerda e direita, mas conforme Santiago, ainda não existe um crescimento substancial nas pesquisas que indique essa possibilidade.

“A campanha ainda não indica que será polarizado entre esquerda e direita no Amazonas. Esses dois nomes [Roberto Cidade e Alberto Neto] estão reformulando suas estratégias, pois parece que somente se é declarado candidato governador ou do presidente Lula, não está resolvendo a popularidade. O crescimento de popularidade também não está atingindo os objetivos iniciais. É preciso ir muito mais além de força política, de força de cacique, é preciso conversar com a sociedade e formular propostas e ideias para a resolução dos problemas da cidade de Manaus”, alertou Santiago.

Mas a direita deve reagir à fragmentação causada pela briga que levou outro aliado de Bolsonaro, Coronel Menezes, que deixou o PL após seguidas intrigas causadas por disputas dentro da sigla e, segundo Ademir, quem ganha com a briga são os partidos de esquerda.

“Se ela [direita] ficar fragmentada, se ela se fragmentar, por exemplo, com o Alberto e Roberto, se eles se fragmentarem, a esquerda avança, com absoluta certeza, porque a discussão agora é o segundo turno. Aí, tem Amom, tem o seu prefeito, Davi Almeida, e tem, por sua vez, o Marcelo, que está avançando agora recentemente. Esse é um processo que vai se alongar até agosto, mas já começa, nesse momento, a ser discutido”, disse Ademir.

Para Ademir, caso Roberto não decole até junho, a situação vai se tornar muito grave para ele e para os seus aliados. “Porque não é só o governo que não vai apoiar. Eu já tenho notícia do PDT também que, até junho, se o Roberto não decolar, o PDT, a Direção Nacional do PDT, vai puxar o tapete do Roberto e vai marchar com o Marcelo Ramos. Porque o PDT tem uma coligação direta com Brasília. Brasília é ligado, o Lupe ligado, o PDT ligado ao governo Lula”, concluiu.

Negociação

Nos bastidores, também se especula que, caso a parceria se concretize, Alberto Neto abriria mão da liderança da chapa para assumir o cargo de vice de Roberto Cidade. Em caso de vitória da chapa, o deputado seria recompensado com o cargo de secretário de Segurança Pública do Amazonas (SSP-AM), enquanto a vaga de deputado federal seria destinada a Alfredo Nascimento (PL).

 

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