Manaus, 4 de maio de 2024
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Cenário

Bolsonarismo e petismo: ideologias que seguem vivas na política

Ao Portal AM1, especialistas afirmaram que, apesar de menos polarizadas, as ideologias seguem se sustentando entre os eleitores.

Bolsonarismo e petismo: ideologias que seguem vivas na política

Lula e Bolsonaro (Foto: Fabio Rodrigues/ Divulgação/ Agencia Brasil )

Manaus (AM) – Quase um ano após as eleições presidenciais, a polarização entre pessoas que se denominam bolsonaristas e petistas continua, apontou o instituto de pesquisas Datafolha. Em Manaus, Bolsonaro (PL) venceu o pleito de 2022, mas perdeu na maioria dos municípios do Amazonas, que elegeu Lula (PT).

O levantamento, divulgado nessa sexta-feira (15), que entrevistou 2.016 pessoas em 139 cidades, nos dias 12 e 13 deste mês, apontou que 29% dos eleitores se dizem petistas convictos, enquanto 25% afirmam ser bolsonaristas raiz.

Conforme declarou a cientista política Liege Albuquerque, ao Portal AM1, embora ainda exista essa divisão entre os eleitores, a polarização é bem menor que durante o período eleitoral.

No entanto, ela lembra que a “desintegração da massa não ocorre pelo desaparecimento do líder”, referindo-se a Bolsonaro, que não está mais na presidência. “Quem é conservador, de direita, ainda está órfão de novo líder, mas não deixou sua ideologia de lado”, frisou.

Ideologia

O bolsonarismo é formado por apoiadores do ex-presidente Bolsonaro e defensores de pautas de cunho mais conservador, de direita ou extrema-direita.  Já os petistas são eleitores que, em sua maioria, são apoiadores de Lula, que por sua vez, defende pautas esquerdistas.

O professor e advogado Fabrício Paixão afirmou à reportagem que, de fato, ainda existe a “polarização no sentido ideológico”, mas que, hoje, há uma amenização natural por conta da “repressão estatal”. Porém, assim como a cientista, Paixão enfatiza que as pessoas não mudam de ideia em um curto tempo.

“Pessoas não mudam de ideias num curto lapso temporal. Numa análise das ideias colocadas em práticas ou expressadas, houve uma redução do ímpeto, fenômeno comum depois de um pleito acirrado. As eleições são momentos de instigação das expressões mais passionais”, destacou.

Ele frisa que, durante as eleições, as pessoas eram incentivadas, “não para uma escolha racional, mas para uma posição de torcida e guerra”, o que deve voltar no próximo pleito; porém, para uma pessoa mudar suas ideologias, requer tempo.

8 de janeiro

A reportagem também indagou os profissionais sobre os atos que ocorreram no dia 8 de janeiro – data em que houve invasão e depredação à Praça dos Três Poderes, em Brasília. Depois do ato, o bolsonarismo enfraqueceu ou se fortaleceu?

Liege enfatizou que sim, em parte, houve o enfraquecimento, porque as ações envergonharam os menos radicais, “mas os de extrema-direita que “passam com trator sobre regras e leis, continuam à espreita de próxima chance para radicalizar“, disse.

Já Fabrício Paixão, enfatiza que, após os atos, existiu um enfraquecimento no “campo das ideias, da prática das ideias, mas as ideias continuam, pois como ressaltou anteriormente, um posicionamento não muda por um evento”.

“Uma hora serão expressadas novamente. Força estatal intensa nunca foi eficiente em reduzir posições ideológicas. Elas ficam escondidas, até que a oportunidade apareça. E quanto mais o Estado agir apenas com política de repressão, maior será a chance de, no futuro, crescer o movimento. Lembrando que perseguição aumenta o grupo”, lembra.

Paixão argumenta que é importante diferenciar bolsonaristas de quem votou em Bolsonaro; já que, quem apenas votou em Bolsonaro, possa ser que “esteja envergonhado e rejeite o que aconteceu contra as instituições”. Mas o bolsonarista, não! Esse está sendo forjado para posições mais radicais futuras.

Bolsonaristas X petistas

O Portal AM1  pediu também a opinião de eleitores bolsonaristas e petistas para saber qual o posicionamento deles frente à pesquisa, se acham que o bolsonarismo perdeu força no Amazonas, bem como o petismo.

Para a pedagoga Lívia Araújo, pessoas com ideologias e pensamentos voltadas para esquerda sempre exerceram mais força para reunir minorias. Lívia acredita que os atos de 8 de janeiro “não tenham enfraquecido o bolsonarismo”, mas deu ainda mais fôlego à esquerda.

“Sempre teve muita força em questão de juntar as minorias e gritar mais alto que a direita . E a direita, por medo de se impor, acaba perdendo um pouco, por mais que tenham discursos favoráveis. Além, de serem fracos mediante a polêmicas, por não saber se impor”, destaca.

Já a jornalista Fernanda Lopes, petista, relatou à nossa equipe que acredita e percebe que a polarização perdeu a força, já que, hoje, não vê tantas pessoas doando tanto tempo, quanto há um tempo.

“Mas claro que não vou dizer que isso acabou completamente, visto que grande parte do eleitorado de ambas as partes segue intacta, mas, também vejo que as pessoas abriram mais os olhos para os erros, apesar de apoiar algum lado”, destacou.

Quanto aos atos de 8 de janeiro, Fernanda diz que esse foi um fato que fez com que parte da população ficasse contra a ideologia bolsonarista – o que a enfraqueceu de certa forma.

“Inclusive, vi uns dados alegando que cerca de oito em cada dez brasileiros desaprovaram a inovação e depredação das sedes dos Três Poderes. Sem contar que apenas 11% da população ficou de acordo com isso tudo [atos antidemocrático]”, finalizou.

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