Manaus, 12 de maio de 2024
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Cenário

Bancada do AM silencia sobre exploração sexual internacional de menores no estado

No mês marcado pelo combate à exploração sexual de crianças e adolescentes, deputados deixaram assunto importante fora da pauta

Bancada do AM silencia sobre exploração sexual internacional de menores no estado

(Foto: Divulgação/ Câmara dos Deputados)

Brasília (DF) – Dois dias após um esquema de exploração sexual internacional de menores repercutir nacionalmente, em denúncia apresentada no último domingo (21), pelo Fantástico, na Rede Globo, dos oito deputados federais e três senadores do Amazonas, somente um parlamentar se manifestou nas redes sociais sobre o ocorrido.

O caso ganhou repercussão após uma adolescente de 15 anos gravar o próprio abuso íntimo e expor um esquema de exploração sexual de menores comandado pelo empresário alemão Wolfgang Brog, de 75 anos. Ele tinha o aval da mãe da vítima para cometer os abusos que iniciaram quando ela era criança.

Apenas o deputado federal Fausto Jr. (União-AM) se manifestou, por meio das redes sociais, no dia seguinte da exibição da reportagem, afirmando que iria recorrer junto à embaixada alemã para pedir a prisão de Wolfgang Brog.

Apesar de não ter se manifestado publicamente sobre o caso de turismo sexual, o deputado federal Amom Mandel (Cidadania-AM) chegou a apresentar, no dia 12 de maio, uma proposta de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar de exploração e o tráfico de crianças e adolescentes no estado, após denúncia de crimes sexual cometidos contra jovens indígenas.

A proposta foi apresentada durante uma audiência pública que tratou do tráfico de crianças e adolescentes indígenas do Amazonas à Turquia. Durante a audiência, Amom destacou a falta de efeitos práticos dos órgãos competentes diante de diversas denúncias, ao longo dos últimos anos, relacionadas ao tráfico de crianças e a exploração sexual de menores em municípios nas fronteiras do Amazonas.

Além de ignorar a repercussão nacional do caso de exploração sexual de crianças e adolescentes no Amazonas, alguns parlamentares chegaram a se posicionar sobre o episódio de racismo contra o jogador de futebol Vini Jr., que repercutiu internacionalmente, como foi o caso dos deputados Capitão Alberto Neto (PL-AM) e Sidney Leite (PSD-AM) e do senador Eduardo Braga (MDB-AM).

Casos envolvendo a bancada

Filho do ex-prefeito de Coari, condenado e preso por exploração sexual, o deputado federal Adail Filho (Republicanos-AM) chegou a fazer uma postagem no início do mês com alusão a duas campanhas de conscientização: Maio Vermelho, sobre a hepatite, e Maio Amarelo, que visa à promoção de um trânsito mais seguro.

Entretanto, não fez menção alguma à campanha que combate o abuso e à exploração sexual de crianças e adolescentes: Maio Laranja.

O pai do parlamentar foi condenado, em novembro de 2014, a 11 anos e dez meses de prisão por manter local onde ocorria prostituição e submeter crianças ou adolescentes à exploração sexual, entre outros crimes.

Coincidentemente, os supostos casos de pedofilia, em Coari, também foram revelados em reportagens do Fantástico, da mesma forma que o recente episódio envolvendo a exploração sexual internacional.

O deputado federal Sidney Leite (PSD-AM) também já foi denunciado pelo Ministério Público do Amazonas (MP-AM), em 2016, pela acusação de estupro de uma menor de idade de 12 anos na zona rural de Maués, no interior do Amazonas.

Segundo o processo que corre em segredo no Tribunal de Justiça do Estado do Amazonas (TJAM), o episódio ocorreu em 2004, e a vítima, atualmente com 31 anos, chegou a se mudar com seus familiares para outro estado por medo de represálias.

Os detalhes do depoimento da vítima foram apresentados na denúncia feita pelo então procurador-geral de Justiça do Amazonas, Fábio Monteiro, em 2016, em um procedimento investigatório criminal.

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