Manaus (AM) – Nem Paulo Freire, nem Darcy Ribeiro. A figura escolhida pelos professores da rede estadual no Amazonas para reivindicar o reajuste salarial de 25% nas manifestações realizadas nesta semana foi a capivara Filó, que protagonizou um debate recente sobre a criação de animais silvestres fora do habitat natural.
Foi uma crítica ao destaque dado pelo caso na imprensa, nas redes sociais e no cenário político nos últimos meses, em contraponto a um suposto descaso a respeito da situação dos professores.
A categoria exige também reajuste no vale-alimentação e auxílio-localidade, cumprimento das progressões horizontais e verticais e plano de saúde para aposentados. A pauta inclui a retirada por parte do Governo da Ação Judicial e a negociação das faltas dos dias paralisados, com posterior reposição das aulas.
Desenhos e fotos da capivara ilustraram máscaras, camisetas, cartazes e até crachás nas manifestações dos trabalhadores em educação.
“Na manifestação dos professores na ALE teve cobrança para que houvesse ao menos 25% de apoio a causa, como teve de parlamentares que defenderam a capivara filo (sic). Lamentável que profissionais da educação não sejam valorizados. Sempre estive e vou continuar apoiando os professores”, escreveu o ex-deputado federal Zé Ricardo (PT) no Twitter.
“Engraçado que eu não vejo ninguém revoltado com a situação dos professores no Amazonas, mas quando era uma capivara queriam derrubar até o órgão público responsável”, compartilhou um usuário na rede social. “Cadê a deputada que luta, chora, e ameaça os órgãos públicos pelas minorias? Será que os professores valem menos que uma capivara?”, escreveu outro apoiador da greve, em referência à deputada Joana Darc (União).
A parlamentar promoveu uma mobilização em defesa do fazendeiro Agenor Tupinambá, “pai” da capivara Filó, que recebeu uma multa de R$ 17 mil do Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) após denúncias de supostos maus-tratos a animais.
O órgão também estabeleceu a entrega do animal ao Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama em Manaus, mas, sob pressão, o animal foi devolvido a Angenor.
Paralisação
Os profissionais vinculados à Secretaria Estadual de Educação (Seduc) entraram em greve na manhã de quinta-feira (18) após indicativo efetuado quatro dias antes. Uma decisão judicial determinou o fim do movimento paredista, mas não foi cumprida.
Ontem, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Amazonas (Sinteam) reuniu-se com o secretário de Governo, Sérgio Litaiff, na Assembleia Legislativa do Amazonas (Aleam). O Parlamento atuou como mediador na negociação.
A proposta de reajuste de 8% apresentada pelo Executivo, no entanto, não agradou o sindicato, que resolveu manter a paralisação.
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