Manaus (AM) – Durante o ano de 2023, alguns crimes envolvendo assessores de comunicação ou pessoas ligadas aos gabinetes do parlamento estadual vieram à tona – e consequentemente, mexeu com a imagem dos políticos amazonenses, nestes casos, dos deputados estaduais.
Crimes como invasão de privacidade, assalto, roubo qualificado, porte ilegal de arma de fogo, associação criminosa e agressões, foram uns dos casos que o Portal AM1 relembra nesta matéria.
Articulação
Em julho de 2023, a blogueira Chrysline Paola Oliveira Gaia, conhecida como “Paola Gaia”, de 31 anos, foi presa, suspeita de articular e ajudar em um assalto a uma loja de roupas localizada no bairro Nossa Senhora das Graças, zona Centro-Sul de Manaus.
De acordo com o delegado Thomaz Vasconcelos, titular da Delegacia Especializada em Roubos, Furtos e Defraudações (Derfd), quatro criminosos entraram na loja, renderam as vítimas que estavam no local e roubaram várias mercadorias, além de aparelhos celulares e o carro da dona do estabelecimento. A blogueira foi a mentora do crime, conforme comunicou a polícia na época.
Chrysline estava lotada no gabinete do deputado estadual Sinésio Campos (PT) há três anos e de acordo com o Portal da Transparência da Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), Paola Gaia começou a trabalhar para Sinésio em junho de 2020 – recebendo salário no valor de R$ 1.350.
Em janeiro de 2023, o salário teve reajuste para R$ 1.354 e, em junho do mesmo ano, ela recebeu R$ 1.854,80.
Após a pressão sobre o caso, o deputado resolveu exonerá-la e afirmou que não compactuava com qualquer prática criminosa.
Dossiê
Em 10 de outubro de 2023, Alex Sander Cunha Braga, ex-assessor do agora deputado estadual Wanderley Monteiro (Avante), foi preso, acusado de invasão de privacidade, após espalhar um dossiê da vida íntima de Izabelle Fontenelle, futura primeira-dama de Manaus.
Conforme a Polícia Civil, a queixa contra Alex Sander foi formalizada por dois secretários da Prefeitura Municipal de Manaus e em seguida, pela própria vítima, que prestou esclarecimentos.
Na época, alguns vereadores de oposição a David Almeida (Avante) na Câmara Municipal de Manaus (CMM), Rodrigo Guedes (Podemos) e Capitão Carpê (Republicanos), acusaram Wanderley Monteiro de ser o autor das divulgações.
Ao Portal AM1, Monteiro negou que teria participação na divulgação do dossiê e afirmou que Alex Sander já não era mais seu assessor desde fevereiro, e que, inclusive, já tinha pedido a sua exoneração porque o mesmo já não estava rendendo em seu gabinete.
Agressão física
Na semana passada, especificamente no dia 11 de janeiro, um dos assessores da deputada estadual Alessandra Campelo (Podemos), incitou a sua esposa a agredir fisicamente a sua ex-companheira.
Imagens da vítima com o rosto desfigurado e pedindo justiça pelo crime que sofreu, se espalharam pela internet, fazendo com que Campelo publicasse uma nota explicando a situação.
Alessandra Campelo defende a causa da mulher e, principalmente, prega o combate à violência contra a mulher em todas as suas formas. A deputada, que também preside a Comissão da Mulher, da Família e da Pessoa Idosa, da Aleam, afirmou que pediu a exoneração do assessor após saber do caso.
Além disso, destacou que conhece as duas mulheres, foi procurada por elas e as duas receberam todo o suporte necessário.
“Combater a violência é minha bandeira e minha luta diária […] Sobre o assessor, assim que tomei conhecimento do caso determinei que o mesmo fosse exonerado, preventivamente, para que as autoridades competentes (polícia) concluam com a investigação e também com o relato de testemunhas (pessoas presentes)”, diz a nota.
Opinião
Para o cientista político Carlos Santiago, os assessores legislativos precisam, para a sua contratação, possuir a reputação ilibada (é requisito para o acesso de qualquer pessoa a cargo ou função pública e para posições cuja indicação é competência da União) e não dar péssimos exemplos, como o que vem acontecendo.
“Os representantes da sociedade, eleitos para representá-la com os parlamentares que possuem atribuições constitucionais, de denunciar e fiscalizar outros poderes, não podem dar péssimos exemplos. Por isso é que assessores legislativos precisam possuir reputação ilibada e ser exemplo social”, apontou o especialista ao Portal AM1.
Ainda de acordo com Santiago, quando os parlamentares ou os seus assessores legislativos não são exemplares na conduta profissional e na conduta social, não tem como exercer uma função tão importante para com a atividade.
“Por isso, é preciso que haja, por parte da mesa diretora do Poder Legislativo, uma resolução que vete, por parte, a contratação de parlamentares, de assessores e consultores, que não tiverem a conduta ilibada e também, qualificação profissional tão necessária e tão importante para o Parlamento”.
O especialista lembra ainda que os políticos têm usado as verbas de gabinete para contratar assessores que são seus cabos eleitorais sem qualquer qualificação profissional e com conduta que não merece respeito para exercer uma função tão importante.
LEI MAIS:
- Parlamentares terão quase dois meses de ‘férias’ em Manaus
- Ex-assessor que expôs vida íntima de Isabelle Fontenelle já está na penitenciária
- Jornalista Giuliana Morrone palestra para assessores da Prefeitura de Manaus
Não deixe de curtir nossa página no Facebook, siga no Instagram e também no X.