Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Cidades

‘Autoritarismo’, afirma grupo sobre decisão de David Almeida de exigir vacinação infantil

O prefeito quer obrigar a apresentação do cartão de vacinação para a volta às aulas, mesmo com alguns pais em dúvida sobre a imunização

‘Autoritarismo’, afirma grupo sobre decisão de David Almeida de exigir vacinação infantil

Foto: Reprodução

Manaus, AM – O direito à liberdade de expressão faz parte da Constituição Brasileira, além da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Desde que a vacinação contra a covid-19 iniciou em todo o mundo, surgiu uma guerra entre aqueles que querem a vacinação em massa e outros que são contra a obrigatoriedade da imunização. Em Manaus, isso não é diferente e, por essa razão, um grupo se reuniu para se manifestar contra o passaporte sanitário a fim de definir o “local” de quem é vacinado e quem não é, ideia do prefeito David Almeida, justamente aquele que teve a gestão denunciada por fura-fila da vacina no ano passado.

O Movimento Conservador Amazonas esteve na Câmara Municipal de Manaus na última quarta-feira (2), no retorno das atividades dos vereadores, que também contou com a presença do prefeito David Almeida (Avante). No local, o grupo destacou que os imunizantes não podem ser obrigatórios, pois ainda estão em fase experimental, com a sociedade ainda conhecendo os efeitos colaterais.

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A manifestação, inclusive, ocorreu um dia após o prefeito afirmar que o cartão de vacinação será obrigatório para o retorno às aulas, marcado para o próximo dia 14. Na ocasião, Almeida destacou que a decisão foi acertada junto ao secretário municipal de Educação, Pauderney Avelino, e a secretária municipal de Saúde, Shádia Fraxe.

“Com essa volta, se faz necessário que os alunos de 5 a 11 anos, que são mais 153 mil ao longo da nossa rede municipal de ensino, sejam vacinados contra a Covid-19. Hoje, temos apenas 12 mil vacinados, ou seja, menos de 10%. Então, vamos ter mais 14 dias para avançar nesse processo, pois vamos pedir aos pais o comprovante de vacinação das crianças. Isso se faz necessário”, enfatizou o prefeito.

Foto: Divulgação

De acordo com o vacinômetro da Prefeitura de Manaus, o município já vacinou 26.436 crianças de 5 a 11 anos, até esta quinta-feira (3). Na última terça-feira (1), o prefeito afirmou em entrevista para a TV Assembleia que Manaus tem uma das menores adesões à vacinação infantil do Brasil e, por essa razão, se fazia necessária a apresentação do passaporte de vacina nas escolas municipais.

O objetivo de Almeida é que todas as crianças apresentem o passaporte sanitário para retornar às escolas. Ainda segundo ele, são mais de 150 mil crianças matriculadas na rede municipal, que devem voltar a estudar nas próximas semanas e, se depender dele, todas vacinadas.

No entanto, o Ministério da Saúde deixou bem claro que a vacinação infantil não é obrigatória, assim também como a imunização de adolescentes e adultos. Porém, a exigência do passaporte sanitário fica a cargo dos prefeitos e governadores, no Amazonas, por exemplo, o passaporte não é exigido; porém, alguns locais pedem a carteira de vacinação, com pelo menos uma dose, para receber clientes.

Contra a liberdade

A manifestação realizada pelo Movimento Conservador do Amazonas criticou o prefeito David Almeida por exigir que as crianças voltem às aulas vacinadas. O grupo também vai promover um novo protesto, desta vez, na Ponta Negra, neste domingo (6).

O prefeito David Almeida tomou a decisão de exigir a carteira de vacinação de crianças sem levar em consideração a opinião da sociedade. O Ministério da Saúde, por sua vez, realizou uma audiência pública para ouvir a população em relação às vacinas contra a covid-19.

Por conta dessa falta de sensibilidade, os manifestantes pedem que, mesmo que a exigência continue, Almeida assine um documento se responsabilizando pelos efeitos colaterais causados em crianças que foram obrigadas a receber o imunizante para voltar às aulas.

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“Se a vacina é tão boa para as crianças, prefeito David Almeida, venha a público e assine um documento se responsabilizando por qualquer efeito colateral”, destacou o líder do movimento, Sérgio Kruke.

Foto: Divulgação

O líder afirmou que já procuraram as autoridades para pedir que a exigência não seja cobrada, mas somente um vereador se prontificou a ajudá-los. Vale lembrar que a maioria dos vereadores da Câmara Municipal de Manaus é a favor do prefeito, então, não rebatem as decisões tomadas por ele.

De acordo com ele, David Almeida está agindo contra a liberdade, já que nem mesmo o governo federal concorda com a obrigatoriedade da vacina. “Quando ele resolve, por ofício, decidir pelos pais se as crianças devem ou não tomar esse medicamento, é sim autoritarismo. O presidente da República mostrou publicamente que nem o Supremo Tribunal Federal e nem ele vão obrigar os pais a vacinarem seus filhos”, disse.

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Na manifestação do domingo também será feito um ”adesivaço” contra o “autoritarismo do prefeito”, a fim de destacar a revolta do movimento contra a exigência do passaporte sanitário infantil. “É uma forma de muitos que não podem participar das manifestações se expressar, como essa de colar um adesivo no seu veículo”, comentou.

Foto: Divulgação

Kruke ainda destacou que diversos pais já gravaram vídeos e áudios afirmando que não se sentem seguros para vacinar os filhos. Agora, com a exigência do prefeito David Almeida, o movimento embarca na próxima semana para Brasília para tratar sobre esse assunto na capital federal.

“Não vamos deixar a autoridade dos pais e nossa liberdade serem atacadas dessa maneira. Não somos contra a vacina, quem quiser, toma! O que somos é contra obrigar quem não quer tomar esse medicamento ser constrangido por isso. Não é sobre vacina, é sobre liberdade!”, afirmou.

Prefeito quer exigir

Enquanto o grupo reclamava da exigência das vacinas, o prefeito concedia uma coletiva de imprensa e pediu para que o grupo fosse investigado. Mais uma vez, David Almeida mostrou que não suporta o contraditório.

“Eu acredito que são as mesmas pessoas que fizeram aquele movimento para que abrissem, e a pressão foi muito grande, que nós passamos o pior momento de nossa história!”, afirmou, ao mencionar a crise de oxigênio em Manaus.

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“Não se quer briga ideológica, a gente quer proteger as crianças; mas temos que responsabilizar essas pessoas!”, continuou o prefeito de Manaus.

Ainda segundo ele, os pais que não vacinarem os filhos serão responsabilizados. “É responsabilidade do pai, da mãe, do responsável vacinal, eu só estou cumprindo aquilo que determina. Por sinal, recebi agora o Ministério Público se manifestando pela cobrança do passaporte sanitário”, explicou o prefeito.

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