Manaus, 7 de maio de 2024
×
Manaus, 7 de maio de 2024

Cenário

CMM nunca teve uma mulher presidente; vereadoras não se interessam pelo cargo

O Porta AM1 realizou levantamento de dados sobre a participação das mulheres na política manauara e constatou que a CMM nunca teve uma mulher na presidência.

CMM nunca teve uma mulher presidente; vereadoras não se interessam pelo cargo

(Fotos: Divulgação/CMM/Montagem Portal AM1)

Manaus (AM) – A participação feminina na política brasileira ainda precisa ser ampliada, embora as mulheres estejam mais envolvidas nesta esfera atualmente. Mas, ainda falta muito para que elas cheguem a patamares altos, como por exemplo, assumir lideranças nas casas legislativas ou ocupar cargo de governo.

Dada a importância do assunto, o Portal AM1 fez levantamento entre os dias 15 e 16 de fevereiro deste ano e observou que, na política manauara, em 129 anos, a Câmara Municipal de Manaus (CMM) nunca teve uma mulher na presidência – o que demonstra a existência de desafios a serem rompidos e, para mudar essa realidade, é fundamental estimular o lançamento de candidaturas femininas, bem como apoiá-las.

Das quatro vereadoras eleitas em 2020, nenhuma concorreu à presidência da Casa nas duas últimas eleições para o cargo.

A reportagem entrou em contato com as vereadoras Glória Carrate (PL), Thaysa Lippy (PP), Yomara Lins (PRTB) e Professora Jacqueline (UB), com o intuito de questioná-las sobre o interesse de assumir a presidência da CMM, porém, somente Yomara Lins respondeu ao Portal AM1, que afirmou não ter interesse pela cadeira presidencial.

“Realmente, nunca teve uma presidente mulher, acho um absurdo isso. No momento, não tenho interesse”, afirmou a vereadora, sem mais detalhes.

Yomara Lins é a primeira vice-presidente da Casa e a primeira mulher a assumir como prefeita interina na história de Manaus. Ela foi prefeita em exercício durante uma semana, de 17 a 22 de fevereiro de 2023.

A vereadora, que é novata na política, com primeiro mandato, assumiu a Prefeitura de Manaus devido ao chefe do Executivo municipal, David Almeida (Avante), viajar. O vice-prefeito, Marcos Rotta (sem partido) e o presidente da CMM, vereador Caio André (Podemos), também viajaram naquele período, restando à Yomara a responsabilidade de assumir o cargo.

As demais vereadoras não se manifestaram até a publicação da matéria.

Única a disputar a presidência

Vale lembrar que, em 2017, a então vereadora Joana Darc (PR) foi a única mulher a disputar a presidência da CMM e recebeu apenas o próprio voto naquela eleição. Joana perdeu para Wilker Barreto, que naquela legislatura, havia sido reeleito para o biênio 2017-2018.

Na época, Joana Darc afirmou que resolveu se candidatar ao cargo porque o regimento interno da Câmara Municipal de Manaus não estaria sendo cumprindo no processo de eleição da Mesa Diretora, sendo que sua candidatura seria “pelo menos uma representatividade das minorias na Casa e na oposição”.

“A minha decisão veio quando percebi que só teria uma chapa e a escolha da presidência seria feita por aclamação. No processo democrático que a gente vive, acredito que a população de Manaus espera que haja uma votação. Haja, pelo menos, uma representatividade das minorias na Câmara e na oposição. Além disso, o regimento interno está sendo desrespeitado nessa eleição de presidência de Mesa Diretora, porque o atual presidente Wilker Barreto fechou uma chapa mediante acordo. Está previsto no regimento interno uma proporcionalidade de representatividade partidária e de representatividade feminina, que é 30%”, afirmou Joana à imprensa.

Representatividade

De acordo com dados do último Censo, realizado em 2022, a população do Brasil atingiu pouco mais de 203 milhões de pessoas, com aumento de 12,3 milhões desde a última coleta, feita para o Censo 2010.

Desse total, as mulheres representam 51,48% da população, e a Região Norte apresentou, pela primeira vez, uma população masculina menor do que a feminina (razão de sexo igual a 99,7).

Se os dados representam maioria feminina, na Região Norte, poderia ter mais mulheres envolvidas na política, no entanto, a participação feminina não chega a preencher as cadeiras separadas para a categoria constitucionalmente nas casas legislativas, sendo estas preenchidas por homens.

Vale lembrar que a participação das mulheres na política garante uma representação mais equitativa dos interesses e necessidades de toda a população. Em resumo, a participação feminina na política é fundamental para a promoção da igualdade de gênero, uma vez que faz parte da democracia e do desenvolvimento de políticas mais inclusivas e sensíveis ao gênero.

Embora ainda haja muito a ser feito para superar os desafios enfrentados pelas mulheres na política, os avanços realizados, até agora, são encorajadores e indicam um caminho positivo para o futuro. Mas, assim como em todo o Brasil, Manaus tem sua própria dinâmica política em termos de representação de gênero.

‘Avanços’

Conforme o histórico da política local, houve avanços significativos na participação política das mulheres na capital do Amazonas.

Pode até não parecer, mas as mulheres ocuparam cargos de destaque, como prefeita (Yomara Lins), e têm sido eleitas para a Câmara Municipal, contribuindo para a formulação de políticas locais e para a representação dos interesses das mulheres na cidade, mesmo com apenas quatro vagas no Parlamento. Por isso, é esperado que, em 2024, as candidaturas femininas possam superar as últimas eleições.

LEIA MAIS: