Manaus, 17 de maio de 2024
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Manaus, 17 de maio de 2024

Cenário

Cenário incerto nas candidaturas ao Governo do AM pode influenciar número de candidatos

Cenários são bem incertos e dependem de muitas mexidas no tabuleiro político, matemática e estratégias para chegarem aos nomes para a disputa da cadeira de governador

Cenário incerto nas candidaturas ao Governo do AM pode influenciar número de candidatos

Foto: Montagem / AM1

MANAUS, AM – As candidaturas ao governo estadual ainda estão longe de ser definidas, isso porque há questões que devem ser observadas a fundo pelos estrategistas políticos, entre elas, a janela e a federação partidária e os impactos que elas vão causar ao pleito deste ano.

Nunca a matemática foi tão importante quanto será nas eleições de 2022 e os cálculos terão que ser feitos à “ponta do lápis” para que a estratégia não venha a afundar. As informações são do administrador e cientista político Afrânio Soares, que projetou alguns cenários políticos para o Portal AM1, entre eles, para presidente, governador, senador e para deputados federais e estaduais.

Sobre os pré-candidatos, Afrânio informou que os “jogadores” são praticamente os mesmos e que alguns nomes diferentes dos tradicionais começam a aparecer no “game político”. Entre os nomes avaliados, estão: Eduardo Braga (MDB); Amazonino Mendes (União Brasil); Ricardo Nicolau (Solidariedade); Wilson Lima (PSC); Plínio Valério (PSDB); Marcelo Amil (PCdoB); Carol Braz (PDT) e até o prefeito de Manaus, David Almeida (Avante).

“Os players que se encontram até este momento são basicamente os mesmos, com alguma variação que se colocaram no passado. Ainda tem aí um bom tempo para que realmente se confirme ou não. Aí tem que observar algumas questões, como por exemplo, quem tem cargo público tem que se descompatibilizar até março, a federação partidária e os impactos que ela vai trazer as siglas que vão federar e até mesmo uma fusão, se ainda houver, como a do Democratas com o PSL; mas acho que não deve acontecer mais fusão”, disse Afrânio.

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Confira os prós e contras de cada nome que vem se lançando como pré-candidatos ao Governo do Amazonas:

Amazonino Mendes

Amazonino está com 82 anos, e, se a sua candidatura vingar, será o político mais longevo em uma campanha eleitoral. Em seu favor, segundo Afrânio, tem a experiência em diversos cargos majoritários. Já o que pode ser contrário é justamente sua idade.

“Experiente: a seu favor, Amazonino tem as realizações dos seus mandatos anteriores e a experiência em todo tipo de situação: situação de crise, situação, enfim, de sucesso; na tempestade e na bonança. Contra si, ele tem a idade; é o único pré-candidato que já ultrapassou dos 80 anos, não acho isso um demérito, mas tem muita gente que acha, nesse caso”, avaliou.

Amazonino Mendes está em São Paulo, mas já avisou que estará de volta a Manaus. Foto: Reprodução / Instagram

Eduardo Braga

Para Afrânio Soares, se de um lado Eduardo Braga tem o apoio no interior do Amazonas, por outro, tem imagens ligadas a escândalos

“Temos o senador Eduardo Braga, que tem parte do seu eleitorado compartilhado com Amazonino – isso significa que, de certa forma, um atrapalharia o outro, se vierem concorrendo ao mesmo cargo. Ambos são cientes disso, então eu não creio que os dois venham sabendo disso, mas tudo é possível. Contra si, Eduardo tem questão de imagens ligadas à Lava Jato e a outras situações, que eu imagino que ele vai encarar de frente [sic] se vier realmente para tentar minimizar os efeitos”, afirmou Afrânio Soares.

Eduardo Braga
Para Braga a confirmação de candidatura ao Governo do Amazonas é o tudo ou o nada. Foto: Edilson Rodrigues/Agência Senado

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Plínio Valério

“Nesse cenário, temos aí também o senador Plínio Valério, que está começando a pensar mais seriamente nisso. Seria um player novo, assim como foi David Almeida nas últimas eleições, mas ainda não se sabe se realmente vem ou não. O Plínio tem em seu favor: não é inexperiente, mas também nunca exerceu um cargo majoritário, ou seja, agora exerce, mas não exerceu antes, um cargo executivo, de governador ou prefeito. Mas como ele mesmo dizia em sua campanha: ‘tenho o CPF limpo, não tenho processo, tenho carisma’, enfim, tem uma brecha que todos procuram que é mais ou menos assim, na minha opinião: tem gente que não gosta dos antigos por uma série de coisas, porque todo mundo fala de corrupção, todo mundo fala de tudo o que não deveriam ter feito, passou pelas mãos dos antigos e que eles chamam de ‘política velha’ e também tem um outro grande contingente que se acha que é a ‘nova política’, sem nada, sem experiência nenhuma e não deram certo. O David se encaixou no meio disso aí, a meu ver, e o Plínio se encaixa nessa brecha, talvez?!”, declarou Afrânio, informando que essa brecha não é comum de acontecer, mas a cada 10 a 15 anos ela surge.

Ainda sobre Plínio Valério, Soares disse que tem que observar de perto, pois o senador, se vier, cresce no desenvolver da campanha eleitoral; Amazonino se mantém ou até desce.

Plínio Valério: 'Arthur e eu estamos muito distantes um do outro'
Foto: Waldemir Barreto/Agência Senado

Wilson Lima

“Ele vem para sua reeleição e é legítima a pretensão de vir, ele só tem um mandato e vem para o segundo. A seu favor, ele tem umas ações sociais que estão dando certo. Contra ele, tem uma série de coisas que aconteceram, principalmente na condução da pandemia da covid-19. É defensável tudo isso? Até acho que é, dependendo do argumento, agora, tem muita coisa que ficou, eu digo assim … que ficou sem explicação para muita gente. Isso vai ser requentado para uma campanha, os outros candidatos não vão ficar olhando a ‘máquina’ crescer a candidatura do governador, com suas ações sociais que só o Estado pode fazer. A guerra vai ser toma lá-da-cá. Deve ter muita coisa apócrifa que vai circular por aí, mas seguramente, o governador vai ser um dos alvos dessa guerra toda. Ele é um player importante, porque tem a ‘máquina’ do Estado na mão e o interior, de certa forma, depende da máquina do Estado”, destacou.

Afrânio Soares também informou que o interior funciona com acordos com os prefeitos e todas as lideranças municipais, e esses acordos funcionam em torno das verbas, pois muitos precisam disso para crescer e desenvolver.

“O governador tem na mão uma máquina poderosa, mas precisa estar atento a esses detalhes no interior”, concluiu Afrânio Soares, afirmando que é muito raro estar com a “máquina’ e perder a cadeira.

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Wilson Lima buscará a manutenção do cargo por mais quatro anos. Foto: Diego Peres/Secom

Ricardo Nicolau

O deputado estadual Ricardo Nicolau também se apresenta nessa disputa como uma alternativa para combater os “velhos políticos” e a “velha política.” Afrânio também afirmou que, a exemplo de Plínio, Nicolau também entra nessa “brecha”, de nem sem experiência na política e nem experiente demais, a ponto de atrapalhar no desempenho nessa corrida eleitoral.

“Colocou seu nome à disposição. Eu conversei recentemente com ele e ele não quer vir mais para deputado estadual. Ele já está no quinto mandato e já fez de tudo no Legislativo estadual, e eu eu não vejo mais motivação para ele ficar, ele quer crescer. Ele deve lançar seu irmão, Hiram Nicolau a deputado estadual; deve vir com chance, pois eles têm um tipo de eleitorado específico e fiel, e Hiram deve ocupar a vaga de Ricardo e o Ricardo se coloca exatamente nessa via, na “brecha”, que é uma brecha no meio do caminho, que só pode ser ocupada, na verdade, por quem não é nem inexperiente e nem por experientes demais ligados a outros governos”, pontuou.

Ricardo Nicolau
Ricardo Nicolau deve colocar “lenha nessa fogueira” eleitoral. Foto: Danilo Mello/Aleam)

Outro destaque em torno do nome de Ricardo Nicolau é que ele terá o Grupo Samel ao seu lado. Afrânio Soares também alertou sobre as críticas que serão ferrenhas, mas tem pontos importantes como a tradição familiar na política. “O Ricardo vem aí para botar lenha nessa fogueira”, finalizou o cientista político.

Marcelo Amil

Já o advogado Marcelo Amil deve vir pelo PCdoB e Afrânio pontuou que o estilo dele é de falar com a esquerda e com as lideranças de esquerda.

“O Marcelo é um cara de esquerda mesmo e vai falar diretamente com a esquerda. É como ele deve agir. O problema é que de um modo geral, a esquerda está desgastada, apesar de o Lula ter saneado um pouco isso aí, após sair da prisão e com alguns processos cancelados”, avaliou.

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Amil terá que reverter a imagem da esquerda. Foto: Reprodução / Assessoria

Carol Braz

A defensora pública Carol Braz é a única mulher que já anunciou a pretensão de disputar a cadeira ao cargo de governadora do Amazonas. Para Afrânio, Carol tem inteligência e experiências em secretarias estaduais; porém, o cientista disse que contra ela pesa o apoio de Wilson Lima. Carol quase se candidatou à disputa da cadeira da Prefeitura de Manaus, em 2020.

Afrânio avaliou que, para ela reverter a situação, grande parte das mulheres teria de “comprar essa briga”, todavia, ele disse que isso não é um fenômeno natural em nenhumas das eleições.

“É um nome que vem com simpatia, por ser mulher. Ela tem a seu favor o fato de representar a classe feminina, pode se assemelhar à Rebecca Garcia, no passado ela fez isso; a Vanessa Grazziotin também. Mas ela tá ali, meio que sem tirar voto de ninguém, mas ela precisa garantir sua participação nos debates, nas redes sociais. Ela tem que entrar e não pode passar como ‘paisagem’ nessa campanha dela. Olha, a Carol tem que pagar para ver. Não dar para dizer até onde vai. Se as mulheres aderirem à Carol como um símbolo, como quase fizeram com a Rebecca em um dado momento, acho que a melhor chance seria essa [..] se não vai fazer um papel coadjuvante”, disse Afrânio Soares.

Afrânio ainda alertou sobre o fato de como a defensora vai fazer sua campanha. “Se ela se deslocar para o interior, quem a vai manter financeiramente? Visto que ela não tem ainda esse apoio. Ela tem que ter cuidado para não sair endividada dessa campanha.”, pontuou.

Carol Braz é a única pré-candidata

David Almeida

O nome do prefeito de Manaus até surgiu no “boca a boca”, porém, Afrânio descartou que Davi venha para o “tudo ou nada”, pois para entrar na disputa, teria que renunciar e entregar o posto ao vice-prefeito – o que o cientista não considera que seja feito, porque há um risco enorme de não ficar com a cadeira de prefeito e nem do governo.

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David teve nome cotado, porém deveria renunciar se caso fosse disputar a cadeira de governador. Foto: Divulgação